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O Ouriço

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Uma imagem vale mil palavras???

João Palmeiro 23 Mai 13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hà 15 dias, dois diários portugueses noticiaram uma perseguição policial, depois de um assalto que tinha originado dois feridos e com as diferencas próprias dos seus estatutos editoriais os factos batiam certos, mas... numa mais atenta análise, as noticias que em ambos os casos ocupavam pouco mais de meia página, AS FOTOGRAFIAS NÃO! (pode o leitor passar pela experiência nas fotos em anexo, e tentar um quiz em que, comigo, em cinco participantes só um deu pela diferença). Olhe então bem (como no velhinho "sê bom observador" do saudoso Diário Popular) e repare que, entre o texto e a imagem, só o enquadramento de um acidente ferroviário é igual, tudo o resto é diferente, o local, a viatura acidentada e o comboio (uma automotora nos dois casos é verdade) são muito diferentes. Não fora eu um “train spoter” e um treinado leitor de jornais, não teria reparado na diferença, mas um comboio é azul e o outro verde!!! E num caso a carrinha está virada e no outro esmagada!!!! Tenho perguntado a mim próprio (e a alguns colegas administradores de jornais) se aquelas fotos publicadas deveriam ser mera ilustração ou se faziam parte integrante da notícia e da credibilidade da informação. Parece evidente que, num dos jornais se trata de uma foto tirada no local do acidente e, no outro, de uma imagem de arquivo; assinada num caso e no outro não; e, por isso ponho à reflexão dos meus leitores saber o que esperam da imagem e portanto avaliar a promessa do editor. 1. Neste mundo digital a imagem assume, ou a importância de nos trazer à realidade ou a oportunidade de nos dar uma explicação - seja concreta ou criada. 2. Por isso o Estatuto Editorial de uma publicação é cada vez mais importante, pois é aí que o editor e os jornalistas desse suporte de informação profissional têm de prometer aos leitores como resolver situações em que a fotografia é essencial para a compreensão da notícia; neste caso, uma das redações esqueceu-se de indicar que a foto era de arquivo, a não ser que... 3. Um leitor (bem intencionado e train spoter como eu) tenha mandado uma foto de outro acidente, enfatizando assim a sua participação na feitura da notícia... 4. Depois de ter andado às voltas com esta questão, decidi pôr de parte o meu espírito observador de comboios e eleger a questão da assinatura da foto como a central, quer enquanto provedor quer, e por isso a mais importante para o leitor, quer enquanto defensor de modelos de autoregulação dos conteúdos jornalísticos. 5. A assinatura de uma fotografia, obrigatória, está prevista em qualquer estatuto editorial, contrato de trabalho de um fotojornalista e no Estatuto do Jornalista em Portugal. Não é por isso indiferente ou um mero preciosismo. Não indicar a pertença da fotografia (a sua autoria) é uma falha face ao direito de autor, face aos estatutos legais e face à confiança prometida e reciprocamente pedida ao leitor (quando refere o facto e compra a publicação). 6. Assim no caso que vimos analisando, a principal questão para a Provedoria é a questão da assinatura da fotografia (indicação de créditos), que no caso vertente poderá traduzir-se apenas na discussâo sobre que tipo de assinatura deve ser feita quando utilizamos uma fotografia sem referência de autoria, quer face ao direito de autor (a questão das obras orfãs) quer quanto à necessidade da identificação do seu conteúdo editorial. E esta questão está principalmente relacionada com o papel da edição responsável e da participação de contributos dos leitores (ou cidadãos repórteres). Quem é o responsável por esta situação contraditória em que o mesmo acidente, com impacto numa notícia do tipo caso de polícia, é retratado por duas imagens diferentes, embora com elementos gráficos semelhantes mas em que alguns não correspondem à realidade daquele acidente, e, qual é a importância dos elementos que constituem a realidade no acto jornalístico, neste caso em que a matéria central da notícia não é o acidente ferroviário mas um caso de policia, amplamente descrito, em que o acidente ferroviário condiciona o desfecho mas não é nuclear aos factos descritos, um assalto a uma bomba de gasolina! A resposta a esta questão é fundamental numa época em que a concorrência da informação determina a importância dos conteúdos e em que a participação de cidadãos reportéres parece ser um elemento decisivo para a dianteira dessa competição, cada vez mais alicerçada na informação de proximidade. A não ser que seja apenas uma questão de preguiça e de incompetência na gestão e na busca de arquivos e bases de dados nesta época em que a comunicação de dados (na fotografia) é mais importante do que a comunicação social (factos e informações de relevância social).

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Provavelmente a notícia publicada pelo jornal Público sobre a morte da enfermeira que deu informações sobre a duquesa de Cambridge não é das mais importantes do mundo. Por essa razão o artigo recebido na redacção do diário Português, directamente da agência Reuters, foi quase de certeza entregue a um estagiário. A ordem dada pela chefe deve ter sido qualquer coisa como isto: "pega lá nesta peça e traduz isto para Português". E assim foi. Acontece que o jornalista ou a jornalista responsável pela versão doméstica nem sequer soube ligar os pontos do artigo e torná-lo um "pouco mais relevante" para a matriz histórica e cultural de Portugal. Escreve (traduz) o jornalista que "as autoridades do hospital, citadas pela BBC, consideraram Jacintha Saldanha  - de ascendência indiana, mãe de dois filhos" (...). De ascendência Indiana? É óbvio que o apelido Saldanha é de origem Portuguesa. Talvez o jornalista responsável pela peça nunca tenha ouvido falar no Império Ultramarino Português e os filhos deixados no sub-continente Indiano. Pode ser que assim não seja, mas a enfermeira de nome Jacinta Saldanha parece ter relação com um ou outro Saldanha. Em suma, em jeito de leitor irritado pela falta de brio do alegado jornalista, qualquer que seja a matéria a noticiar, existe sempre a possibilidade de acrescentar mais uma dimensão aos factos apresentados. O "profissional" que "não assina" a versão Portuguesa revela falta de brio ou ignorância em relação à própria história do seu país. 

 

(publicado em primeira mão no blog Caleidoscópio no mesmíssimo formato!)

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Mau Jornalismo

Mendo Henriques 11 Jun 12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É  difícil fazer uma primeira página tão estúpida quanto esta

1. Espelha o provincianismo português de que a notícia mais importante do dia vem de fora

2. Esquece na manchete que Rajoy mentiu, ao dizer antes de partir para a Polónia que não seria um resgate

3. Dá um um ar de imponência ao anúncio que na realidade foi feito pelo ministro da economia espanhol

4. Alguma vez a redação do Público se lembrou de comparar os pequenos anúncios do resgate português feitos por el Mundo e el Pais.?

 

Em resumo, imagem descontextualizada da verdade e dos interesses nacionais. Mau Jornalismo, desta vez.

 

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