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Blogosfera que Pica
João Palmeiro 7 Mar 12
A revista Science publicou no ano passado um estudo sobre a atenção e a memorização da informação dos utilizadores do Google.
Deixando para os mais interessados os pormenores, este estudo -www.medcentro.com.br/noticias/noticiasdescricao.asp? ... - realizado a partir da asserção empírica de uma professora que, num impulso, consultou o Google para responder a uma pergunta de um concurso televisivo e deixou cair um comentário ao marido, “como teríamos obtido a informação sem o Google?”.
O estudo demonstrou que, em circunstâncias idênticas, a forma como obtemos, procuramos e memorizamos informação quando utilizamos o Google, é totalmente distinta de quando o não fazemos. E pode mesmo tornar a memória mais preguiçosa, pois o Google actua como um poderoso auxiliar de memória.
Mais importante do que ser um predador para o negócio dos media, o Google – e os outros motores de busca – está a modificar a relação entre o leitor/cidadão/consumidor e o órgão de comunicação social responsável pela notícia. E esta relação constitui a base do sistema da liberdade de Imprensa e consubstancia da contrapartida da protecção especial aos jornalistas enquanto acesso às fontes e da responsabilidade dos editores.
Um jornal (e tanto faz ser em papel como electrónico, estático ou com imagens em movimento) é uma obra colectiva, um conjunto de informações, que constituem a visão do mundo, próximo ou distante. È o contrário da agregação que se faz por temas, palavras-chave ou interesses. Uma notícia isolada de um jornal nunca é toda a informação que o jornal dá, pois o local de colocação, a dimensão – e até as notícias ao lado, acima e em baixo, podem fazer parte da própria informação, não directamente sobre os factos da notícia mas sobre o ambiente geral ou local em que a notícia se insere.
Urge agora procurar compreender os efeitos desta nova forma de obter informação noticiosa em que a edição vem sendo substituída pela agregação ou segregação de conteúdos de informação.
A influência do modelo Google se não for compreendida e regulada, criará um modelo paralelo de liberdade de Imprensa, que se tornará concorrente da noção que temos de jornal e, dada a facilidade com que actua nos hábitos de leitura, poderá tornar-se no paradigma da nova comunicação social, agora transmutada em comunicação de dados (agregados).
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