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O Ouriço

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Atenas arde

Artur de Oliveira 12 Fev 12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A explicação sobre as causas da crise grega e da União Europeia aqui e aqui também... Lêr também a análise de Francisco Cunha Rêgo sobre as manifestações em Portugal neste post.

 

 

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S. Valentim deixou de ser Piegas

Faust Von Goethe 12 Fev 12

Ouvi dizer que o S. Valentim resolveu deixar de ser "piegas" e decidiu mudar de nome: Para S. Valentão!

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Almoço de homenagem a Paiva Couceiro

Artur de Oliveira 12 Fev 12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Boa tarde.

Pediu-me a nossa querida amiga Maria João para vos dizer algumas palavras sobre Henrique de Paiva Couceiro na ocasião deste almoço em que se comemora o 68° aniversário da sua morte.
Não podendo, infelizmente, estar presente, foi evidentemente com enorme prazer que preparei uma curta revista de imprensa desse já longínquo mês de Fevereiro de 1944, em que mais de 40 jornais diferentes do país e mesmo o ABC de Madrid, publicaram artigos sobre Paiva Couceiro, na maior parte dos casos acompanhados de uma ou várias fotos do Comandante.
A maior dificuldade que se me deparou foi portanto a de escolher – na abundância de documentos que contém este dossier que há pouco começara a examinar – alguns títulos e frases de maior interesse.

Começo pois com uma expressão típica de Paiva Couceiro, quando sabia que devia ser breve: “vamos então ao assunto”!

O jornal “Aléo”, na sua edição de 17 de Março de 1944 dedica as suas 24 páginas à morte de Paiva Couceiro, começando, na primeira, com a célebre frase de D. Duarte Nuno:

"A minha profunda admiração pelo herói nacional Paiva Couceiro, filia-se simultaneamente na sua bravura de militar e na sua coragem moral demonstrada pela aceitação plena de todas as consequências das suas atitudes e acções”

In Aléo do mesmo dia, encontramos artigos de variadas personagens como por exemplo:

· João de Azevedo Coutinho: à "Henrique de Paiva Couceiro - UM HOMEM"
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· D. João de Almeida: à "RECORDAÇÕES"
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· Hipólito Raposo: à "A Espada e a Honra" - “E em tempos de tão confusa e dolorosa provação, é consolador de esperança e confiança esse impulso do mais espontâneo sentimento público, na homenagem a um homem tão rico de honrada pobreza que ninguém podia igualar em inconformidade, desinteresse e renuncia pessoal, por bem da Nação.” .... “Grande, opulenta herança deixou esse Soldado e Sonhador – uma espada, em cuja lamina cintilaram rubros clarões de epopeia e um prestigio de honra sem mancha que há muito dera à sua vida um inestimável valor moral, para o rendido respeito de todos os portugueses, dignos de tal nome.
Rapazes: Aí tendes uma lição para aprender e um exemplo a seguir. Os vossos anelos de servidores da Pátria tornai-os sempre dignos daquela sincera comoção com que foi levado para a sepultura um dos soldados mais despresadores da morte que o Sol de África beijou e sagrou para a imortalidade.” 
· 
· Eurico Satúrio Pires: à "História de uma Espada e de um Soneto"
· Delfim Maya: "Os grandes paladinos nacionais”
· Luís de Almeida Braga: "De todas as Histórias é a História Contemporânea a mais difícil de entender. Esquecido por uns e desprezado por outros, Paiva Couceiro parecia morto em vida, e eis que a morte verdadeira o restitui à Pátria! Pobre terra, onde só na sepultura os homens são grandes!"
· Visconde de Torrão: "Paiva Couceiro - Homem moral"
· Francisco Quintella (Xavico): "O Sonho e a Vida de um Soldado"
· Conde de Valle de Reis: "Mortos da Pátria! Sentido!”
· Fernando Amado: "Morreu o Comandante"
· Tomaz de Figueiredo: "Velada mortuária, velada de armas..."
· Luiz Leite Rio: "Couceiro, Construtor de Império”
· Da redacção de “Aléo”: à "Paiva Couceiro não foi discípulo de ninguém. Foi MESTRE de todos."

Entre os títulos mais sugestivos dos outros jornais, notei os seguintes:

· “Diário da Manhã”: “A Morte de um Soldado”
· “Jornal de Notícias”: “Glorioso soldado e grande colonialista”
· “Diário de Lisboa” : “Uma vida de aventura e glória”
· “A Voz”: “A morte do Comandante”
· “Diário Popular”: “Ilustre Militar, Exemplo de coragem, dignidade e constância”
· “A Voz”: “A Morte do Herói”
· “Comércio do Porto”: “Grande Herói da nossa epopeia africana”
· “A Voz”: “Prestigioso militar e insigne colonialista”
· “Jornal de Notícias”: “Um grande português, notabilíssima figura de militar e de colonialista célebre”
· “Correio da Manhã”: Uma Figura Nacional”
· “A.B.C. – Madrid”: “Una Vida de Leyenda”
· “Ecos de Sintra”: “A Morte do Leão”

Os títulos que acabo de citar são títulos de artigos de fundo, certamente da autoria do director do respectivo jornal.

Passo em seguida a citar alguns dos textos que mais me emocionaram:

1. No cemitério dos Prazeres, durante a cerimónia fúnebre, disse o Conselheiro António Cabral, antigo Ministro da Marinha e Ultramar: 
“Como soldado, foi herói em Marracuene e em Magul; como colonial serviu, como nenhum outro, a província de Angola; como político, foi sempre fiel à sua bandeira e ao seu Rei; como Português, foi uma das mais altas figuras da nossa vida contemporânea, amando acima de tudo a sua Pátria”.

2. 1944-2-11 in « Diário Popular », passagem de um artigo sem assinatura:

“Morreu Hoje PAIVA COUCEIRO – Ilustre Militar, Exemplo de Coragem, Dignidade e Constância”.

Com Paiva Couceiro desaparece o ultimo sobrevivente de uma geração que as próprias condições da vida actual não se consentem se renove.

Coragem temerária, desinteresse total de benesses materiais, amor sem limite ao perigo e à gloria, integridade de carácter, fidelidade imutável, juventude que os insultos do tempo não atingem – eis, em resumo desbotado e rápido, os traços dominantes dos homens dessa geração, nos quais a alegria acompanhava a temeridade, a gentileza caminhava de par com a energia, o brilho do espírito iluminava a força do braço.

Paiva Couceiro foi, sempre, em síntese literária, o descendente lusitano do Cid Campeador, do místico Nun’Alvares, do fidalgo du Guesclin.

Centenas de anos atrás, Couceiro teria sido Condestavel. Assim, foi o que na realidade sempre são tais homens – um Exilado.

Mais adiante:

Morreu Paiva Couceiro.

Hoje foi a enterrar um dos últimos portugueses que a lenda envolveu e aureolou. A sua vida foi uma cadeia maravilhosa de rasgos e aventuras. Vida longa e cheia. Chamaram-lhe o “Paladino”, o “Comandante”, o “Bayer Português”, o “Capitão Fantasma”. António Enes chamou-lhe “Leão de Combate”.

Ou ainda:

1944-2-16 in “Gazeta dos Caminhos de Ferro”

“Comandante Paiva Couceiro


Morreu alguém. Morreu o herói das campanhas coloniais; morreu um honrado soldado que cobriu de glória o exército português, morreu o paladino de uma causa que sempre defendeu com denodo e altivez; morreu um político, sim, mas em quem os seus adversários admiravam um carácter nobilíssimo; morreu, finalmente, um homem de bem, que acima de tudo colocou a imagem da Pátria e a obrigação de a servir.”

Tantas palavras bonitas, tantas verdades ditas por grandes Portugueses cuja idoneidade não pode ser posta em causa!...

Devo confessar que me apaixonei por tudo o que li neste dossier, como em tantos outros, e que teria, com imenso gosto, continuado a citar-vos, noite fora, tudo o que me maravilhou.

Mas o tempo não é elástico e por isso me limitarei a mais algumas palavras publicadas no jornal “Domingo” de 20 de Fevereiro de 1944:

... - É que nessa figura espantosa de soldado e de herói, perfil quase de lenda, última flor da cavalaria que desabrochou e viveu na terra de Portugal, simboliza-se, mais que em qualquer outra, toda a grandeza heróica e magnífica, esbelta e luminosa desse período em que, à custa de mil sacrifícios, de incontáveis dificuldades, foi possível a um punhado de homens desprovidos dos mais rudimentares elementos, das mais comezinhas condições, erguer e consolidar o vasto Império, projectando Portugal no Mundo.
... o intemerato Português que logrou ser a melhor e mais lídima expressão das virtudes da Raça, num tempo em que o abastardamento do carácter, o desprezo pela lealdade, o esquecimento do respeito à fé jurada foram infelizmente o timbre, a marca duma sociedade em decomposição.
Duma integridade moral que jamais foi excedida e desgraçadamente bem poucas vezes tem sido igualada, Paiva Couceiro foi principalmente e acima de tudo, um grande carácter e por isso mesmo a figura ideal de Português sem mácula que viveu deslocado no seu tempo. Alma de elite, poucos como ele tiveram em tão alto grau o culto da Honra e do Dever.

E por aqui me fico, ainda com muito para contar, mas, como dizia Pedro de Alferrara, no jornal “Domingo” de 20-2-1944:

“.... era assim este homem duma só fé e duma só lei, cuja estatura só se compreenderá em toda a sua completa grandeza no dia em que dele se disser aquele muito, imenso mesmo, que ainda há para dizer”.

Para terminar queria dizer-vos que a responsabilidade da escolha do assunto é toda minha; alguém disse um dia que os “heróis não morrem”, por isso, ao publicar o que admiradores, amigos e mesmo inimigos disseram de Paiva Couceiro na hora da morte, faço-o com a sensação que ele está bem vivo no meu espírito, como também estará, possivelmente, no vosso.

Ele que não tinha medo de nada, nem da morte, dizia poucos dias antes de morrer: “estou cansado da vida, e estou pronto para ir para junto de Deus, meu único Rei e Senhor”.

Estou portanto certo de que, para Paiva Couceiro, a morte foi mais uma vitória; e, quando se viveu bem, o caixão é um arco de triunfo!

Para todos os presentes um abraço sincero.

Miguel de Paiva Couceiro.

Crans, 8/2/2012

 

 

 

 Vejam as  fotos do almoço aqui

 

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300 mil razões

Francisco Cunha Rêgo 12 Fev 12

Ontem foram 300 mil pessoas dispostas a manifestar-se sobre as condições miseráveis de vida, que muitos sofrem desnecessáriamente e sem culpa nenhuma. Não conheço trabalhador por conta de outrém que, para ter um empréstimo, não tenha apresentado IRS actualizado e outras garantias reais que as Instituições exigiam como suficientes. Com raríssimas excepções, não assaltaram ninguém para ter casa, ou carro, ou..... Enquanto grandes jogadas financeiras foram feitas com recurso a expedientes, como colecções de moedas de valor duvidoso, que permitiram enriquecer mesmo sem quase nada fazer ou arriscar. Num tempo em que já não se pode dizer que é apenas o Partido Comunista a única origem dos protestos, corro o risco de ser herege dizendo que, hoje, o PCP é um dos poucos defensores lúcidos do capitalismo, ao defender que não é com ordenados de pobreza e pensões de miséria que se pode falar em vida digna, e que é necessário apoiar, não só com dinheiro mas com uma Política, os agricultores, os pescadores e a Indústria. É que estas condições afectam também a economia de mercado, onde o lucro faz mover tudo. Para além do trabalho, é o consumo que sustenta as empresas e os impostos. Excepto em regimes autoritários.

A Alemanha tem alguma razão nas preocupações, mas não nas receitas, pois os desmandos Estado/Empresas dos ultimos anos foram maus e vão custar a recuperar, por falta de rentabilidade, como o futuro já não esconde. A separação entre Estado e Igreja, exigida no passado por ser nefasta a ambas instituições, hoje tem equivalência na necessidade de separar Estado e sector privado. Os males da sua fusão estão à vista. Seria melhor ter, como nos EUA, uma politica clara para os lóbis e uma legislação forte, com a Justiça a funcionar, contra os monopólios que esmagam a livre concorrência.

Fazer ajustes de tesouraria apenas paga as despesas correntes. É preciso olhar para o horizonte e assumir os riscos de decidir o que maturadamente vemos que vai melhorar agora a vida das pessoas, que são quem faz as Instituições. No futuro, tudo o resto ficará de fora. A pobreza tem destas coisas. Não vai haver margem para os erros grandes que se fizeram, pois o risco é de morte. E o pior ainda está para vir. O débito só se reduz com crescimento económico, algo que ainda não acontece. A produtividade tem de andar de mão dada com investimento, para não se traduzir em nova escravatura. Para isso o Estado só deveria cortar no Orçamento depois que o sector privado, incluindo a Banca, fizesse os seus cortes de ajustamento e tivesse condições para crescer. Se os pratos da balança descem os dois ao mesmo tempo, então estamos a afundar. Ontem houve 300 mil razões para ver isso.

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