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O Ouriço

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Música que Pica #9

Faust Von Goethe 9 Mai 12

Dedicatória de hoje vai para Vítor Gaspar, pela célebre frase de hoje no parlamento: "Não minto, não engano, nem ludibrio os portugueses"




"Everybody lies. Me? I don't lie". Dr. House


Adenda: O mérito desta saída sarcástica é de Pedro Santos Guerreiro. Admito que delitei do mural de FB dele. Espero que não se importe.

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Ainda o BCE e o 123

Mendo Henriques 9 Mai 12

Os Bancos Centrais  são sempre emprestadores de último recurso aos estados soberanos. Há mecanismos para obrigar o BCE a encetar outra política, apesar do artigo nº123 do Tratado de Lisboa.  As explicações de Willem Butter são indispensáveis ( Pode-se deixar de lado as equações  como trufas raras para connoissseurs).Mas outra política é possível se e só se surgirem estadistas europeus dignos do nome!

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Itália não esquece bunga-bunga

Mendo Henriques 9 Mai 12

Silvio Berlusconi é um símbolo europeu de que " a festa acabou" 

O seu julgamento no caso "bunga-bunga" avança em Milão e é relatado diariamente. As gravações e transcrições de conversas telefónicas entre o 'Papi' (Berlusconi, não o Papi líbio, esse está morto) e as Olgettine (o substantivo refere-se ao bloco de apartamentos em Milão, em que as meninas do Papi eram alojadas) pode ver-se aqui (La Repubblica). A justiça italiana não será meiga, não. 

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Drama e Drachma

John Wolf 9 Mai 12

 

Se a economia real de um país ou região não é capaz de gerar por si, a inovação, o investimento, o crescimento, o emprego, a oferta e procura de bens e serviços, o consumo público e privado, a estabilidade de preços, as receitas fiscais e a despesa pública de um modo cíclico, não me parece que a austeridade seja a receita indicada. Embora não o queiram admitir, por razões de ordem histórica e cultural, o aumento da base monetária será o caminho a tomar pelo Banco Central Europeu. O caminho será escolhido mas será intensamente indesejado por receio da geração de inflação desenfreada. Contudo, o problema não tem tanto a ver com o fabrico "industrial" de dinheiro, mas com a canalização. Ou seja, a relação entre as instituições bancárias europeias e os "rebentos" de empreendedorismo que conduzem ao crescimento económico. O fluxo de capitais de uma condição passiva para um estatuto activo. O combustível para que se possa fazer deflagrar a chama do crescimento.

A Europa, a União Europeia (UE), em suma, o establishment europeu, tem demonstrado uma falta de entendimento dos pressupostos económicos. Se os bancos não emprestam por temerem as perdas de "gastos escaldados", no outro lado do campo resvalado, os empresários não conseguem deitar mão a meios financeiros que permitam a continuidade dos negócios, ou numa base optimal, no próprio start-up de empresas que possam restituir um pouco de vantagem económica. Encontramo-nos deste modo, num impasse, no fosso que separa a possibilidade de retoma da recessão prolongada, que em certos países já assume a forma de depressão. O modo como os políticos irão congeminar a injecção de dinheiros nas economias patologicamente afectadas, será a questão fulcral dos próximos tempos. A Grécia necessitará de mais meios para se manter à tona. Portugal provavelmente seguirá o mesmo caminho. Se os dadores, que serão confrontados com as exigências de mercado, de Espanha e França, entre outros, não estiverem dispostos a conceder mais "prestações" com retorno incerto, não será de excluir, a breve trecho, decisões unilaterais de países membros da UE. Há quem afirme que até o verão a Grécia abandonará o euro. E isso será simultaneamente um drama e um drachma.

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Os mercados financeiros europeus caem mais um pouco todos os dias. A Espanha caminha para o abismo do resgate. O certo é que se aproxima mais um momento de verdade da Europa amarrada ao bezerro de ouro. E quem anda a apregoar políticas  para salvar a Europa sem encarar o artº 123 do Tratado de Lisboa, anda a enganar-se a si mesmo e quem o escutar.

É neste contexto que a eleição de François Hollande e a “deseleição” do PASOK e da NEODEMOKRATIA têm um mesmo significado. Os dois países realizaram referendos sobre a estratégia económica europeia e o resultado foi “Não”. Não serve. Não presta.

Ouvem-se outras coisas . Os s governantes e media ao serviço dos mercados financeiros retratam o cauteloso François Hollande como uma ameaça. "Perigoso", segundo os neo-liberais do The Economist... Hollande " acredita genuinamente na necessidade de criar uma sociedade mais justa". Oh ! Que escândalo!

A vitória de Hollande e a derrota do Pasok e ND significa o fim de "Merkozy", o eixo franco-alemão que aplicou o regime de austeridade nos dois últimos anos. Os eleitores da Europa querem outra coisa. Querem emprego e crescimento. Cortar gastos em uma economia deprimida apenas aprofunda a depressão. E consumidores e empresas gastam cada vez menos, 50% menos se possível, como nos saldos do Pingo Doce.

Ouve-se que a Irlanda foi um bom aluno com a sua austeridade cada vez mais dura. Mas os custos de empréstimos pela Irlanda continuam muito mais altos que os de Espanha, Itália.  Ouve-se que a Alemanha recuperou desde 2000 mas não se diz que isso resultou de um enorme superávit comercial ante os outros países europeus - em particular, os PIIGS -   que tinham então uma expansão com alguma inflação, graças às baixas taxas de juros.

Alternativas? Os cínicos já falam do desmantelamento do euro que permitiria a médio prazo, a cada país recuperar a competitividade de custos e incrementar as exportações. Mas além de mau negócio, seria uma enorme derrota para o "projeto europeu", o esforço de longo prazo para promover a paz e a democracia mediante a integração.

Alternativas? O reforço do Banco Central Europeu com a anulação do artigo nº123 do Tratado de Lisboa e a possibilidade de o BCE emprestar aos Estados e seus organismos e não apenas à banca comercial. Mas isso exige uma atitude redistribucionista, à maneira de Lonergan, que parece fora do alcance das capacidades intelectuais e morais dos atuais mandantes da Europa, amarrados ao bezerro de ouro.

Uma dura batalha de sombras vai começar entre Hollande e Merkel, à sombra dos entendimentos entre Hollande e Sigmar Gabriel. Talvez Merkollande fique pelos eurobonds, como moeda de trodca de não mexer no BCE. Mas terá que se chegar ao artº 123 do Tratado de Lisboa. Talvez com outros protagonistas.

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Com a adesão à zona Euro, muitos dos governos-na eminência de violarem a regra de ouro para o défice (não além dos 3%), tiveram de contrair dívida público-privada, assegurando os privados uma parte do investimento.

Talvez isso explique porque a dívida pública tem vindo a aumentar exponencialmente de 2001 para cá (vésperas de entrada em circulação do euro):
Curiosamente, desde a nossa entrada na zona euro, a dívida pública Portuguesa está [muito] próxima das dívidas públicas francesas e alemã, assim como da média da zona euro:
Depois da minha curta explicação exploratória com recurso a dados concretos, gostava que pessoas como a Maria Teixeira Alves do blogue colectivo Corta Fitas, me explicassem como será possível, nas condições do actual pacto orçamental assinado em Janeiro passado, que a dita austeridade [com direito a sanções aos ditos infractores]os países da zona euro, em particular os periféricos, voltem a crescer assim como baixar a sua dívida pública com a actual carga fiscal, que provoca, entre outras coisas, uma quebra da receita em termos de IRC.Já nem falo nos cortes salariais. 
Já agora, que me explique(m), onde se encontra a contradição entre controlo do défice contrabalançado com algum,controlado e bem medido, aumento [artificial] da inflação, como forma a potenciar, em particular, o investimento privado.
Por acaso, até temos em Portugal um bom exemplo de investimento privado, criado nestes moldes, que benificiou , nos finais dos anos 80 e princípio dos anos 90, com a desvalorização artificial do escudo (a dita emissão de moeda), contribuindo assim para se estabelecer em Portugal assim como criar de empregos na economia real: A Auto-Europa.
Já o mesmo não podemos dizer da privatização da EDP...
Adenda:  Em 5 anos de Eliseu, Sarkozy, um dos grandes defensores das políticas de austeridade, deu-se ao luxo de aumentar a dívida francesa em cerca de 600 mil milhões-dá uma média de 120 mil milhões de euros por ano. 

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Depois da crítica a Boaventura Sousa Santos pela sua entrevista ao Jornal i, Camilo Lourenço volta a apontar baterias ao [Dr.] Soares, também pela sua entrevista ao Jornal i

 

Sobre esta crónica, tenho apenas duas observações a fazer:

  • Camilo Lourenço, entre outros, ainda não perceberam que [Dr.] Soares é daqueles [dinossauros] políticos que gostam que falem dele, mesmo que falem mal. É sinal de que ainda está vivo e que [ainda] incomoda muita gente!
  • O recente elogio de Schäuble a Gaspar-não que não o merecesse*- faz parte de uma guerrilha de rapina, sem recurso a armas, com o objectivo de vir a tutelar, com a sua eleição para presidente do Eurogrupo-ou de alguém que partilhe dos interesses do governo de Berlim-, mecanismos de dívida como o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) assim como o Mecanismo Europeu de Estabilização (MEE), incluído no recente pacto fiscal assinado por 25 dos 27 estados membros, pacto esse que François Hollande pretende renegociar muito em breve.
É pena que Camilo Lourenço e muitos outros comentadores políticos, preencham páginas de jornais com assuntos que não têm qualquer interesse para a realpolitik-o primeiro ponto.

Já o segundo ponto [que mencionei] é aquele que nos interessa mais de momento, na eminência de virmos a precisar de um segundo resgate, caso Grécia saia da zona euro e/ou espanha peça brevemente ajuda externa. No caso Espanhol, esse impasse  que depende directamente do (in)sucesso da fusão em velocidade cruzeiro da banca espanhola** e consequente recapitalização. 
Em concreto, no caso de um país precisar de ser resgatado, de acordo com os actuais moldes, serão os países centrais como França,Finlândia,Holanda e Áustria que controlarão a emissão de títulos [de dívida], mantendo taxas de juro diferenciadas de país para país, o que pode vir a revelar-se uma grande armadilha ao ponto de vir a provocar ainda mais desiquilíbrios orçamentais no seio na zona euro, impossibilitanto estados em dificuldade de se financiarem, mesmo junto dos seus parceiros europeus. Suponho que não precise de dizer mais nada...

* O artigo científico de Vitor Gaspar em colaboração com Frank Smets e David Vestin, no qual foi introduzido um novo modelo neo-keynesiano [adaptivo] para a curva de Philllips (curva que relaciona o trade-off entre inflação com desemprego a curto prazo) tomando em linha de conta não apenas o investimento público mas também o investimento privado, é um dos artigos mais citados na comunidade [dos que trabalham no sistema financeiro] com 72 citações, superando inclusivé as citações a Mario Draghi.
** Com o processo de fusão de La Caixa-um dos principais accionistas do BPI-Isabel dos Santos reforçou a sua posição como accionista, tanto no BPI como na Zon.

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