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Blogosfera que Pica
John Wolf 29 Mai 12
No seguimento dos artigos de Mendo Henriques, aqui e acolá, na academia, na mesa informal; as explicações detalhadas de Nelson Faustino respeitantes às funções matemáticas e económicas; as incursões mediáticas de Paulino Brilhante Santos na ETV; os princípios basilares relembrados por Rui Rangel, entre outros contribuintes igualmente movidos pela importância da justiça económica e social, gostaria de acrescentar que as soluções técnicas que se venham a implementar para promover o crescimento e o emprego, apenas poderão proliferar se de uma forma inequívoca uma nova tése voluntarista de riqueza e partilha venha a ser adoptada. Aquém, e para além da lei e dos regulamentos, terá de florescer no espírito humano a força que possa emprestar a justa oportunidade ao semelhante, aos discriminados, ao indiferenciado pelo esbanjamento da alma. A especulação e a exploração mal se distinguem, e assumem uma forma "civilizada" de escravatura. A montante e a jusante alterações profundas estão em curso, pelo que a geração e distribuição de riqueza tem roubado quase todas as atenções, sem que se faça uma pausa para reflectir sobre as grandes aspirações colectivas, enganosas, cores de rosa, enganadas, cinzentas, escuras. A natureza da felicidade terá de ser repensada. Uma nova genética de realização terá de brotar na mescla espontânea, longe ou perto da racionalidade. Ao lado da leviandade. O que move o homem e o que justifica a sua condição? São questões que colocam sobre a mesma mesa a fome e as mais profundas aspirações, a realização, o apogeu de algo tombado, caído por terra, levantado pela tão familiar estranheza. Um semblante desgraçado partilhado por tantos, por tantos, menos afortunados. E no fim seremos meros indigentes, pensados à revelia da fortuna. Entramos assim no campo amargo da alma quebrada, estalada pelo abuso de uma rosa dos ventos que soprou o homem na direcção oposta.
Faust Von Goethe 29 Mai 12
Hoje, Markuz Kerber pensa diferente: quem deve sair do euro é a Alemanha, que deverá aliar-se a países vizinhos mais parecidos, designadamente que vendam mais do mundo do que lhe compram, em torno de uma nova “âncora de estabilidade”: o florim-marco (‘guldenmark’).
Em sua opinião, chegou a hora de negociar um “compromisso histórico”. “Quem quer salvar o projecto europeu tem de permitir aos países do euro com contas correntes excedentárias introduzir uma moeda paralela”. Kerber diz que é preciso trilhar caminhos novos porque “ pacotes de resgate massivos não são a solução, apenas marcaram a severidade da situação”.
A acompanhar a Alemanha nessa nova moeda, com curso legal paralelo ao do euro, estariam Holanda, Finlândia, Áustria e Luxemburgo – a França ficaria no euro. Rapidamente, antecipa Kerber, o florim-marco se tornaria numa moeda mais forte do que o euro, o que ajudaria a periferia a reconquistar competitividade e a pagar as suas dívidas. A OCDE assume nos seus modelos macroeconómicos que uma desvalorização de 10% do euro acrescenta 1% ao PIB nominal e 0,7% ao real.
Kerber argumenta que todos, quem permanece no euro e quem entra no “guldenmark”, ficariam a ganhar. Porque uma moeda paralela, argumenta, deve ser encarada como “a conclusão lógica do falhanço do euro” e o caminho para garantir a União Europeia, porque a “crise está a ameaçar todo o projecto europeu”.
Fonte: Jornal de Negócios
Curioso que o Markus Kerber argumenta vai ao encontro do que já foi aqui abordado n'Ouriço. A título de exemplo, recomendo uma leitura mais demorada e crítica aos posts:
Mendo Henriques 29 Mai 12
Queridos estados europeus:
Receio que algumas almas – duvido que excessivamente ricas - se tenham assustado com a nossa proposta de tributar a riqueza, e usaram o estafado e falso argumento de que isso provocaria a evasão de capitais. Será interessante pensar porque as fortunas gregas já têm algo como 380 mil milhões de euros fora da Grécia. Sair mais é dificil. O problema é ir lá buscar
Essas interessantes almas. aparentemente, não sabem nem sonham - queridos estado europeus - que a maior causa da evasão fiscal internacional não é a mudança da residência e do local de trabalho de pessoas, nem a transferência legal e física de sedes de empresas, mas sim a desregulação das transações financeiras e o anonimato das mesmas nas últimas três décadas. É isso que tem vindo a permitir que os titulares de rendimentos de capital atirem para outros países as suas fortunas, na forma de títulos e valores mobiliários, ações ou partes sociais de sociedades de gestão de participações sociais, SGPS, vulgo sociedades holding.
Sobre esses queridos especuladores é necessário criar um imposto sobre as transações financeiras do tipo do “Imposto Tobin” . Mas não é só com a finalidade de atingir os rendimentos e ganhos de capitais que possam escapam à tributação naciona, nãol. É para distorcer a economia de casino que nos desgoverna...com fórmulas neo conservadoras ou neo liberais
Dizem-me que o imposto Toibin funciona como mecanismo estabilizador dos mercados financeiros em termos de transações de natureza especulativa, de transações “a descoberto”, a curtíssimo e a curto prazo, transações do tipo de “arbitragem” e transações monetárias e cambiais e sobre títulos de dívida soberana. Seria bom que os queridos céticos vissem o programa Comissão Executiva da ETV onde Paulino Brilhante Santos aludiu a isto. E não se esqueçam ler aqui as ultimas novidades do Nelson e as novidades do John sobre o tema.
Faust Von Goethe 29 Mai 12
JoaoMiranda continua a sua saga em torno da Curva de Laffer depois de confundir o conceito de Curva de Laffer com o conceito de crowding-out no post anterior.
Já o Samuel de Paiva Pires, em resposta ao post anterior de JoaoMiranda fala no "efeito Laffer" sem especificar a que dito efeito se refere.
Agora pergunto-me eu. Será que o dito efeito se resume à seguinte permissa?
Pena que o JoaoMiranda não se tenha lembrado de refutar com base numa das permissas que inclui no meu post [e/ou artigo de opinião disponível na página do IDP]:
Mendo Henriques 29 Mai 12
Queridos Estados ocidentais:
À medida que conhecemos os contornos da grande recessão, desde 2008, não posso deixar de vos escrever para dizer que os remédios encontrados são cada vez mais desastrosos. Tudo o que vocês têm feito é socializar as perdas e privatizar os lucros. E nós até podemos conhecer soluções alternativas mas elas são ignoradas pelos vossos políticos que não conseguem ser estadistas. E são desprezadas pelas queridas empresas que contrataram agências de comunicação para enxamear os jornais com pseudo-notícias e que até levam o conselho de redação do Público a demitir-se porque o dono da empresa deve ter sido cutucado pelo ministro da erva pesada.
As soluções até nos dizem que é preciso taxar a riqueza, onde quer que ela se localize. Porque o lucro é um dividendo social. E os queridos empresários a sério, desses que não vendem mercearias, e bens que não podemos deixar de comprar, tal como água, gasolina, gás, e eletricidade mas que aplicam patentes e realmente incorporam conhecimento nos seus produtos, são cada vez menos. E são cada vez mais os pseudo empresários que só são ricos e colocam o dinheiro onde querem sem que a desejável taxa Tobin vá atrás deles. E depois dizem que não há dinheiro. Há sim, mas está nas mãozinhas papudas dos que não querem nem sabem redistribuir.
E, queridos estados europeus, de que vale ter um Banco Central que empresta a 1% aos bancos privados para estes emprestarem a 5% aos Estados? Não era muito melhor revogar o artº 123 do Tratado de Lisboa e desde logo permitir que o Banco Central vos empreste a vós, em vez de andarem a pedinchar as bancos privados que armaram esta crise de dívida sobre dívida que tornou a nossa sociedade doente?
Que diabo, queridos estados ocidentais....!... Ainda vamos ter que inventar uma nova forma de res publica.... porque a vossa.... pfff.
Faust Von Goethe 29 Mai 12
Tenho de admitir que sou um admirador confesso de Jack Soifer, em especial da sua capacidade invulgar para se auto-elogiar nas seus posts/artigos de opinião, "fugindo com o rabo à seringa" a perguntas concretas-o que realmente interessa.
Gosto ainda mais quando ele, ao invés de disponibilizar informações mais detalhadas-como o fazem economistas da nossa praça em blogs como o The Portuguese Economy-faz uso de um jargão de economia sem dar uma ideia geral dos termos que utiliza, não inclui qualquer referência bibliográfica que ateste os dados que revela, nem indica as fontes de onde recolheu os dados (p.e. AMECO,INE,EuroStat,IGCP, ...), já para não falar que manda os leitores-mandou-me a mim e provavelmente uns outros tantos- irem ler os seus livros.
Agora pergunto-me eu:
Para quê ir a correr comprar os livros de Jack Soifer quando se pode ler "quase" de borla economistas reputados como Paul De Grawe, Paul Krugman, Kenneth Rogoff, Nouriel Roubini, Robert Schiller, Peter Schiff, os portuguesíssimos Pedro Pita Barros,Ricardo Reis que escrevem semanalmente no suplemento Dinheiro Vivo do JN e pontualmente no blogue colectivo The Portuguese Economy, o deputado social-democrata Miguel Frasquilho que assina mensalmente uma coluna de opinião no Jornal de Negócios, ou até mesmo os reports de tecnocratas como Vítor Gaspar ou Mario Draghi et all que se podem "sacar" à borla a partir do servidor Social Science Research Network?
Faust Von Goethe 29 Mai 12
Na notícia do Público a respeito do Bankia e das yields da dívida espanhola, pode ler-se o seguinte:
A tranquilidade que Rajoy procurou imprimir na sua mensagem sobre a sustentabilidade da banca, num momento crítico da situação espanhola, quando a quarta maior entidade financeira deverá receber uma injecção de capital de 19 mil milhões de euros (montante que o El Mundo considerou “astronómico”) não foi suficiente para evitar um mau dia nas negociações na bolsa de Madrid.
Comentário: O montante a ser injectado no Bankia é superior ao que a troika nos emprestou para recapitalizar a banca portuguesa-12 mil milhões de euros. Referimo-nos apenas a um dos bancos. Não sabemos ainda qual o estado de saúde de bancos com fortes ligações a Portugal como o Santander .
O mesmo jornal noticiava ontem que a injecção de capital que o Estado vai realizar no banco será feita, não através de dinheiro fresco, mas através de títulos de dívida pública. Mariano Rajoy sublinhou, depois de uma reunião do Comité Executivo do Partido Popular, que “não é a primeira vez” que é injectado dinheiro público numa entidade financeira em Espanha, numa referência às injecções anteriores feitas através do Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) durante o Governo socialista anterior.
Comentário: Ao invés de contrair dívida pública espanhola (ronda os 70% PIB) para financiar a banca espanhola, Rajoy deveria antes criar um "Bad Bank" para isolar todos os activos tóxicos do sector imobiliário dos restantes produtos financeiros à semelhança do que vem a ser feito no Japão.
Com esta solução, as empresas [espanholas] teriam de modificar a sua forma de financiamento junto à banca (aqui o estado poderia contrair dívida pública até aos 80%-85% do PIB com o objectivo de criar linhas de microcrédito especiais para as PME's) e grande parte das famílias com poupanças teriam de isolar o seu dinheiro, transferindo parte deste para poupanças aforro.
Adenda: A única desvantagem que vejo de momento nesta solução [que apresentei] é a elevada dependência dos aforradores.
Leitura complementar: In Japan’s Stagnant Decade, Cautionary Tales for America a.k.a Hiroko Tabuchi (2009)
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