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Blogosfera que Pica
John Wolf 30 Jun 12
O Presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso, o Presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi, o Presidente do Conselho Europeu Herman Van Rompuy e o Presidente do Euro-Grupo Jean-Claude Juncker apressam-se para cozinhar uma receita de salvamento da União Económica e Monetária. Em cima da mesa encontram-se os ingredientes necessários à confecção do remédio. A possibilidade de emissão de Eurobonds, o estabelecimento de um Fundo de Garantia Bancária, a prossecução de uma genuína integração fiscal no seio da União Europeia, para além dos fundos de resgate à banca e outros mecanismos centrais ou acessórios de consolidação orçamental na Eurozona. Até aqui tudo bem. Serão grosso modo estes os elementos operativos para superar a crise estrutural. Mas faltará um pequeno detalhe. Um factor que dinamiza tudo o resto. Sem vontade política todas as soluções que se venham a congeminar não sairão do estaleiro e parece que a Europa está disposta a eternizar os desafios, pelo entendimento que faz do sentido da urgência, pela forma como percepciona a noção temporal. Segundo os próprios cozinheiros da resposta europeia, o plano a ser implementado não será quinquenal. Será muito mais pernicioso, intensamente mais nefasto. O plano delineado está a ser pensado para os próximos dez anos, enquanto o que se exige é uma resposta para os próximos dez dias. Com esta noção de velocidade política não chegaremos a bom porto. A desagregação das uniões está ao virar da esquina. Neste caso a infracção cometida não tem a ver com o excesso, mas com a falta de velocidade. Deparamo-nos com o peso da matriz cultural, a antiguidade, a lentidão da longa história, da tradição. A Europa fiel a si.
Faust Von Goethe 29 Jun 12
Boas leituras!
John Wolf 29 Jun 12
Há escassos anos seria impensável o desmoronamento do Euro, dadas as certezas em torno da divisa e do futuro (risonho) da Europa. Ainda me recordo do dia em que congratulei pessoalmente o então Ministro das Finanças, Prof. António de Sousa Franco, pela introdução da divisa. Achei estranho à época que nem sequer "tiveram" (Quem? o BCE? o Ministério das Finanças? o Banco de Portugal) a gentileza de oferecer ao ministro em funções a saqueta de moedas virgens, o tal kit para "euro-iniciados" e, desse modo, alguém que me é próximo e de outra nacionalidade que não a Portuguesa, decidiu entregar-lhe o invólucro com o conjunto de moedas reluzentes. Passada mais de uma década, e no contexto da efectiva possibilidade de ruína do Euro, o Escudo começa a ser mentalmente resgatado do arquivo económico e financeiro, como um suplente de última hora, um velho conhecido. Pois bem, acho muito importante que se preparem planos de contingência, mas talvez seja uma ideia atirar para a frente, ao invés de regredir e regressar ao passado. O que quero dizer com isto? Estou a pensar alto, por isso perdoem-me os devaneios, a loucura momentânea, mas parece-me que a insanidade afinal não é tão incomum nos dias que correm. Estou a imaginar a possibilidade de agarrar um "verbo" de uso raro nesta freguesia. Um conceito que não deve ser descurado no contexto da actual crise económica, financeira e...cambial. Em inglês o verbo "to peg" tem variadíssimas aplicações, mas se quisermos simplificar a tradução e integrá-lo no quadro desta discussão, o "peg" tem relação com a "pega". Não com a pega de caras, mas talvez com a de coroas. Se o Euro der de frosques ou o mandarem dar uma volta, e uma nova moeda for requerida, não é forçoso que o histórico Escudo regresse com a face lavada. Uma nova divisa poderia nascer "pegada" a uma outra divisa. O Dinar da Jordânia, assim como o Dólar de Hong Kong e mais quinze divisas de outras tantas soberanias, estão efectivamente ligadas cambialmente, e de um modo fixo, ao Dólar Americano. Há que estudar as vantagens e desvantagens de tal opção e começar a pensar num nome para a nova moeda que rompe com os passados da cabeça. O passado do Euro e o passado do Escudo. Aceitam-se sugestões. Dólar-Tostão? Yuan-Reis?
Mendo Henriques 29 Jun 12
Queridos Estados:
Reparei esta manhã de 29, que estiveram muito entretidos até de madrugada, a preparar um documento em financês que acalmará por 24 horas os mercados financeiros e completamente insatisfatório para todas as pessoas saudáveis sem paciência para os donos das finanças.
Eu até acho o desenlace divertido porque os dois queridos estados que bateram o pé no Conselho - Itália e Espanha - são as duas nações que se vão bater com o pé no Domingo naquele campeonato de onde o querido Portugal ja saiu. Eu como revoltado, já tinha expresso o que pensava do assunto. E, ao sairmos do campeonato, felizmente voltámos à realidade, e até saímos de uma forma que nós conhecemos porque aquilo de perder ao não marcar penalidades é assunto bem nosso conhecido por causa do dr. Isaltino Oeiras ( ele chama-se mais ou menos assim) e da dr.ª Fátima Felgueiras ( essa acho que é mesmo).
Isto de a Europa ser uma querida associação de estados exige tratamento igual para todos. Mas não. Os queridos estados estão muito viciados pela doutrina do velho Hobbes. Digo velho porque viveu até aos 90 anos, protegido pelo Deus que trata dos borrachos, das crianças e dos ateus. Ele é muito conhecido por um livrinho de seiscentas páginas chamado Leviatã em que as últimas duzentas são a dizer mal da Igreja Católica como o reino das trevas porque era um anglicano fanático.
Mas o que conta aqui, queridos estados, é que no capítulo 13 do The Elements of Law o tal de Hobbes diz que sendo todos os homens iguais, a luta é inevitável porque estão em competição e desconfiam uns dos outros. Alguns “têm prazer em contemplar o seu próprio poder nos actos de conquista, que levam mais longe do que a segurança permite.” E esses “gloriam-se” do seu poder; a sua alegria consiste em comparar-se com outros homens, e nada mais desejam do que a sua própria eminência".
Ora, queridos estados, era aqui que eu queria chegar. Quando se perde a tranquilidade de ânimo, a criatura cria a imagem da sua própria omnipotência, querendo ultrapassar todos os outros, de modo a não cair na ansiedade. Afinal, o querido Hobbes criou um ranking: disse que a vida humana pode ser comparada a uma corrida. “Mas nesta corrida não temos outro objectivo, nenhum outro prémio, que não seja ser o primeiro.”“ Ser constantemente ultrapassado é miséria. Ultrapassar constantemente o seguinte, é felicidade. E esquecer a corrida, é morrer. " E isto parece-me um mau conselho, para pessoas e para estados. [1]
Assim não vamos lá,
Ass.
Querido Revoltado
[1] Thomas Hobbes, The Elements of Law, Natural and Politic, ed. Ferdinand Toennies (Cambridge: Cambridge University Press, 1928), pt. I, cap. 9, sec. 21.
Faust Von Goethe 29 Jun 12
Afinal o défice orçamental do primeiro trimeste ficou-se pelos 7.9% e não pelos 7.4%-3 décimas acima da minha estimativa que rondava os 8.2%.
Faust Von Goethe 29 Jun 12
Depois de Espanha e Itália terem garantido a presença na final do Euro 2012, Rajoy e Monti "bloqueiam" pacto para o crescimento [económico].
Faust Von Goethe 28 Jun 12
Estou desapontado. Não vejo nas bancadas de Varsóvia-onde decorre o Alemanha X Itália-nem a namorada da Sami Khedira-Lena Gerke- nem a namorada de Bastian Schweinsteiger-Sarah Brandner.
Na imagem: Lena Gerke e Sami Khedira.
Faust Von Goethe 28 Jun 12
Obrigado!
Faust Von Goethe 27 Jun 12
Que dizer do jogo em que fomos eliminados por selecção Espanhola?
Primeiro, que se tratou de um excelente jogo de futebol onde qualquer umas das equipas mostrou, de uma forma ou de outra, que merecia estar na final!
Depois, que nos podemos queixar que houve um penálti por marcar pois houve "mão de Sérgio Ramos" no decorrer do primeiro tempo. No entanto, não nos poderemos esquecer que Ronaldo teve três livres de frente para a baliza-dois deles consecutivos- que poderiam ter resultado em golo. O mesmo Ronaldo, ao cair do pano-fim dos 90 minutos regulamentares-teve ainda uma ocasião de ouro para decidir o jogo e mandar nuestros hermanos mais cedo para casa. Estávamos em superioridade numérica mas Ronaldo não teve a frieza de ajeitar a bola para o seu melhor pé-o direito-acabando por chutar, de uma forma denunciada, à semelhança do que Hugo Almeida vinha a fazer antes de ser substituído por Nélson Oliveira.
E depois de um prolongamento sofrido, onde os nossos jogadores acusaram desgaste físico, Moutinho e Bruno Alves falharam duas grandes penalidades, após Xabi Alonso ter falhado a primeira.
Merecemos portanto ganhar nos primeiros 90 minutos de jogo. Mas isso não serve de desculpa para nos omiscuirmos de reconhecer que Espanha merecia ter ganho no prolongamento, pois foi a selecção que funcionou melhor em termos colectivos. Também não nos poderemos esquecer que Espanha tem um grande treinador que, ao contrário do nosso, soube jogar com o banco de suplentes, ao colocar Fabregas e Pedro no decorrer do segundo tempo.
E agora perguntam vocês:
Que ilacções poderemos tirar deste jogo e de toda a campanha ao longo do europeu?
Primeiro, que somos muito melhores em termos individuais que em termos colectivos. Segundo, que faz parte da nossa matriz cultural sofrer até ao fim-foi assim nos 5 jogos que realizámos onde ganhámos/perdemos sempre pela margem mínima.
Por fim, que o futebol-e o desporto em geral-é um excelente case-study tanto ao nível de integração social assim como continuação da política/economia por outros meios.
Não perceber este fenómeno é o equivalente a não reconhecer em termos pessoais e profissionais que sucesso e fracasso são duas faces da mesma moeda.
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