Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

O Ouriço

MENU

O triste estado da nação.

John Wolf 12 Jul 12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que está a acontecer ao país é uma espécie de suicídio. Uma matança lenta levada a cabo pelo sistema de justiça, pela corrupção, o tráfico de influências e favores. Trata-se de uma autoflagelação realizada com uma corrente de opinião intensamente negativa e que destrói o sonho e a esperança. A antítese do sucesso alcançado honestamente, degrau a degrau, da origem quase sempre humilde à realização plena, a recompensa natural ou material se assim for desejada. O que está a acontecer com os falsos prémios e licenciaturas e a concessão de privilégios é uma "coisa noja", uma "cosa nostra" à Portuguesa que semeia a desconfiança de lés a lés, que faz olhar de lado para os Portugueses impolutos, os cumpridores da integridade e que em consequência da vergonha a que assistimos, são obrigados a assumir o estatuto de um bastião - a derradeira reserva ética -, e ser ainda melhores do que efectivamente são. Sobre os ombros dos genuínos está um fardo maior, uma carga de trabalhos, a sujidade lançada num caudal que parece não findar. Conheço os honrados de Portugal que admiro pela sua grandeza que transcende a nacionalidade. Porém, o descalabro lusitano, as asneiradas realizadas pelos santos da casa serve para emitir um atestado de descrença que é percepcionado muito para além da fronteira mais próxima. Portugal já nem se encontra orgulhosamente só para poder passar despercebido. Qualquer que seja o sistema de classificação que se queira adoptar, somos testemunhas da mão que lava a outra, o rating doméstico, uma pontuação negativa muito mais nefasta do que qualquer juízo estranho, estrangeiro. Quando a ordem se inverte, e o dinheiro e o poder servem para comprar a vantagem, tudo cai por terra. É assim que eu vejo as coisas neste momento. Portugal a depender de si mais do que nunca. O que se exige é uma auditoria sistemática de todas as dimensões passíveis de usurpação. Todas as dimensões sem excepção. Dos partidos políticos aos sindicatos, dos politécnicos às universidades, dos media às artes e letras. E veremos lamentavelmente que a excepção não é assim tão excepcional. Em cada toca teremos um Relvas à altura...

Autoria e outros dados (tags, etc)

O Estado da Troika VI: Os Neoconservadores

Paulino Brilhante Santos 12 Jul 12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alguns setores dos ditos “neo-conservadores” alegaram ter conduzido uma verdadeira “revolução conservadora” nos Estados Unidos e no Reino Unido. Remeto de novo para o que acima se disse acerca do método de decisão e de reforma social típico dos conservadores baseado em intervenções sociais limitadas, gradualistas, por tentativa e erro e de natureza pragmática. O exato oposto a ideias de rotura social profunda e irreversível e menos ainda a uma ideia de transferência de poder definitiva e irrevogável que é essencial à definição de revolução.

 

Os “neo-conservadores” tiveram, porém razão em proclamar que estavam a realizar uma “revolução”. Decerto que tal revolução não poderá ser considerada como conservadora já que, por definição, nenhuma força conservadora age politicamente através de um rotura social deste tipo. Mas efetivamente os ditos “neo-conservadores” e os ditos “neo-liberais” realizaram uma revolução na medida em que lograram uma transferência de poder sem precedentes da esfera económica para a esfera financeira.

 

A banca, finança, seguros, instituições dos mercados de capitais que sempre tinham sido ao longo de séculos instrumentais face às empresas comerciais, industriais e de serviços dos setores da chamada “economia real” tornaram-se dominantes e passaram a controlar toda as economias à escala planetária graças à desregulação, à globalização e à concentração das instituições da alta finança.

 

Os executivos da alta finança, da banca, dos seguros e dos mercados de capitais tornaram-se multimilionários a cada ano com a distribuição de opções de compra de ações e de prémios e bónus anuais que cresceram até à casa das dezenas, centenas e no topo até mesmo ao milhar de milhões de dólares anuais. Mesmo a riqueza dos empresários e principais executivos de empresas de outros setores viria a ser obtida mais com a colocação em bolsa das ações das suas sociedades do que com os lucros e dividendos das suas empresas.

 

Empresas industriais passaram a registar a maior parte dos seus lucros com operações financeiras e de crédito realizadas pelas suas subsidiárias financeiras especializadas, como é o caso notório, entre outros, das empresas automóveis e das grandes produtoras de outros bens de consumo duradouro e semi-duradouro. Toda esta casta de empresários, banqueiros, novos magnatas da “indústria” financeira, executivos bancários, financeiros e dos mercados de capitais iriam rapidamente adquirir uma legitimidade própria na esfera económica enquanto “técnicos” de realizar lucros fabulosos, aparentemente através dos seus talentos, méritos e competências pessoais que careceriam de ser “incentivadas” com elevadas remunerações e reduções de impostos. Isso não obstou, é claro, a que os acionistas destas empresas da alta finança e cidadãos afluentes investidores nos mercados de capitais, desde as tradicionais famílias a novas famílias abastadas, também não tenham lucrado imensamente com esta “revolução conservadora”, ao ponto de cerca de 300 famílias, não mais, controlarem cerca de 54% da riqueza mundial hoje em dia.

 

Temos, pois, assim traçado o rosto do novo poder que emergiu da “revolução conservadora”: “técnicos” da alta finança que representarão aproximadamente 5% da população mundial servindo uma casta de acionistas que representarão cerca de 1% da população do planeta controlando em conjunto mais de 65% da riqueza mundial.

 

Os mais desfavorecidos quase desapareceram do mapa da distribuição da riqueza e as classes médias viram os seus rendimentos na melhor das hipóteses estagnarem ao longo destes anos e na pior diminuírem em termos reais, tendo tido que recorrer ao crédito para manterem o seu nível de vida até à crise do crédito de 2007/2008 lhes ter por fim acabado com este último balão de oxigénio.

 

Hoje, estão a sofrer já reduções nominais dos seus rendimentos atendendo aos “sacrifícios” que “todos” têm que fazer para ultrapassar esta crise e a que se lhe seguiu e ainda está em curso, a “crise das dívidas soberanas” que muito tem enriquecido, contudo, a alta finanças e aqueles que a servem. Nenhuma destas receitas “puramente técnicas” poderia ter sido aplicada e a “revolução conservadora” teria logo soçobrado à nascença se nos aparelhos dos Estados não houvese também “técnicos” a preparar o terreno para que tudo isto tivesse ocorrido.

 

A desregulação, a globalização, a liberalização das trocas comerciais, o fim das autoridades de defesa da concorrência que permitiu vagas sem precedentes de fusões e cisões lucrativas que desmantelaram e destruíram empresas a eito e que criaram monopólios e oligopólios, as lucrativas concessões de serviços públicos, as parcerias público-privadas, a “domesticação” dos sindicatos, etc., tudo isto exigiu hordas de “técnicos” para aplicação desta vasta agenda “puramente técnica” de “reformas estruturais”, ao longo destes últimos 30 anos.

 

Foram políticas públicas prosseguidas por governos de todo o mundo mas que foram assessorados por técnicos baseados nas administrações públicas, em organizações internacionais, em instituições financeiras internacionais, institutos de pesquisas e por aí fora.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds