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O Ouriço

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A privatização dos protestos

John Wolf 14 Nov 12

 

 

 

De acordo com o noticiado pela estação de televisão SIC, manifestantes estrangeiros estariam infiltrados na primeira linha de protesto, junto à Assembleia da República. Esse mesmos agentes de desacato seriam profissionais em tournée pelas principais cidades europeias, a prestar serviços a troco de uma qualquer vantagem reinvindicativa, política. Será que assistimos a uma nova disciplina de mercenários? E sendo uma manifestação pela sua natureza um fenómeno "público", será que este pode ser "privatizado" e apropriado por "accionistas" estrangeiros? Não me parece. E para além do mais, Portugal não precisa de quem lhe ensine a protestar. Não esqueçamos que Portugal é veterano em Revoluções. No entanto, assistimos a uma nítida transformação no modo de reinvindicar. Os brandos costumes estão a ser reformados e a ceder o seu lugar a outra forma de protagonismo. Os resultados da luta de hoje só serão conhecidos quando a poeira assentar. E isso certamente demorará o seu tempo. Enquanto aguentamos, a calçada será resposta. Provavelmente com o mesmo desenho.

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Rendimento gasoso

Mendo Henriques 14 Nov 12

Angela Merkel e Pedro Passos Coelho necessitavam por razões distintas, de mostrar que estão unidos na austeridade: a chanceler alemã, para preparar eleições na próxima Primavera: Passos Coelho para segurar o insegurável orçamento de estado de 2013. Quando começarmos a sentir em Janeiro a quebra de rendimento com retenção na fonte de IRS, sem ver luz ao fundo do túnel, ficaremos ainda mais revoltados. Temos um rendimento bruto. Tínhamos um rendimento líquido. Agora vamos passar ao rendimento gasoso.

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Recordo-me que o “I” de 5 de Outubro publicou numa página interior do lado par, uma notícia sobre uma Conferência de um livro um antigo Batonário da Ordem dos Advogados (OA) que referiu que a instabilidade da justiça se deveria, em grande medida, a sua mediatização.

O ritmo da produção informativa dos media não se adequa às disponibilidades de comunicação da justiça, leia-se dos tribunais. “O tempo da justiça não é compaginável com o tempo dos media”, disse Júlio de Casto Caldas.

 

Não tive oportunidade de ler a totalidade da intervenção do antigo Bastonário da AO no lançamento de um livro na Procuradoria-Geral da República e não é meu objetivo polemizar a questão, até porque no essencial estou de acordo com o enunciado (a que já me referi outras vezes nestas crónicas).

 

Aliás e curiosamente na mesma edição do jornal “I” (5 de outubro de 2012) Saragoça de Malta assinou um artigo de opinião sobre o “tempo da justiça”, mas na perspectiva da economia e dos seus impactos na administração da justiça, que sendo um aspeto muito importante e actual, não é o objecto destas linhas, mas não posso deixar de chamar a atenção dos meus leitores para esta visão publicada na página 14 do jornal.

 

A justiça é uma fonte primária de informação noticiosa e com o desenvolvimetno da sociedade tomou um lugar cimeiro na vida dos cidadãos, quer como garantia dos direitos e liberdades, quer como fórum da resolução de litígios cada vez mais presentes na vida do dia-a-dia, sempre competitivos e a necessitar de mais eficaz protecção, por exemplo, dos direitos de propriedade inteletual.

 

Por razões historicamente explicáveis a arbitragem e outras formas de auto e corregulação ainda não adquiriram entre nós a importância e a confiança já atingidas nos países nórdicos e anglosaxões.

 

Resta por isso aos cidadãos e às empresas o recurso aos tribunais.

 

Sendo a sociedade portuguesa tradicionalmente ordeira e pacífica, a excepcionalidade do recurso ao tribunal (por parte dos cidadãos) e os baixos níveis de criminalidade (quando comparados com outros países e regiões no mesmo patamar de desenvolvimento) tornam os casos litigiosos (civis e criminais) que se afastam da mediania, quer pelo impacto do crime ou da disputa, quer pela imprevisibilidade do próprio julgamento, palco fértil de excessos, de imprevistos e de reviravoltas em fontes de informação muito importantes seja para os cidadãos, seja para o cumprimento da missão de informar que os media assumem de forma cada vez mais alargada na sociedade de informação.

 

Parece assim que o problema não está nem nos tribunais, nem nos media per si. Cada sector tem um papel vital no sistema democrátivo que adotamos e que a globalização do mundo vem tornando no paradigma que biliões de seres humanos esperam.

 

A recente “primavera árabe” é só o último episódio desta senda.

 

 

 

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Atritos de Outono /Inverno

Mendo Henriques 14 Nov 12

O impulso do 15 de Setembro não se deve desgastar em atritos de Outono /Inverno. Por isso estou a trabalhar - e contribuir à minha maneira para que isto se resolva lá para a Primavera. Não faço Greve mas estou solidário com quem a faz. Comprendo as causas mas não me revejo na oportunidade, no enquadramento político e social. Uma greve assim provoca desgaste, mas nada muda. Uma luta de atrito nunca é ganha pela parte mais fraca. As coisas só mudarão mesmo por um impulso da sociedade civil provocado por um ambiente emocional agitado pela comoção geral. Por uma faísca.

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Lucrar com a pesca

Jack Soifer 13 Nov 12













Temos ótimo solo, ótima costa. Como exportar mais? Muitos dizem que os espanhóis levam o nosso peixe. Esse problema com vizinhos ocorre em todo o mundo.


Sardinha, salmão, muitos peixes têm ómega 3, uma substância importante para o organismo, em especial para a população idosa, que está a aumentar muito. Peixe não engorda, não leva vacinas nem químicos para crescer, nem come rações estranhas. É uma ótima proteína animal; filetado e defumado vale muito mais. Japoneses e chineses são saudáveis por comer peixe. O aumento dos rebanhos bovino e caprino mundial não chega. Para evitar o porco, a procura do pescado aumenta.


Os mariscos também são nutritivos e sabem bem. Tal como no Mediterrâneo, a poluição aumenta na maioria dos mares. As costas limpas do Atlântico têm um potencial invejável. Temos água e clima ideais para cultivar uma grande variedade de algas comestíveis e para a indústria. O ágar-ágar torna-se um espessante para as indústrias alimentar, farmacêutica e cosmética. De algumas espécies, extraem-se substâncias caras para fármacos. Como a porphyra umbilicalis e a glariaria vemeculosa, que servem para fluidificar o sangue e reduzir o colesterol. O Chile produ-las para alimentar o seu povo e, recorrendo à tecnologia, exporta substâncias e lucra. Chile, China e EUA são alguns dos países que aproveitam a costa e os rios. O Guadiana, p.ex, tem potencial para o camarão. O alto Tua e o Tâmega para salmão. A costa e as rias para tudo, até lagosta e pérola.


Devemos organizar a produção e certificar a exportação. Há muito, Ernâni Lopes propagava o cluster do mar. Tudo isto cria emprego, sedentariza o homem na aldeia, aproveita recursos e gera exportação.
 

 

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Conversa da treta #2

Mendo Henriques 11 Nov 12

A linguagem da treta sempre despertou a atenção de pensadores de todas as épocas. O Elogio da Loucura, de Erasmo, e o Gargantua e Pantagruel, de François Rabelais, são dois monumentos da literatura renascentista a zurzir nos disparates à solta, na loucura que periodicamente se apodera da mente humana. Bouvard e Pécuchet é um delicioso livro de Gustave Flaubert sobre os pequeno-burgueses armados de informação que decidem discorrer sobre os destinos da humanidade. Já no século XX, Acerca da Estupidez, do grande romancista Robert Musil e O Predomínio do Logro, do filósofo Max Black, narram o que sucede quando os cretinos querem tomar conta do mundo. Wittgenstein também dedicou muitos dos seus livros à identificação e combate ao non sense. Mas até surgir o livro de Frankfurt, ninguém se preocupara em elaborar uma teoria geral sobre este tema fascinante, definindo a estrutura da treta e as condições lógicas que a acompanham.

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O filme proposto por Marcelo Rebelo de Sousa padece de um grave problema conceptual. Será que a história é bem contada? É isto defender a pátria? Mas o mais irónico do filme...Portugal não avança. Portugal não sai do mesmo lugar. Caminha-se que se farta no video, mas não se ganha distância em relação ao Padrão dos Descobrimentos (e logo o Padrão!!!)...é um detalhe apenas, mas tem de ser analisado. Em suma. As coisas não podem ser feitas às três pancadas. São vários tiros no mesmo pé.

 

 Ich Bin Ein Berliner

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Leituras de Economês #10

Faust Von Goethe 9 Nov 12


Best of dos meus últimos textos publicados no Caleidoscópio:

Boas leituras! E um excelente fim-de-semana.

 

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Link para texto publicado no blog Caleidoscópio:  Não há palavra mal dita, se não for mal entendida.

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Mais do que o Orçamento do Estado, enquanto documento condicionador de políticas e de projetos e modelos empresariais ou pessoais, mais do que o seu impacto sobre a vida das famílias e das empresas, o que assistimos nas últimas semanas, desde 7 de setembro, é a um imenso problema de comunicação que está a pôr os portugueses numa pressão psicológica sem precedentes. Nem a guerra em Africa, onde os objetivos poderiam ser condenáveis ou desastrosos, mas ao menos a comunicação era clara.

E a opacidade da informação, ainda por cima confusa e errática, mina os alicerces da democracia, com os mesmos efeitos da censura e da propaganda; os cidadãos começam por desconfiar que nunca lhes contam tudo, e prosseguem vendo em cada anúncio apenas um ato de condicionamento.

A conferência de imprensa do Ministro das Finanças é o mais recente ato desta tragicomédia.

A administração pública portuguesa perdeu há muitos anos a capacidade de se apresentar transparente e explicadamente aos cidadãos; o boato que mina as nações em momentos de tensão, foi substituído pelas redes sociais com uma capacidade de mobilização efetiva, ainda que com resultados mais aparentes do que efetivos; o cidadão vê-se assim à míngua de informação credível, manipulado por forças que de forma dissimulada, mas organizada, procuram lançar a anarquia e o caos social.

Infelizmente até o Presidente da Republica contribui – seguramente involuntariamente – para este estado de guerrilha comunicacional.

O cidadão, confuso, vira as costas à informação, desinteressa-se das atividades dos seus representantes eleitos e reage quando no final de janeiro recebe o recibo do ordenado.

 

 

Perante medidas tão complexas e tão impactantes para todos os portugueses, o Governo deveria já desenvolver uma campanha de informação pública, expondo as fórmulas de cálculo, os algoritmos e outros modelos matemáticos que vão guiar a vida dos portugueses, pelo menos por mais um ano.

 

Escrutinada por jornalistas e políticos, comentada pelas associações da sociedade civil, essa imprescindível campanha de informação pública conduziria ao debate – sério e honesto – que colocaria no campo das ideias (e dos ideais) o futuro de Portugal, retirando da simples palavra confusa as dúvidas e temores de futuro, para como ainda tão recentemente disse Adriano Moreira, devolver à palavra a força das palavras.


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