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O Ouriço

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2012-O Caleidoscópio da Crise.

Faust Von Goethe 31 Dez 12

Chegados ao final do ano civil, há que fazer um pequeno balanço sobre a crise do euro-só para não lhe chamar algo pior.

Findado que está este ano, penso que estaremos todos de acordo num ponto fulcral. Governantes e políticos, da direita à esquerda, comentadores e até economistas encartados, recorrem às decisões do tribunal constitucional para suportar ou para criticar as decisões fracturantes dos governos em exercício de funções. Foi assim em Portugal, quando o tribunal constitucional chumbou categoricamente a suspensão dos subsídios de férias; foi assim há dias quando o tribunal constitucional chumbou a taxação de impostos aos mais ricos. Na Alemanha, embora Merkel tenha sido no último ano implacável e irredutível na gestão da crise do euro, não ousou em desafiar o tribunal constitucional alemão. Aliás, só avançou para a criação do fundo de resgate a nível europeu a.k.a. FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) após a aprovação por parte do tribunal constitucional [alemão].

Embora a Europa viva actualmente um clima de aperto, onde os cidadãos europeus começam a reagir aos poucos, como um todo orgânico-ao ponto de se começarem a interessar vivamente pelo que estava a acontecer nos outros seus países-e embora 2012 tenha sido um ano marcado pela governação tecnocrática, as recentes eleições na europa provaram que a democracia, embora debilitada, ainda funciona. Foi assim na França, onde os franceses não perdoaram o facto de Sarko ter cedido aos caprichos de Merkel. Foi assim na Grécia, um país à beira da ingovernabilidade onde coabita um partido nazi em plena ascenção. E foi também assim em Itália, onde Monti-um verdadeiro tecnocrata no verdadeiro sentido da palavra- não conseguindo levar à avante a sua agenda política, acabou por se demitir, após a aprovação do orçamento de estado para 2013.

Deste ano de 2012 que amanhã finda às 12 badaladas, podemos extrair duas lições sucintas:

  • A carência e o desespero não são bons conselheiros;
  •  Os economistas que aconselham banqueiros e políticos não podem ignorar que acima deles existe um poder, que embora que não seja divino, está acima deles-o poder dos tribunais constitucionais.

No próximo ano será Itália que fará a Europa mexer. Ninguém sabe ainda o que fazer, tendo na mira um eventual regresso de Berlusconi e tendo um Monti que, embora enfraquecido, persiste em levar avante uma agenda austera e reformista. A janela que o liberalismo entreabriu no século XIX para a fomentação da democracia através do exercício parlamentar pode, em pleno século XXI, voltar a fechar-se caso os juízes alinhados politicamente ou dissidentes, usem o tribunal constitucional como panteão da democracia.

Para felicidade de alguns mas para a infelicidade de outros, 2013 será seguramente o ano da democracia constitucional. Em Portugal, embora a justiça esteja aparentemente estabilizada, ainda não encontrou as respostas adequadas e céleres para responder à crise da democracia.

 

Publicado também no blog Caleidoscópio.

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Mais um ano no banco?

Francisco Cunha Rêgo 28 Dez 12

Estamos a virar a página de um ano mau. Os bancos continuaram a ter peso demais nos governos em vez de separarem a banca comercial da banca financeira, deixando aos empresários aquela e aos especuladores esta. E deixando os governos aos políticos e às políticas que escolhemos.

Para o ano teremos mais privatizações ao estilo do embuste? Já se levantam dúvidas se o dinheiro da ANA pode abater na dívida pública. Caso não, mais austeridade! Outras se seguem, veremos como e para quê.

No passado recente, os que trabalhavam e se dirigiram, sem cunhas, aos balcões dos bancos para pedir dinheiro só o levaram quando provaram que o podiam pagar. Não foi?
Então quem viveu acima do que podia? Basta ver as políticas erradas seguidas para o território e a economia, e os negócios ruinosos para o erário público autorizados por sucessivos governos, e percebemos porque estamos onde estamos, ou seja, a dificuldade em que banca está para financiar a economia e o estado para pagar as dívidas.

Era altura de os bancos perceberem que só podem ser bons para a vida das pessoas se os países onde estão também o forem, e atuarem nesse sentido dentro de regras de mercado aceites pela generalidade das pessoas. Estão a ser ajudados pelas pessoas? Então ajudem as pessoas, quanto mais não fosse, a terem boa governação tanto dos interesses publicos como dos privados.

O nosso país tem estado no banco, no sentido futebolístico, no sentido hospitalar e no sentido financeiro. Não podemos fazer grande coisa na economia sem bancos saudáveis, mas qualquer dia já não há país económicamente saudável para os bancos fazerem algumas coisas. A economia e o PIB precisam de consumo. Quanto mais miséria houver, mais miséria terão à procura de financiamento. Claro que poderão ter menos clientes mas bons, quer dizer com muito dinheiro. Só que a fome é má conselheira e os hábitos de consumo foram criados.

Em 2013 vamos continuar no banco?

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Estes senhores também enganaram meio mundo e ainda ganháram um Grammy. Pode ser que o especialista Artur Baptista da Silva ainda leve para casa um Globo de Ouro.

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Sentido de Estado IV

Artur de Oliveira 21 Dez 12

Há muitos anos que venho denunciando o nosso modelo errado de “desenvolvimento sem progresso”, sem uma visão global do futuro.

Por todo o País, tenho encontrado exemplos de pequenos e grandes empresários de sucesso, alguns reconhecidos internacionalmente.


A burocracia estatal e a lentidão da justiça têm provocado graves entraves a quem quer produzir. Temos que exigir mais ao Estado. Mais responsabilidade, mais respeito pelos governados que o sustentam, e, acima de tudo, mais dignidade.

 

Precisamos urgentemente de um Estado moderno e eficiente, que assegure a nossa soberania e a ordem interna, garantindo a oferta de bens públicos em sectores essenciais e a regulação e estímulo à actividade económica nos restantes, de forma a propiciar o crescimento das empresas e a oferta de emprego.


Precisamos de um Estado que seja o primeiro a dar o exemplo, pagando a tempo e horas, bem como assegurando que os investimentos e gastos públicos sejam racionais.


´


Dom Duarte de Bragança

Excerto do discurso do 1º de Dezembro de 2012

 

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Deixem-nos respirar

Jack Soifer 20 Dez 12
















As PME estão a ser asfixiadas pela burocracia! Estamos à beira do desastre social e económico. Algumas medidas sugeridas pela troika foram úteis para o acerto da economia. Mas “o principal papel do governo é a assistência; a burocracia e a desconfiança atuais têm de ser reduzidas” diz o Manifesto PRÓ-PME iniciado pelo inves-tidor Karl-Heinz Stock, patrão da Qta.do Vale.

 

As empresas estão à fome pela austeridade imposta, e pela manipu-lação do mercado. Isto é provocado pela burocracia e desconfiança, que nos asfixiam. O governo está a destruir a espinha dorsal da nossa economia - as PME -, o que levará à bancarrota. Esta regulação académica é uma relíquia da ditadura e está a deixar o país de joelhos.

 

O governo deve beneficiar o maior número de pessoas possível, para aumentar a compra de produtos locais.  “As multas devem apenas prevenir que uma entidade se aproveite das demais. Mas o governo está a encorajar a caça à multa”, diz Stock.

 

Um governo burocrático perde a noção do geral porque cada entidade individual é apenas responsável pelo seu próprio setor, sem noção da realidade. As organizações, como a ASAE, mudaram.

 

Estão a recolher dinheiro por erros irrelevantes.

 

Estão a perder tempo com trabalho que não se enquadra no objetivo das suas funções, “provocando enormes perdas para a economia ao aplicar regras improdutivas”. Um exemplo é a nova lei (em vigor desde Jan/13) que obriga os veículos de entregas a levar guias eletro-nicamente associadas a faturas. Esta arcaica aplicação remonta aos dias da ditadura, e provoca “a perda de uns 2 a 3% do PIB”, diz o manifesto.

 

Como poderão as PME, a lutar pela sobrevivência, encontrar tempo e recursos para atendê-la?

 

Multar as PMEs irá trazer mais dinheiro ao fisco, mas a longo prazo custará cerca de dez vezes mais a nível de volume de negócios e em custos sociais devido à falta de produtividade e aumento das insolvências’.


Noutros países europeus as entidades públicas apoiam e acon-selham, antes de multar. A aplicação pedagógica da lei beneficia todas as partes. “Já é tempo do governo ouvir o setor privado e depositar um pouco de confiança em nós, como acontece noutros países europeus.”

A burocracia já levou muitas empresas à bancarrota. As PME não conseguirão obedecer estas regras: as boas empresas e a mão-de-obra qualificada deixará o país. No atual clima económico, o governo deve fazer tudo para não as lesar ainda mais.

A dependência entre o setor privado e público é mútua. Ninguém tem uma melhor visão deste tema do que o setor privado. Ele deve ser envolvido na decisão. “Temos de fazer ouvir a nossa voz”.

 

Queixe-se às instituições que causam atritos em vez de encorajar o seu negócio, escreva aos Ministros das Finanças e da Economia. Diga que estão a aprovar leis com consequências drásticas. Não só nós temos esta visão, muitos no governo partilham-na.

Confirme o seu apoio em deixemnosrespirar@gmail.com  Escreva sff o nome e o NIF da sua empresa, a faturação antes da crise (será mantida em total sigilo) e anexe o seu logo eletrónico.

 

YES, WE CAN - TOGETHER!

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Microcrédito, PME e Exportações

Jack Soifer 17 Dez 12

Muito se escreve sobre estes temas e há muito por fazer.
 
Outros países, em situações similares, há anos, usaram boas práticas, que resultaram. É isto que detalho nos livros "Como Sair da Crise" e "Ontem e Oje na Economia". Outros já inventaram a roda. Não será a hora de a fazermos rodar?

O microcrédito em Portugal atendeu em dez anos o que o Chile atende em dez semanas e o Brasil em dez dias. Lá são associações locais, não a banca ou uma instituição central que gere os fundos. Lá há um experiente consultor a apoiar o cliente no projeto e na sua execução; ele é ainda o responsável pelo retorno do empréstimo.

Aqui ensina-se teoria de empreender, mas não se alerta para as 65 horas por semana de intenso trabalho nem para a burocracia, a inveja dos concorrentes, as armadilhas dos poderosos. Ainda não se ensina o pulo do gato de cada nicho nem se faz uma avaliação contínua dos resultados.

Estudos mostram que as boas incubadoras estão ligadas às associações, não às faculdades. Capital não falta, eu próprio tenho acesso a muito; falta gente certa com projetos realistas.

Querem atrair o capital das grandes empresas, que pouco emprego geram; e deixam morrer as PME que não recebem pelas faturas às grandes.

Enquanto a ERSE, a ANACOM e as agências ditas de controlo nada controlarem, muitas boas PME morrerão e bons empresários emigrarão.

Podemos exportar o dobro; é preciso apostar nas PME para os nichos em dezenas de novos mercados. A AICEP faz pouco. Só com experiência é possível lucrar na China, Angola e Rússia. Vender é receber sem perder. É fácil receber de 20 outros países para onde não exportamos. Miniexportadores, como a Jóia do Sul, o osteopata Filipe Gonçalves e a Auto-Quimzé atraem libras, mas são praticamente menosprezados internamente.

Temos um enorme potencial. Estamos à beira de perder a corrida. Como digo nas palestras, YES WE CAN - TOGETHER!

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Second hand

Jack Soifer 11 Dez 12


















A recessão vai piorar. Ao contrário do que dizem os políticos, o pior ano será 2013.


Uma boa oportunidade de negócio em tempos de crise é o comércio de roupas e calçados pouco usados, em geral de boa qualidade que podem precisar de retoques ou apenas lavar.

Em vestidos, vira-se uma gola ou adiciona-se uma renda para tornar a roupa quase única. Nos sapatos, troca-se salto ou sola ou cola-se uma fita, e já está novo. Em fatos, adiciona-se a tampa do bolso ou um friso. Um casaco de cabedal pode ganhar um forro ou punho novo.

Em Espanha, a rede Tienda Grátis, em geral ligada a instituições sociais já é um sucesso. Na Alemanha, a Umsonst Laden tem umas 90 lojas, na Holanda 40. Na Escandinávia, onde se chamam Second Hand tem clientes fiéis. Muitas trabalham com voluntários e a receita, paga a renda, custos e algum salário, vai para ONG. Em muitos concelhos há, junto a hipers, uma caixa de coleta, como já há em poucos concelhos de Portugal.

Há também empreendedoras que, com o micro-crédito, focam o negócio num público seleto, como profissionais liberais que precisam mudar a coleção uma vez por outra. Aquelas, quase sempre, foram despedidas de fábricas e dominam o metier e em geral têm uma máquina de costura profissional no fundo da loja. Precisam apenas de orientação em vendas.

A loja deve abrir das 11 às 20h, para os que, após o trabalho, queiram aí espreitar. E sábado à tarde também. Divulgue com entrevistas nas rádios e semanários locais. Ofereça desconto no quarto retorno; e para cada cliente, três cartões de visita e um bonito cartão-postal da sua loja, já com selo, para ela enviar a amigas. Custa pouco, vale muito.

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Criatividade na Indústria

Jack Soifer 10 Dez 12

 

 

 

 

 

 



Fala-se muito de empreendedorismo, criam-se planos e projetos, há cursos e seminários. Mas, na prática, nada muda.  

Portugal tem muitos empreendedores e ótimas ideias. Milhares de planos de negócios circulam, apesar de se alegar haver falta de capital. Mas a verdade é que há poucos projetos exequíveis, pois os planos baseiam-se em desk-surveys, e não em entrevistas com os reais potenciais compradores e numa análise SWOT.´

Há alguns empreendedores dispostos a darem mais de si, a trabalharem 70h/semana e a individualizarem a oferta. É disto que o mercado necessita. Nunca antes vi tanto capital de risco disponível, mas nós, investidores, saímos de Portugal por falta das caraterísticas dos que nos chegam, não por pouca criatividade.

Outro fator vital para o sucesso na crise são as condições de concorrência, pois, mesmo com a Troika, continuamos a não ter um mercado livre. Boas invenções são travadas assim.
 
SABIA QUE...
... o motor a diesel vegetal foi inventado
por Rudolf Diesel em 1892? Foi depois "morto" por impedir o uso de gasóleo mineral.

... o motor a biogás foi amplamente usado na II Grande Guerra, 1941?

... o motor a hidrogénio foi apresentado em Paris, numa tese de doutoramento em mecânica em 1963 (estive lá)? O projeto foi comprado por uma grande empresa que o queimou, pois o lucro das fábricas está em vender peças sobressalentes.

... há carrinhas elétricas para distribuir leite em Londres desde 1951?

... a energia eólica é usada desde 800 A.C. para bombear água e moer trigo?

... a tecnologia laser foi publicada no Scientific American em 1961?

... o comboio pendular tipo Alfa foi testado na Suécia em 1978?

... a primeira transmissão de TV digital terrestre, vi na Philips, em 1985?

 

Quem trava a venda dos produtos bons para a população? E porquê?

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Provavelmente a notícia publicada pelo jornal Público sobre a morte da enfermeira que deu informações sobre a duquesa de Cambridge não é das mais importantes do mundo. Por essa razão o artigo recebido na redacção do diário Português, directamente da agência Reuters, foi quase de certeza entregue a um estagiário. A ordem dada pela chefe deve ter sido qualquer coisa como isto: "pega lá nesta peça e traduz isto para Português". E assim foi. Acontece que o jornalista ou a jornalista responsável pela versão doméstica nem sequer soube ligar os pontos do artigo e torná-lo um "pouco mais relevante" para a matriz histórica e cultural de Portugal. Escreve (traduz) o jornalista que "as autoridades do hospital, citadas pela BBC, consideraram Jacintha Saldanha  - de ascendência indiana, mãe de dois filhos" (...). De ascendência Indiana? É óbvio que o apelido Saldanha é de origem Portuguesa. Talvez o jornalista responsável pela peça nunca tenha ouvido falar no Império Ultramarino Português e os filhos deixados no sub-continente Indiano. Pode ser que assim não seja, mas a enfermeira de nome Jacinta Saldanha parece ter relação com um ou outro Saldanha. Em suma, em jeito de leitor irritado pela falta de brio do alegado jornalista, qualquer que seja a matéria a noticiar, existe sempre a possibilidade de acrescentar mais uma dimensão aos factos apresentados. O "profissional" que "não assina" a versão Portuguesa revela falta de brio ou ignorância em relação à própria história do seu país. 

 

(publicado em primeira mão no blog Caleidoscópio no mesmíssimo formato!)

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