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Blogosfera que Pica
Artur de Oliveira 31 Mai 13
Anabela Melão 31 Mai 13
Estamos todos a coberto de uma nostalgia nunca antes ensaiada, nunca antes experimentada, apanhados num turbilhão de uma crise de valores transversal à sociedade e que toma vida própria, como um fantasma, no dia a dia de todos nós.
Há quem entenda que a crise que o país atravessa se deve ao estilo de vida dos portugueses, que teriam adoptado uma "vida de cigarra" em vez de uma "vida de formiga", desde que entrámos no euro. Somos muito dados a essa “coisa” extraordinariamente portuguesa que é a saudade e o fado, e isso pode ter-nos impelido para algumas cantorias que pagamos a preço de oiro (basta ver as lojecas que proliferam, como coelhos, como cogumelos, a cada esquina).
Mas esta devastadora crise não é de hoje. Desde 2001 que Portugal cresceu a pouco mais de 1% ao ano, situando-se muito abaixo da taxa de crescimento dos países que, até aí, rivalizavam connosco, mais ou menos em pé de igualdade, na União Europeia. Nesse período, a Grécia e a República Checa cresceram cerca de 4% ao ano, a Eslováquia 6% ao ano e os países bálticos mais de 8% ao ano. No ranking do PIB per capita, Portugal foi ultrapassado pela República Checa em 2005 e em 2008 foi ultrapassado pela Eslováquia e pela Estónia. E, a partir daí, é o descalabro conhecido!
Estudos feitos confirmam que Portugal irá pagar, nos próximos dez anos, o compromisso de amortização de uma dívida que, a breve prazo, chegará ao triplo do que se pagou em 2012. Trata-se, cada vez mais o admitem, de uma dívida impagável. As manifestações a que hoje assistimos não são mais que o produto de uma mobilização de indignação que, em última linha, chegam mesmo a questionar as razões da democracia!. A falta de alternativas sólidas da esquerda à direita oferecem-nos discursos baralhados, a começar pelas hipóteses de coligações pelo PS à sua direita, descaracterizando, assim, os eleitorados do PS e do CDS-PP. Se a crise vale para ultrapassar estes dogmas, pode ser que sim, desde que ambos comunguem de uma mesma ideia: contra a dívidadura, marchar, marchar!
Um estudo da Ernst & Young conclui que o fosso entre economias prósperas e os países em crise da zona euro vai agravar-se nos próximos três anos, apontando para um crescimento da Europa a duas velocidades e colocando Portugal está no grupo dos países em velocidade lenta. O mesmo estudo confirma que o crescimento da Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal, até 2015, não irá além de 0,5%, por contraponto ao progresso de 9% que os restantes 12 países da zona euro deverão registar. Ora, o ritmo de crescimento lento, a par com a quebra no investimento público, taxa de desemprego elevada e recuo no consumo público e privado são alguns dos indicadores que definem um país “pobre”, o que significa que, sendo visível o fosso entre países relativamente prósperos do norte da Europa e os países em crise do sul do continente prosseguirá, Portugal continuará a ser um dos países mais desiguais do mundo desenvolvido, sendo aquele que a desigualdade é das mais acentuadas entre as economias europeias. Em suma, reúne as condições para ser classificado com um país pobre. Secundando, assim, um outro estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) “Divided We Stand: Why Inequality Keeps Rising”, que demonstrou que o fosso entre ricos e pobres em Portugal atingiu o nível mais elevado dos últimos 30 anos, provando que os 20% mais ricos têm rendimentos seis vezes superiores aos dos 20% mais pobres.
A par deste cenário catastrófico, o consultor Jack Soifer defende que Portugal tem um "potencial gigantesco para poder sair da crise" se aumentar as exportações e diminuir as importações, mas salienta que essas potencialidades ou recursos "não estão nas cidades, mas sim nas zonas urbanas e no mar", lembrando que a maioria dos portugueses desconhece, por exemplo, que "os grandes produtores especializados de flores, árvores bonsai, pimentos e flor de sal estão em Portugal".
Gosto especialmente desta referência ao mar. A esse mar que já nos fez ser tudo e de que hoje ninguém se lembra ou valoriza, depois de termos assistido, obedecido, impávidos, às ordens de Bruxelas que culminaram na destruição do sector das Pescas.
E quando vejo este imenso mar, quando choro o meu amado País, lembro sempre, triste e desencantada que esquecemos o que fomos e o que somos. “Ó mar salgado, quanto do teu sal. São lágrimas de Portugal!”
Artur de Oliveira 30 Mai 13
Artur de Oliveira 29 Mai 13
A nossa secção Poesia que Pica desta vez conta com Carmen Cardin, uma poetisa carioca com fortes relações com Portugal. Biogarafia aqui
José Ferraz Alves 28 Mai 13
Artur de Oliveira 28 Mai 13
A brincar, a brincar mas a crise é realmente uma oportunidade de negócio para as vendas de antidepressivos pelas farmacêuticas...
Jack Soifer 28 Mai 13
O Ministro das Finanças permitiu um alívio fiscal para investimentos de 5 milhões, sem especificar um número mínimo de empregos nem qualificar este investimento. Isto irá atrair piratas.
O investimento pirata compra uma empresa para exauri-la, retirar os seus fundos de reserva, vender prédios e máquinas e arrendá-las de volta, assinar contratos com alto lucro a curto prazo e desastroso a longo, e sair, às vezes sem pagar os atrasados aos empregados. O especulativo compra ações ou empresas a preço baixo e vende-os assim que aumentam o valor em 10 a 20%. O investimento tecnológico traz ao país ou região uma tecnologia que, integrada ao tecido empresarial local, cria mais valor para todos. No Banco Interamericano, no Mundial e no Conselho Económico e Social do Presidente Lula eram estas análises que fazíamos para estimular o investimento produtivo, nacional ou estrangeiro.
Pela proposta agora apresentada assim que o crédito fiscal for utilizado, os piratas regressam à casa mãe e deixam-nos com edifícios já vendidos à banca, que vai ao governo para cobrir o rombo.
Aqui fala-se em atrair o investimento, mas não se faz esta distinção; com frequência o especulador traz desemprego e insolvências às empresas locais exceptuando-se as que têm amigos nos governos. O bom investimento vem com frequência de PMEs com tecnologia que economiza materiais, energias, faz produtos duráveis, e assim, sustentáveis. Ela mui raramente começa com milhões.
Vários estudos mostram que as inovações não estão nas grandes, às vezes nas médias, quase sempre nas pequenas empresas. Para atrair este investimento é preciso ter em organismos como a AICEP experientes químicos e engenheiros. Eles analisam o efeito multiplicador destas tecnologias, ao avaliar a sua procura de materiais, componentes ou serviços regionais para o novo negócio.
Esta análise é vital para trazer-se para a região ou país os valores da exportação ou reduzir importações.
P.ex, um investimento que aparenta ser bom para o país, em imóveis, e gerou emprego nas décadas de 80 e 90, foi desastroso ao continuar a oferecer fogos nas décadas seguintes, e provocou um stock de 400 mil fogos sem clientes. Quase 40 MM€ que deveriam ter modernizado as PME foram para a especulação.
João Palmeiro 23 Mai 13
Hà 15 dias, dois diários portugueses noticiaram uma perseguição policial, depois de um assalto que tinha originado dois feridos e com as diferencas próprias dos seus estatutos editoriais os factos batiam certos, mas... numa mais atenta análise, as noticias que em ambos os casos ocupavam pouco mais de meia página, AS FOTOGRAFIAS NÃO! (pode o leitor passar pela experiência nas fotos em anexo, e tentar um quiz em que, comigo, em cinco participantes só um deu pela diferença). Olhe então bem (como no velhinho "sê bom observador" do saudoso Diário Popular) e repare que, entre o texto e a imagem, só o enquadramento de um acidente ferroviário é igual, tudo o resto é diferente, o local, a viatura acidentada e o comboio (uma automotora nos dois casos é verdade) são muito diferentes. Não fora eu um “train spoter” e um treinado leitor de jornais, não teria reparado na diferença, mas um comboio é azul e o outro verde!!! E num caso a carrinha está virada e no outro esmagada!!!! Tenho perguntado a mim próprio (e a alguns colegas administradores de jornais) se aquelas fotos publicadas deveriam ser mera ilustração ou se faziam parte integrante da notícia e da credibilidade da informação. Parece evidente que, num dos jornais se trata de uma foto tirada no local do acidente e, no outro, de uma imagem de arquivo; assinada num caso e no outro não; e, por isso ponho à reflexão dos meus leitores saber o que esperam da imagem e portanto avaliar a promessa do editor. 1. Neste mundo digital a imagem assume, ou a importância de nos trazer à realidade ou a oportunidade de nos dar uma explicação - seja concreta ou criada. 2. Por isso o Estatuto Editorial de uma publicação é cada vez mais importante, pois é aí que o editor e os jornalistas desse suporte de informação profissional têm de prometer aos leitores como resolver situações em que a fotografia é essencial para a compreensão da notícia; neste caso, uma das redações esqueceu-se de indicar que a foto era de arquivo, a não ser que... 3. Um leitor (bem intencionado e train spoter como eu) tenha mandado uma foto de outro acidente, enfatizando assim a sua participação na feitura da notícia... 4. Depois de ter andado às voltas com esta questão, decidi pôr de parte o meu espírito observador de comboios e eleger a questão da assinatura da foto como a central, quer enquanto provedor quer, e por isso a mais importante para o leitor, quer enquanto defensor de modelos de autoregulação dos conteúdos jornalísticos. 5. A assinatura de uma fotografia, obrigatória, está prevista em qualquer estatuto editorial, contrato de trabalho de um fotojornalista e no Estatuto do Jornalista em Portugal. Não é por isso indiferente ou um mero preciosismo. Não indicar a pertença da fotografia (a sua autoria) é uma falha face ao direito de autor, face aos estatutos legais e face à confiança prometida e reciprocamente pedida ao leitor (quando refere o facto e compra a publicação). 6. Assim no caso que vimos analisando, a principal questão para a Provedoria é a questão da assinatura da fotografia (indicação de créditos), que no caso vertente poderá traduzir-se apenas na discussâo sobre que tipo de assinatura deve ser feita quando utilizamos uma fotografia sem referência de autoria, quer face ao direito de autor (a questão das obras orfãs) quer quanto à necessidade da identificação do seu conteúdo editorial. E esta questão está principalmente relacionada com o papel da edição responsável e da participação de contributos dos leitores (ou cidadãos repórteres). Quem é o responsável por esta situação contraditória em que o mesmo acidente, com impacto numa notícia do tipo caso de polícia, é retratado por duas imagens diferentes, embora com elementos gráficos semelhantes mas em que alguns não correspondem à realidade daquele acidente, e, qual é a importância dos elementos que constituem a realidade no acto jornalístico, neste caso em que a matéria central da notícia não é o acidente ferroviário mas um caso de policia, amplamente descrito, em que o acidente ferroviário condiciona o desfecho mas não é nuclear aos factos descritos, um assalto a uma bomba de gasolina! A resposta a esta questão é fundamental numa época em que a concorrência da informação determina a importância dos conteúdos e em que a participação de cidadãos reportéres parece ser um elemento decisivo para a dianteira dessa competição, cada vez mais alicerçada na informação de proximidade. A não ser que seja apenas uma questão de preguiça e de incompetência na gestão e na busca de arquivos e bases de dados nesta época em que a comunicação de dados (na fotografia) é mais importante do que a comunicação social (factos e informações de relevância social).
José Ferraz Alves 23 Mai 13
Artur de Oliveira 23 Mai 13
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