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O Ouriço

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O movimento cooperativo em Portugal raras vezes terá sido entendido de um modo profundo e substantivo. De uma forma abrupta e obtusa, o cooperativismo foi colocado na prateleira da esquerda, ao lado da reforma agrária, na ocupação dos latifúndios e nos manuais ideológicos de kibbutzs de algibeira. Por arrasto e como elemento decorativo, temos os bigodaças, os ranchos folclóricos, os cantares, as pás e enxurradas, as "foi-se" e os martelos. O socialismo instituído à força pela mão de planos quinquenais nessa Europa (fora) de leste, ajudou a barrar um preconceito na olaria da política. Cooperativismo é a mesma coisa que comunismo. Cooperativismo é a mesma coisa que socialismo. Mas se formos científicos, analistas de funções e módulos, e esquecermos as doutrinas e os pandeiros, poderemos observar certas contradições ideológicas e culturais. Cá vai uma. Os EUA será porventura o país mais cooperativista do mundo, no plano federal da associação entre os estados que o compõem, mas também no plano cívil, na forma espontânea como as comunidades locais se organizam em torno da edificação de projectos de índole colectivo. O país sem se implicar nos conceitos operativos, pratica uma forma de socialismo civil, mas atenção, não ousem usar a palavra "suja" socialismo num qualquer lounge Americano. Serão concerteza malentendidos. Por agora regressemos a Portugal e pensemos na gravíssima situação em que se encontra o país. O grau de desespero em que se encontra largos espectros da população Portuguesa irá obrigar à (re)integração do conceito existencial de cooperação. As modalidades de cooperativismo que forem adoptadas terão de fazer tábua rasa das cores políticas e considerar apenas dois simples vectores de desenvolvimento. A criação de emprego e a produtividade competitiva. Em suma, deixou de ser relevante qual a posição ocupada na bancada parlamentar, na praça de touros, no estádio de futebol. No meu entender as pessoas que interessam já foram localizadas. As pessoas já foram flagrantemente identificadas. As pessoas têm de estar no centro das nossas preocupações. O resto são detalhes e rancores. 

 

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4 comentários

De Manuel Dias a 13.04.2012 às 16:37

Caríssimo
Associativismo, cooperativismo, trabalho associado, mutualismo, são referências que me são caras desde novo (anos 60).
A História desta realidade em Portugal, pela relevância que tiveram desde finais do século XIX até aos anos 80 do século passado, está por fazer e, por este caminho, continuará arredado dos manuais escolares.
Claro que esse é o caminho a percorrer mas também necessário de reinventar.
No entanto e pelo que diz, julgo que desconhece o que foi o movimento cooperativo operário do pós 25 de Abril até ao primeiro governo de Mário Soares. Junta-o às UCPS porque ignora que as esquerdas de então nunca conviveram bem com as iniciativas de base operária. Eram demasiado livres ...
De resto, tudo bem.

De John Wolf a 14.04.2012 às 08:31

Caro Manuel, Viva!
Obrigado pelo comentário que enriquece o debate. De facto, temos de repensar na lógica sociológica pura do conceito cooperativo. Se outrora a ideologia impunha as regras do jogo, agora somos obrigados a pensar a sobrevivência e a vida digna das populações. E o cooperativismo tem um lugar próprio nesse processo.

De Mendo Henriques a 13.04.2012 às 21:00

Boa John. Chamada de atenção importantíssima Gosto da frase "As pessoas ( que interessam) já foram flagrantemente identificadas. ( mas não pelos media) A frase tem um sotaque inconfundível que refresca a nossa perceção.

De John Wolf a 14.04.2012 às 08:33

Caro Mendo, as opções tecnocrátricas, ideológicas e partidárias têm de concorrer para a mesma causa; as pessoas. Mais do que nunca, as pessoas estão no centro...

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