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Blogosfera que Pica
John Wolf 28 Abr 12
A propósito da 82ª edição da feira dos livros que se realiza no plano inclinado do Parque Eduardo VII, aproveito para partilhar esta minha impressão, que não será a primeira e quase de certeza que não será a derradeira. Enquanto a festa editorial se faz em torno das vendas promocionais de livros e o convívio de leitores e autores, sob os auspícios da sombrinha de esplanada, o país enfrenta um drama incontornável, uma dança distante da lambada ou das lombadas de tomos imprescindíveis. Enquanto a celebração ocorre numa espécie de território utópico de primazia cultural, pergunto onde se encontra o quotidiano do livro? Os livros parecem ter ido de férias durante os doze meses do ano. Não avisto leitores no metro, nos autocarros da Carris, nos comboios regionais ou nos rápidos, nos jardins estrelados que oferecem tapetes esplendorosos, nas pastelarias que se repetem em cada rua e na paragem efémera do tempo acelerado pela compressa laboral. E por esta razão o país irá enfrentar ainda maiores dificuldades para se reinventar na senda da recuperação económica. A matriz cultural é a malha a partir da qual se podem coser as linhas de recuperação, seja económica seja social. Enquanto os agentes culturais não entenderem este fenómeno de massas obrigatório, através do qual a leitura emerge do beco sem saída, não vale a pena inscrever grandes dedicatórias nas primeiras páginas da novela.
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