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Blogosfera que Pica
Mendo Henriques 8 Mai 12
A "polémica entrevista" de Mário Soares, aqui bem relatada pelo Nelson Faustino, é semelhante às manifestações de estudantes. Pode não ter razão nos razões que invoca mas tem-na nos males que denuncia. E o mal que o dr.Mário Soares denuncia é fundo e é grave: o estado português deixou dominar-se pelos mercados, areboque de outros mais poderosos. Verdade que vale para Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates e este agora.... Fizeram-na bonita! A enorme preguiça intelectual dos governantes portugueses (só expeditos nas manobras politiqueiras do género ongoing) não os deixou perceber que o mundo mudou radicalmente com a globalização e a desregulação imposta pelos países mais poderosos, e estupidamente aceite pela União Europeia....
Os nossos governantes não perceberam que, há mais de uma década, o triunfo absoluto das ideias económicas inflexíveis de neo-conservadores como Friedrich von Hayek e de neo-liberais como Milton Friedman, e outros defensores da nova ordem mundial, como Francis Fukuyama, criaram um mercado global sem regulação. Um casino onde a China entrou por via da OMC. Esqueceram-se esses excelsos e obtusos defensores do mercado livre, que sem os contrapesos do poder democrático, não adianta ter as liberdades que a democracia oferece. Democracia e capitalismo não estão tão intimamente ligadas na teoria e na prática como se assume. A democracia tem uma série de princípios, alguns deles divergentes e outros compatíveis com os princípios fundamentais do capitalismo. Os que se deixaram deslumbrar com os booms do capitalismo, agora que lhe roam os busts. Como ensinou Lonergan, pensassem antes que o lucro também é dividendo social e fechassem o casino enquanto era tempo. Mas como diz Keynes, os estadistas nem sabem a que ideias de economistas já mortos, estão amarrados
Agora é tarde. Os choques são cada vez mais fortes entre governos democráticos e grandes empresas e mercados financeiros e os seus porta-vozes que são as agências de regulação. Agora o jogo tornou-se brutal, "hunger games" em que os suicidas começam a fazer uma fila tão grande quanto a das empresas falidas, na Grécia, Espanha, Itália e em Portugal, numa casa perto de si.
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