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O Ouriço

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Sem Escudos?

John Wolf 20 Mai 12

 

  

Passados os calores da euforia em torno da campanha do Pingo Doce e, após alguma reflexão na secção dos frios, aproveito para partilhar sem descontos algumas considerações. Em primeiro lugar e para que fique assente; declaro-me apoiante dos fragilizados, dos oprimidos económica e socialmente, e nessa medida, se os clientes do Pingo Doce viram o seu rendimento disponível crescer, em virtude do desconto de 50%, então que venham mais dias de promoções em datas santas, feriados nacionais ou internacionais. Se no fim do mês da campanha do Pingo Doce, as famílias que se encontram para além do limiar da dignidade mínima, conseguiram esticar os seus parcos meios financeiros, fico feliz por isso. Mas esse debate ético financeiro não é o que me conduz a esta curta dissertação. O que sucedeu de um modo não intencional, e sem que se tenha dado por isso, foi um teste de laboratório, uma simulação de um cenário macroeconómico resultante de uma hipotética saída de um sistema de divisas. O que aconteceu pode servir para demonstrar o tipo de relação económica que se estabelecerá entre países com divisas e economias com forças distintas. Se Portugal for obrigado a sair do sistema monetário e regressar a uma nova modalidade de Escudo, e por hipótese a Alemanha continuar a adoptar o Euro, que relação cambial será estabelecida? Será uma relação de 2 Escudos para 1 Euro? Ou de 3 para 1? Se as moedas voltarem a representar a força das economias que as emitem, então muito provavelmente um desconto, de 50% ou mais, poderá ser a norma. Significaria que os clientes "estrangeiros" seriam atraídos para o cerne do desfalecimento cambial para aproveitar a força das suas moedas. Para melhor imaginar esse evento basta imaginar um "Pingão Doce", um país inteiro avassalado por clientes detentores de moeda forte. E é aqui que pode residir alguma virtude na (re)adopção de uma moeda nacional; a possibilidade de realizar um "descontão" nacional. Numa primeira fase o sector do turismo será o mais intensamente beneficiado, mas numa segunda fase os restantes sectores da economia seguir-lhe-ão a tendência. O que aconteceu no dia 1 de Maio serviu de teste, como se de repente todos aqueles clientes estendidos por filas intermináveis fossem Alemães com Euros com um poder de compra notável face ao Escudo...Yah, Danke!

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1 comentário

De Bruno Alberto a 20.05.2012 às 20:52

Seria o paraíso de facto; não fosse individual e colectivamente estar tudo endividado em euros.

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