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Blogosfera que Pica
John Wolf 15 Set 12
A poucas horas do arranque oficial da manifestação - "que se lixe a troika"-, pergunto se o evento irá ser o espelho da calma. O patamar que se segue à mobilização pacífica que faz verter para a rua o deseguisado mais profundo, o extremar de posições. E de um modo mais importante, se as palavras ampliadas pelo coro das massas, tem efectivamente o poder para alterar o decidido em contrato e assinado pela irreversibilidade. De um modo desapaixonado e pretensamente analítico, não me parece que o governo altere o discurso da acção tomada. Este governo não volta atrás, não baixará a fasquia colocada no limite da indignidade e o povo reduzir-se-á a uma outra definição. A uma população recenseada pela insufuciência, mas ainda expectante em relação à mão visível de um estado há muito falido. Que estado - um monstro que dá e tira. Passa para cá o meu. A entidade de compensação que tira aos ricos e dá aos pobres. No meu entender este ciclo económico e social tem os dias contados. Esperemos que uma nova cidadania possa emergir de um modo civil para tomar conta dos assuntos que até agora foram apropriados pelo estado. Talvez assistamos ao parto da sociedade civil e ao desfalecimento da representatividade nos moldes em que a conhecemos. Chegou o momento do espírito combativo migrar para o campo da construção colectiva, a bem de todos. E é aí que reside o busílis da questão. A matriz cultural do país ainda está convencida que a culpa é sempre do cozinheiro. Dos malditos que foram colocados no poder. A autoridade encontrada nas repartições, na arrogância intelectual, na altivez das artes, no conluio de uma autarquia amiga. Enfim, a doença não se confina à assembleia mais próxima. Ela anda na estrada. Na negação da coisa pública. Chamem-lhe república se quiserem.
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