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O Ouriço

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In gold we trust

John Wolf 19 Jan 12

 

O dia 15 de Agosto de 1971 ficou na história, entre outras razões, devido à decisão do presidente Nixon em abolir a convertibilidade do dólar em ouro. Previamente a essa data qualquer cidadão dos EUA, munido de um "In God we trust" poderia converter o "papel" num bem fisicamente indestrutível com um valor intrínseco inabalável. Ao contrário da impressão de divisas, a produção de ouro não acontece com o estalar dos dedos de banqueiros centrais, ao bel prazer de políticos irresponsáveis, que findam mandatos e deixam legados de destruição na forma de inflação, resultante da inundação do sistema financeiro com divisas. O ouro tem essa natureza finíta, enraízada na psique colectiva, desde a antiguidade. Assistimos subrepticiamente à (re)emergência de ouro como moeda de reserva "de facto". Paulatinamente, e em especial desde a demise dos Irmãos Lehman em 2008, os Bancos Centrais por esse mundo fora, passaram a ser compradores de bullion, de um modo relativamente silencioso para não fazer disparar o preço de cada onça. Acresce a este comportamento uma alteração assinalável; o início do divórcio entre o dólar americano e o ouro. Ou seja, historicamente caminhavam quase sempre em sentidos contrários, nunca sendo um casal exemplar, mas mais recentemente com a introdução do Euro no jogo, o "ménage a deux" passa a trés, numa ótica restrita, se excluirmos o Yuan chinês e outras moedas. Nos últimos dez anos, os investidores, e aqueles com uma visão prospectiva, alicercada na história do século passado, passaram a poder ser detentores de ouro de um modo "remoto", sem ter de o deter em barras na insegurança de um cofre ou esmagadas pelo peso relativo do colchão da cama de casal. Por via de ETFs (exchange traded funds) - fundos que negoceiam em bolsa numa base diária, à semelhança de outros títulos accionistas, os "aforristas" podem adquirir, nas quantias que entendem GLD (este é o símbolo do fundo dedicado a ouro) - um ETF que acompanha e representa o preço da onça de ouro. Através de qualquer balcão de corretor é possível dar ordem de compra e venda, sendo que o ouro permanece na origem, e o titular passa a deter uma representação do mesmo. Sem me alongar muito sobre a matéria, levanto outras questões pertinentes. O uso de ouro, ou seja, a sua aplicação em termos industriais e no contexto de uma eventual retoma das economias. Poderemos afirmar sem reservas que o ouro não tem grande aplicação industrial, pelo que existe um parente próximo que começa a preencher os requisítos de moeda de reserva para além da sua aplicação industrial em vários sectores da economia. A Prata, chamada em inglês de "poor man´s gold" encontra-se, em termos históricos, bem longe do pico verificado em 1980 (50 dólares a onça) nos Estados Unidos, no contexto da inflação estagnante que assolou essa e outras economias do sistema mundial nos anos 70 e coincidiu com a crise petrolífera. Presentemente, o ouro encontra-se perto do seu recorde histórico, e isso é um aviso sério para aqueles que queiram embarcar neste comboio. A Prata, à semelhança do ouro, torna possível a sua participação  através de um ETF confeccionado para o efeito, cujo símbolo é SLV. Penso que de um modo genérico se tornou obrigatório  pensar em alternativas resistentes às intempéries que têm feito tremer as nossas certezas. Se o dólar americano e o euro estão em causa, mesmo que não desapareçam do mapa, é natural que se procure um refúgio que garanta a sobrevivência das parcas poupanças, em tempos de grande agitação, austeridade e inflação. Sem o percebermos, porque não foi declarado de um modo político, regressamos porventura ao início de um novo padrão, fundamentado na dimensão física e existencial da economia, e não na virtualidade. Não creio que assistiremos a uma solução pura, que exclua as demais, mas convém aplicar o axioma basilar: a diversificação do património. Para acompanhar os raciocínios académicos e pensamentos colhidos da rua e oferecidos pelo cidadão comum (que mais nos interessa!), sugiro dois sites; www.marketoracle.co.uk e www.seekingalpha.com. Mais importante do que aproveitar a receita de outrém, será quase obrigatório iniciar um processo de reflexão tendente a tomadas de decisão que possam ser explicadas pelo próprio. Dito isto, acrescento, nada do afirmado aqui constitui uma recomendação da minha parte, mas uma fatia de um caos de elucubrações, interminável, com retorno possível.

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2 comentários

De Balhau a 19.01.2012 às 19:22

Excelente reflexão. Os meus parabéns.

De John Wolf a 19.01.2012 às 23:00

Caro Balhau, muito obrigado. Cordialmente, John

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