O Ouriço © 2012 - 2015 | Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Blogosfera que Pica
José Ferraz Alves 25 Fev 13
É agora do conhecimento público a intenção de uma historiadora brasileira "querer de volta para o Brasil o coração de D. Pedro", para investigações do teor da sua morte.
Do site da Câmara Municipal do Porto. "D. Pedro IV ficou na memória dos portuenses como símbolo de liberdade, patriotismo e força de vontade que, desde sempre, moveu a Cidade e os seus habitantes. A participação e o grande envolvimento da Invicta nas lutas liberais (1832-1833), sensibilizou particularmente o monarca. Entre o Verão de 1832 -1833, a cidade sofreu enormes privações. Um ano de destruição física e moral que terá sido reconhecido, pelo Rei Soldado. A grande empatia e gratidão que sentia pelo Porto, leva-o, logo após a vitória liberal, a honrar a cidade com a sua visita. O período de permanência na urbe (26 de Julho a 6 de Agosto) foi preenchido por diversas cerimónias civis, religiosas e militares. Destaca-se a entrega das chaves da Cidade, pelo presidente da Câmara, à Rainha. A cerimónia terminava com uma oração de graças e um "Te Deum", na Igreja da Lapa. É também nesta Igreja que, em 1835, por vontade testamental, o seu coração foi depositado."
O coração está à guarda do Presidente da Câmara do Porto e da Irmandade da Igreja da Lapa, que espero saibam representar os sentimentos dos portuenses, a quem o coração foi doado. Por isso, como cidadão, sugiro que a senhora investigadora venha cá, para estudar o coração, em parceria com a Universidade do Porto. E agradeço a esta historiadora e ao Brasil terem-nos alertado para esta situação e do seu interesse por um soberano incomum e que soube superar a sua própria morte.
Que cidade mundial pode apresentar como seu património o verdadeiro amor de um soberano, representado pelo seu coração? De um rei tão crucial para a História de Portugal e do Brasil?
De acordo com dados do Turismo de Portugal, o Norte teve 500 mil hóspedes no primeiro trimestre de 2012. Dado que há uma permanência média de 1,9 dias na Região, e mantendo para o resto do ano a mesma proporção, o Norte foi visitado em 2012 por pelo menos 1 milhão de pessoas externas à região.
Do conhecimento que tenho de projectos de animação virtual e cinematográfica para museus, 500 mil euros (com apoios de 65% de fundos comunitários, não considerados) seriam suficientes para a construção, na Igreja ou nas Instalações Militares adjacentes, de um enquadramento apelativo e moderno à personalidade e história de D. Pedro, e muito virada para novo fluxo de turistas, vindos do Brasil. Os custos correntes/ano (pessoal, segurança, investigação e manutenção) não seriam superiores a 450 mil euros. A renda financeira associada ao investimento inferior a 50 mil euros. A existência de instalações militares próximas ajuda à logística e à segurança. A requalificação pedonal adjacente, mais um contributo para o projecto.
Se existente um Museu na Igreja da Lapa associado à memória de D. Pedro e da época em que viveu, a cobrar uma média de 10 euros por vista, as receitas seriam de 10 milhões de euros/ano, para o milhão referido. Mais de 9 milhões de euros/ano ficariam disponíveis para as obras de reabilitação do património religioso, inclusive da nossa Igreja dos Clérigos. Quem tem uma renda anual assegurada de 9 milhões de euros, pode assegurar imediatamente um crédito de 150 milhões de euros. Isto é o empreendedorismo social, a capacidade de criar receitas sem recorrer à caridade.
Não nos podemos limitar a reivindicar dinheiro destes e daqueles. Temos as condições para o gerar, internamente. O coração de D. Pedro deve estar no roteiro de visitas que os nossos irmãos brasileiros fazem crescentemente à Europa. D. Pedro doou o seu coração grato e para ajudar o Porto. E escrevo esta proposta, sabendo que só encontrarei num dos candidatos à Câmara do Porto a mui nobre e leal humildade de saber escutar e fazer o que o Porto lhe pede.
José Ferraz Alves
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.