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O Ouriço

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E a história repete-se

Jack Soifer 26 Jan 12

 



 

Reclama-se da baixa ocupação nos hotéis e culpam a crise. Ora a crise é geral, não há como mudá-la. Então, o que podemos fazer? Melhorar o nosso produto, destino ou atendimento? Seja como for, os hotéis, pousadas, aldeamentos estão cada vez mais confortáveis e lindos. As vilas e cidades continuam ajardinadas, limpas, simpáticas. O povo fala docemente a língua dos turistas internacionais. O que melhorar? A qualidade no CRM! Avaliar a qualidade e a satisfação é fácil ensinar, mas fazer isso bem é mais difícil.

 

Aí pecam os hotéis e os concelhos. Os inquéritos de satisfação são pouco usados, pois são vistos com frequência pelos turistas como um aborrecimento, em horário impróprio. Pergunta-se sobre a praia, os passeios, as pousadas, mas não sobre os incidentes. E por isso eles continuam incólumes, sem medidas preventivas á vista. Os incidentes são pouco frequentes, mas em geral acontecem justamente com os formadores de opinião que, a longo prazo, influenciam os de maior poder de compra. Será que o Algarve ficará como a Costa do Sol, mal frequentada e com degradação urbana?

 

Ao chegar a uma cidade, hotel, restaurante, táxi, banco, deve-se testar o atendimento. Pergunta-se a local e hora de culto religioso, onde encontrar um técnico  para tirar o calcário do esquentador, onde comprar um adaptador de tomada americana (retangularpara uma ficha europeia (pino redondo) ou como transferir dólares para uma conta no Brasil. Nada de tão anormal. Mas a resposta normal é a do costume: “não sei”. Bem educada, mas inútil. Nas formações que eu dei, cheguei a ajudar empreendedores da área de turismo a elaborar os seus manuais com FAQ´s para os funcionários consultarempelo menos uma vez por semana, pois podem surgir atualizações. E isso devia ser válido para todos os ramos de negócio.

 

Lembro-me de um alemão reformado que certa vez explicou ao gerente de um banco em Albufeira que não dominava a internet e por isso mesmo não conseguia fazer os pagamentos importantes por essa via e nem sequer conseguia receber a sua reforma. O gerente foi inflexível, insistindo que o senhor devia ir ao balcão e pagar os serviços daquela forma, em vez de usar os formulários gratuitos como nos bancos postais alemães. A família do tal senhor, incluído um irmão reformado e um filho que investiam nessa região, movimentavam milhares de euros por mês nesse banco. Encontrei-o num café pouco depois do sucedido e ele disse-me queria mudar de banco e de cidade, e até vender os seus imóveis. Quem refletiu sobre o porquê de haverem milhares de casas à venda, sem interessados? E outras milhares vazias, sem arrendar, mesmo a baixos preços? Por que é que o restaurante prefere ficar vazio 9 meses por ano a baixar os seus preços irreais?Por que é que a intransparência, prostituição e criminalidade aumentam? Ficam as questões a que só uma boa gestão pode dar resposta.


 

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