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O Ouriço

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Sobre a Síria e o Médio Oriente

Artur de Oliveira 30 Jan 12

 

 

 

 

 

A "onda democrática" que tem atravessado os países árabes está a gerar muitas expectativas perante a comunidade internacional, mas no entretanto há que fazer algumas considerações sobre factos que estão a ser ignorados pelos noticiários ocidentais. Uma destas considerações relaciona-se com os verdadeiros interessados na queda de  governantes árabes tradicionais como Hosni Mubarak e Bashar al Assad.

 

O Governo de Bashar al Assad foi marcado ao longo dos anos por uma evolução económica e social, que não agradou às camadas mais conservadoras da política síria, bem como aos religiosos. A Síria é um país de maioria sunita, governado por um presidente originário da minoria xiita de ramo aluíta, que noutros momentos da história síria e da história islâmica, foi perseguida pelos governos anteriores a Hafez al Assad, inclusive pelo governo tirânico de Saddam Hussein no Iraque.

 

 

Ao contrário do que os media ocidentais querem-nos fazer-nos acreditar quanto ao regime "opressor e ditatorial" de Bashar al Assad, nunca se viu tamanha evolução económica naquele país. Basta analisar os dados econômicos de todo o período em que o Bashar al Assad está no poder, conseguindo a incrível façanha de aumentar a exportação de seus produtos. Nos últimos anos, à exceção de Israel e Dubai, a Síria foi o país que mais se desenvolvera naquela região, e, em consequência, diminuíra drasticamente a imigração de jovens, graças aos empregos gerados e a estabilidade da economia, que outrora tinha inflações galopantes, o que impossibilitava ao povo ter uma qualidade de vida satisfatória. Há relatos credíveis de que nas ruas de Damasco as mulheres vestem-se com roupas ocidentais e havia até há pouco tempo um grande número de turistas que impulsionavam a economia local.

 

 

A laicização do Estado Sírio promovida pelo seu atual Governo, não agradou aos setores políticos conservadores, que viram com maus olhos a criação de uma constituição democrática nos padrões de países como Brasil e Portugal, bem como a modernidade nos padrões de comportamento dos jovens, que não são grandes frequentadores de mesquitas. Na Síria, o anti-semitismo é punido com cadeia, por exemplo. Inconformada com a laicização e a tolerância com não muçulmanos, a minoria  ultra-conservadora uniu-se àqueles que depuseram o Hosni Mubarak para derrubar o Governo de Bashar al-Assad. A tão temida “Irmandade Muçulmana”, que sempre apoiara grupos terroristas (e é de onde vem o actual líder da Al Quaeda Ayman Al Zawari) foi a responsável pela queda do Governo Egípcio, por ter mantido relações amistosas para com Israel (apesar de algumas tensões pontuais), bem como por laicizar o Estado Egípcio. Para aqueles que não conhecem ou pouco sabem sobre como atua e como pensa a “Irmandade Muçulmana”, basta dizer que se trata de um grupo político formado pelo setor mais conservador da política, que não aceita que Estado e religião sejam separados e indissociaveis. E ainda, há relatos que indica que essa “Irmandade” é a responsável pela ideia absurda  de destruir as pirâmides e outros patrimónios da humanidade que se encontram em território egípcio, pelo fato de que são templos feitos outrora para adoração de deuses, o que não permitido pela Sharia (lei islâmica). Repetir-se-á um dia a cena absurda que os Talibans fizeram com as estátuas de Buda de Bhamian?

 

 

Aproveitando-se desta situação, o Governo Norte-americano e os seus aliados, mais uma vez promovem e patrocinam estes grupos para derrubar o Governo Sírio, devido à posição estratégica daquele país em relação ao Irão dos Ayatollahs. Mas será que vão mudar a sua política? 

 

Ora, desde que começaram estas “revoluções” lideradas pelo Hezbollah com o apoio dos citados Governos e da “Irmandade Muçulmana”, a economia síria vem-se complicando, e o fluxo de imigrantes vem aumentando consideravelmente, o que não se via desde 1943, com a saída dos franceses do País, e a divisão da região em Líbano e Síria.

 

Será que pretendem fazer da Síria mais um Afeganistão ou um Iraque? Isso não deveria ser aceite pela  Comunidade Internacional e pela ONU, mas que se pode fazer quando estes tais são submissos aos interesses dos governantes dos EUA, França, Inglaterra e Alemanha, que querem fazer do mundo o seu quintal? A Liga Árabe, que conhece toda esta situação ao pormenor e sabe dos riscos que corre ao permitir que tais Estados sejam dominados por governos aliados de grupos terroristas, calou-se e baixou a cabeça, servindo-se como o melhor capacho que pudesse existir. Aliás, cita-se que alguns dos países da Liga dos Estados Árabes, (Libano, Egito, Iraque, Iêmen, Marrocos e atualmente a Jordânia) encontram-se em situação similar à da Síria. Que dizer da Jordânia que atualmente tem tido o Rei pressionado pelas "atitudes anti-humanitárias" para com a população palestiniana do seu território, quando na verdade eles são financiados e treinados pela Irmandade Muçulmana?

 

 

A Liga Árabe perdeu a grande oportunidade de firmar o seu ideal na região. Preferiu contrariar as expectativas do povo árabe em caminhar para ser uma civilização mais digna e vergou-se à lógica do mundo econômico de que “quem tem o dinheiro, tem o poder”.

 

Da forma como as coisas caminham, o mundo em breve se tornará uma imensa Torre de Babel, e a China, juntamente com a Rússia, estão também a aproveitar-se da situação.

 

Mais vale torcemos pela manutenção de Bashar al Assad no Governo, pois se ele for substituido por um presidente fantoche dos radicais islâmicos, isso vai contribuir para um mundo mais instável do que já está com as guerras económicas e das dívidocracias emergentes. Nós os ocidentais devíamos aprender mais sobre o que se passa naquela região e saber quem são os verdadeiros inimigos.  

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