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O Ouriço

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Offshore ortográfico

John Wolf 3 Fev 12

As vozes de discórdia que se levantam em relação ao grito do Ipiranga de Belém, tem na minha opinião, razão de ser. Por mais brilhante que seja o intelectual, capaz de realizar a versão e retroversão da comédia divinal, encantar na deambulação imaterial do propósito das ideias, adormecidas na eternidade do homem comum, a sombra escura sobressai, manchando o melhor pano. O exercido sem pudor, define a escala de um abuso de posição dominante que nunca poderiamos imaginar. Quer se aprove ou reprove o Acordo Ortográfico, não se pode aceitar o decreto de um protesto, a legalização das preferências pessoais, a admoestação e submissão da cadeira colocada à disposição. O que esfumou da cantata de Vasco Graça Moura, não colide com a virtude onírica da linguagem. Bate violentamente na prerrogativa do Estado que se estende da Madeira ao ébano, numa pala contínua de tratamento conforme com a humildade de cada um. Numa visão sarcónica (sarcástica-irónica; sacro-irónica?) talvez seja a miragem perfeita que nos aprova na repetição da mesma mossa. Habituados que estávamos aos sucateiros e aos envelopes entregues por baixo da mesa tabernosa, sentimo-nos "desvirginados" pela transgressão do alegado porta voz do sublime, daquilo que se eleva sobre uma nuvem de fumo, e vai por aí, ascendendo a caminho de uma paragem celestial. O encontro sinuoso entre a cultura e a prevaricação é o que o povo intelectual não tolera. O grau de requinte da palavra atraiçoa, e é literal, central ao pior dos pesadelos. Pensámos (erradamente) que a iluminura protege os mais fortes da sua própria fraqueza. De acordo ou sem concordância.

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1 comentário

De SC a 04.02.2012 às 16:04

Não há qualquer "grito de Ipiranga" de Belém.
O Dr. Vasco Graça Moura limita-se a respeitar a lei em vigor: o decreto n.º 35 228, de 8 de Dezembro de 1945. Alterado pelo Decreto-Lei n.º 32/73, de 6 de Fevereiro.
As «resoluções» que andam por aí não podem, como qualquer aluno do 1º ano de uma faculdade de direito saberá, revogar aqueles diplomas legais e o «acordo ortográfico» não foi ratificado, pelo que não vigora na ordem jurídica internacional e, por maioria de razão, na nacional.
Que isso não seja pacífico entendimento eis o que muito pouco abona quanto ao estado cultural do país.

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