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O Ouriço

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Numa altura em que se discute a implementação do acordo ortográfico, muito às custas da recente despacho de Vasco Graça Moura que decidiu acabar com o acordo ortográfico no CCB, circula na internet uma petição entitulada "Save Portuguese at Utrecht University" (a divulgar) onde se pode ler o seguinte:

 

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Portuguese is a major language, with over two hundred million speakers worldwide, notably in Brazil, one of the fastest growing economies in the world. Portugal and the Netherlands have innumerous points of contact in their history. In today’s Europe, the ability to know more than one of the languages of the European Union and to have access to global affairs is crucial. Shutting down the BA in Portuguese language and culture is a shortsighted measure with little effect on the Faculty’s need to reduce its budget, that ignores the importance of Portuguese in academic, cultural, and global terms.

"


Qualquer pessoa que leia este trecho de texto percebe que quando nos referimos a língua portuguesa, referimos-nos a uma Babel composta com dialectos desencontrados onde se pode incluir o mirandês, o crioulo, o português do brasil, ou até mesmo o tétum-português. O dialecto por si é parte íntegra da nossa comunicação oral mas não da nossa comunicação escrita. Basta percebermos que, por exemplo, um Mirandês e um Algarvio têm dialectos diferentes mas não deixam de  usar o mesmo léxico quando comunicam de forma escrita. O mesmo é válido para linguagem cibernética, quando pessoas com diferentes dialectos e línguas, usam siglas como LOL,OMG, ROFLMAO, ASAP (As Soon As Possible) ou até mesmo o KISS (Keep It Simple Stupid).

 

Em pleno século XXI, onde as aldeias dos nossos avós se transformaram em aldeias globais, e línguas como o francês e o alemão encontram-se em declínio, a ideia de abraçarmos um acordo ortográfico é sem dúvida um milagre da inteligência e de bom senso, pois vai contribuir para a globalização da língua portuguesa, permitindo-nos estar ao mesmo tempo dentro e fora da europa.

 

Se olharmos para exemplos vindos da religião, não foi por acaso que o protestantismo se expandiu a quando do declínio do catolicismo em pleno século XVI. O responsável por esta expansão foi Martinho Lutero que após ter visitado várias cidades por forma a ouvir as pessoas falar nos seus diferentes dialectos, escreveu uma tradução da bíblia para alemão, tradução essa que também serviu de acordo ortográfico para o alemão que conhecemos nos nossos dias. Por seu turno, a expansão do protestantismo serviu também para enriquecer a diáspora línguistica de países como bélgica (que fala para além do francês e  do alemão, o dutch van Vlaanderen) e países baixos (dutch van Nederland). 

 

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4 comentários

De SC a 04.02.2012 às 16:09

O mirandês não é um diacleto do português. É uma outra língua.
O português do Brasil não é um dialecto, mas uma variante e tem numerosos dialectos.
O mesmo acontece com o francês e com o inglês, países sem reformas nem «acordos ortográficos».

De Faust Von Goethe a 04.02.2012 às 16:26

Obrigado pelo comentário esclarecedor.
Salvo estas incongruências, suponho que a minha ideia está clara e é objectiva.

De SC a 04.02.2012 às 20:08

A sua ideia é a de que um «acordo ortográfico» salva não sei o quê. Não salva rigorosamente nada. Alguém que não fale português o vai aprender porque aqui se começará a escrever receção e no Brasil recepção?
E nem vale a pena adiantar muito, porque o único acordo que teria esse papel de «unificação», que agora falsamente se apregoa, era o de 1945 - em vigor em Portugal e que o Brasil denunciou. O acordo de há 20 anos, que nem Angola nem Moçambique ratificaram não traz qualquer unificação, antes criando milhares de duplas grafias, sendo tão mau que até os seus autores o confessaram incapaz de servir de esteio a uma norma.
Em que contribui o acordo exacta e claramente para a «globalização da língua portuguesa» seria interessante saber. Para já, era útil que o Brasil atingisse num futuro não muito longínquo o grau de alfabetização do Zimbabué e que Portugal encurtasse de 21 para 10 os lugares que o afastam do nível de alfabetização da Espanha, Já era uma melhoria, embora tema estar a ser muito ambicioso. Mas, chegados àquele nível, podíamos depois seguir a sensatez dos países do Castelahno que celebrando Acordos dignos que resolveram alguns reais problemas (o último até mudou perto de 8 palavras!) vai tornando o castelhano na 2ª língua franca do mundo.
O resto é mais olhos que barriga dos tristes trópicos.

De Faust Von Goethe a 04.02.2012 às 23:11

Concordo em grande parte com o que disse. Eu mesmo sendo a favor de um acordo, como uma hipotética forma de globalizar a língua portuguesa, continuo a escrever da forma que aprendi a menos quando o sou obrigado por questões burocráticas.
Convido desde já SC a escrever um texto onde desmistifique todas as questões pertinentes que abordou para que eu publique no blog como post (nfaust@sapo.pt). No caso de aceitar o meu repto, não se esqueça de se identificar.
Mais uma vez, obrigado pelo seu comentário acutilante.

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