Passos Coelho anda a ouvir as palavras sábias de Xerife Draghi, o mesmo que na passada 5ª feira em Barcelona deu um valente puxão de orelhas a todos os líderes europeus, sem excepção (?!)

Concordo em parte com o que Maria Teixeira Alves, Rui Crull Tabosa e José Mendonça da Cruz escreveram em Corta-Fitas. No entanto, a sua posição, assim como a da associação 25 de Abril parece-me coerente, pois:

• É  preciso dar o lugar aos mais novos no que toca a gritar palavras de ordem à revolução (eles é que se têm que manifestar quanto ao desmprego jovem, por exemplo);
• A luta de Soares, Alegre entre outros pela revolução dos cravos, como se pode ler na página do Centro de documentação 25 de Abril [da minha universidade] prendeu-se essencialmente, por um aumento salarial e por uma luta pela igualdade de classes. 
   
  Portanto, as suas posições são coerentes, desde que as enquadrem com as directivas do actual executivo-que ao invés de aumentar os salários, corta-os, tal como Marcello Caetano, no período pós-primavera Marcellista (Estou a supor que UGT não vai mesmo rasgar o acordo de concertação social).
   
  Claro que poderíamos invocar outros motivos, como o facto do actual programa de privatizações do estado Português, estar a devolver- e muito bem (?!)- às suas ex-colónias, e em particular aos Angolanos, aquilo que lhes retirou durante anos, mas não quero entrar por aí. Anda por aí muita gente com os nervos em franja, e ainda só estamos em Abril. 
  
  Nem quero imaginar como isto estará em Novembro.  

«Não falta emprego, falta é gente para trabalhar»

A notícia de ontem do jornal alemão Die Welt revela,  para além do elogio de Wolfgang Schauble à vontade e à capacidade que o governo Português tem demonstrado para realizar as reformas necessárias em Portugal de forma sistemática, um pequeno parêntesis ao último relatório da troika.

Neste pequeno parêntesis, pode ler-se, de acordo com as declarações de um observador da troika ao jornal, que houve degradação do cenário macroeconómico do país no último trimestre 2011, em especial, um aumento drástico dos números do desemprego-ao contrário do esperado no programa.

É revelado ainda que a degradação do cenário macroeconómico, está inclusivé a condicionar o processo de execução orçamental, dado que a deterioração dramática das condições do mercado de trabalho, está a ter um impacto significativo no orçamento da segurança social.

Na recente entrevista ao Dinheiro Vivo, Miguel Beleza considera que as medidas para criação de empregos "são bem intencionadas, mas não são muito úteis. Quando as medidas acabam, o desemprego volta".

Tal como Miguel Beleza, estou pessimista pois vejo esta medida como uma solução de recurso da Comissão Europeia, que servirá para fazer uma pequena maquiagem nos números de desemprego, tal aconteceu na era doirada de Cavaco, onde fundos a juro 0%, foram injectados na nossa economia para se investir em vivendas com piscina e jipes?! 

Por esta razão, estou curioso em saber que tipo de incentivo receberá a entidade empregadora por criar novos postos de trabalho. Também estou particularmente curioso em saber se o ministério das finanças criará para estes casos, escalões diferenciados de IRS e IRC.

Pelos vistos os números do desemprego não batem certo com os números oficiais. Certas políticas de austeridade expressas em decretos-lei que prejudicam até os investigadores universitários de contribuir para uma melhor investigação e desenvolvimento do país  e apenas contribuem para o nosso atraso estrutural e para um aumento da taxa de desemprego que em bom rigor está nos 22,6% . Sou a favor da austeridade apenas nas despesas inúteis do Estado(salários de gestores altíssimos, fundações, empresas públicas ao serviço dos boys &girls, etc), porque cortando demasiado na receita, Portugal fica mais pobre em termos de know-how, produtividade e de poder compra que são precisamente os verdadeiros motores económicos de qualquer país.

A cartilha da troika não pode ser levada ao pé da letra e os resultados podem ser atingidos e em maior velocidade sem ter que se cortar a torto e a direito a tudo o que se mexe sem se medir as consequências reais que podem a prazo fazer de Portugal uma Grécia II.