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Blogosfera que Pica
Faust Von Goethe 21 Set 12
Tenho tentado ao máximo evitado fazer críticas, que não sejam construtivas aos actuais líderes do governo, em particular ao CDS/PP pois retirando o poder do seu líder Paulo Portas, os restantes ministros não têm um grande peso político no actual executivo. Nem nas secretarias de estado.
Como forma de contrabalançar com as actual conjuntura política, decidi rever o vídeo de encerramento do debate sobre "O Estado da Nação", em que Portas afirmou que “Portugal estar melhor no final desta legislatura do que estava no início desta legislatura”. Quem ouviu as palavras de Portas há um mais de um mês ficou com a esperança de que o que estava a ser feito estava-ou ainda está-a valer a pena.
No entanto, a conjuntura actual não valida grande parte do discurso de Portas. É verdade que os problemas dos juros da dívida e da bolsa de valores se estão a resolver. Mas este optimismo desmesurado não se deve às medidas do Governo, mas à mudança do paradigma da Europa para enfrentar a crise. As soluções apenas vieram após líderes como Mário Monti terem batido o pé a Angela Merkel naquela célebre madrugada do pós europeu de futebol em que Itália cilindrou a Alemanha por 2-0. O eventual desastre espanhol que conduziria ao afundamento de Espanha-que deve formalizar a sua pedida de ajuda externa aos membros da UE-apenas contribui ainda mais para o pragmantismo das medidas tomadas.
Recentemente, Mario Draghi decidiu tomar as rédeas da liderança do Banco Central Europeu e, mesmo contra as objecções e reservas do Bundesbank, jogou um trunfo forte com vista à salvação do euro. Do primeiro-ministro e ministros de estado desconhece-se qualquer tomada de posição a nível externo. Apenas ouvimos declarações tímidas às recentes medidas tomadas pelos nossos parceiros europeus.
A nível da política doméstica, o slogan "A nossa credibilidade é a nossa margem de manobra” mencionado por Portas no debate do estado da nação não passa de mero ruído de fundo, ou se quiserem, soundbytes. Mais austeridade que vem a caminho continua a penalizar quem mais trabalha assim como os pequenos aforradores. Por outro lado, a actual proposta para a mexida na taxa social única contempla apenas as empresas que têm um número elevado de trabalhadores.
O ónus do modelo de ajustamento Português assenta essencialmente nas exportações. E a criação de postos de trabalhos a curto prazo passará essencialmente pelas empresas exportadoras. No entanto, sabemos que empresas que têm um número elevado de mão-de-obra, apenas algumas exportam. E é provável que que sejam estas as que mais irão contribuir para melhorar o desempenho da balança comercial. No entanto, a flexibilização do mercado laboral acordada em concertação social-a lei do chinelo como alguns analistas a apelidaram-fez com os custos salariais baixassem significativamente. Já se trabalha portanto mais por menos dinheiro.
No que toca à saúde, custos salariais com médicos, enfermeiros e profissionais de saúde, em geral, ficaram também mais baratos. O encerramento anunciado de unidades hospitalares como a maternidade Alfredo da Costa assim como a fusão entre as unidades hospitalares do Hospital da Universidade de Coimbra com o hospital dos Covões mostram-nos claramente que, atendendo à qualidade dos nossos hospitais, que o futuro do Sistema Nacional de Saúde passará essencialmente pelo turismo [de saúde], o que poderá não ser mau de todo.
Tal como Portas [e Gaspar], acredito que dentro de um ano teremos a balança comercial equilibrada. No entanto, a tendência de queda acentuada do poder de compra a nível interno, irá fazer disparar as falências e o desemprego. Por conseguinte, a diminuição do número de trabalhadores a descontar irá aumentar as despesas com a segurança social. Logo, a probabilidade de não cumprirmos com as metas do défice em 2013 é bastante elevada. Em termos gerais, esta é uma das conclusões que se pode retirar após ler o Global Outlook para o quarto trimestre do banco [francês] BNP Paribas.
Já se percebeu pelas declarações de Vítor Gaspar que o povo- ou melhor, as cobaias- irão sofrer ainda mais com a actual teoria de choque. Quem esteve na manifestação do passado sábado constatou que muitas delas já estão desesperadas, outras em risco de perder o abrigo e muitas outras em risco de passar fome. Algumas já gritam umas com as outras, outra(s) se tentaram imolar - como o caso do jovem de 20 anos em Aveiro. Tudo isto fruto do aumento da agressividade que em nada contribui para o clima de paz social e muito menos para a imagem que passamos além-fronteiras.
Pelas recentes declarações de Gaspar-que recentemente esteve em Berlim com o seu homólogo alemão-o espectáculo parece ter sido interessante, porque o modelo [capitalista] por ele defendido com o patrocínio de Schaube requer [muita] competição e agressividade. Prova disso é que o seu homólogo continua a esfregar aos mãos de contente perante a possibilidade de se confirmar a teoria de que "ser bom aluno" é que realmente compensa.
Não interessa portanto se pelo caminho, vão morrer muitas cobaias, pois todos estes sacrifícios desmesurados são em favor da ciência [económica]. Com os elogios da Alemanha a Portugal, resta saber se o prémio por tal proeza será uma estátua em homenagem ao patriotismo [de Portas e de outros tantos], tal como fizeram os soviéticos aos [pobres] cães de Pavlov.
John Wolf 17 Set 12
De protesto em protesto parece ser o lema do momento. A cola de contacto que une os cidadãos em torno da mesma contrariedade. Marque na sua agenda os eventos que se seguem. Concentração na reunião do Conselho de Estado. Excursão a Belém. Visita a São Bento. E se existir um sentido etico, a consciência gritante que deseja segredar, então torna-se obrigatório bater à porta de todos os moradores, tocar à campainha de um sem número de casas do país. Para que se faça a exigência de norte a sul. Para que o protesto não exclua nenhum visado. Para que nenhum cidadão seja discriminado. Para que o que ficou de entregar ao fisco seja devolvido, as facturas sejam passadas pelos serviços prestados há vinte anos. Os jipes entregues ao stand da Comunidade Económica Europeia, e os cursos de formação devolvidos à academia inexistente. Descubra o político que há em si. O coelho sacado de uma cartola esquecida num sotão de tantas culpas no cartório. Que atire a primeira pedra quem pagou por inteiro.
John Wolf 15 Set 12
A poucas horas do arranque oficial da manifestação - "que se lixe a troika"-, pergunto se o evento irá ser o espelho da calma. O patamar que se segue à mobilização pacífica que faz verter para a rua o deseguisado mais profundo, o extremar de posições. E de um modo mais importante, se as palavras ampliadas pelo coro das massas, tem efectivamente o poder para alterar o decidido em contrato e assinado pela irreversibilidade. De um modo desapaixonado e pretensamente analítico, não me parece que o governo altere o discurso da acção tomada. Este governo não volta atrás, não baixará a fasquia colocada no limite da indignidade e o povo reduzir-se-á a uma outra definição. A uma população recenseada pela insufuciência, mas ainda expectante em relação à mão visível de um estado há muito falido. Que estado - um monstro que dá e tira. Passa para cá o meu. A entidade de compensação que tira aos ricos e dá aos pobres. No meu entender este ciclo económico e social tem os dias contados. Esperemos que uma nova cidadania possa emergir de um modo civil para tomar conta dos assuntos que até agora foram apropriados pelo estado. Talvez assistamos ao parto da sociedade civil e ao desfalecimento da representatividade nos moldes em que a conhecemos. Chegou o momento do espírito combativo migrar para o campo da construção colectiva, a bem de todos. E é aí que reside o busílis da questão. A matriz cultural do país ainda está convencida que a culpa é sempre do cozinheiro. Dos malditos que foram colocados no poder. A autoridade encontrada nas repartições, na arrogância intelectual, na altivez das artes, no conluio de uma autarquia amiga. Enfim, a doença não se confina à assembleia mais próxima. Ela anda na estrada. Na negação da coisa pública. Chamem-lhe república se quiserem.
Faust Von Goethe 15 Set 12
Se há clássico de literatura que se encaixa que nem uma luva na actual crise das dívidas soberanas que emerge na europa e, em geral, no mundo desenvolvido, esse clássico é Little Dorrit de Charles Dickens.
O enredo deste "romance" gira em torno das deficiências do governo e da crise de valores da sociedade de então, em plena revolução industrial.
A inspiração para este romance foi Marshalsea, uma das mais conhecidas das prisões inglesas para devedores, onde o seu próprio pai esteve preso por não ter pago uma pequena dívida.
Naquela época, prisões como Marshalsea eram propriedade privada. Os custos destas eram suportados pelos presos que, por seu turno estavam impedidos de trabalhar. A isso se juntavam os juros das dívidas. O tempo de prisão assim como os juros da dívida dependiam essencialmente do capricho dos credores.
Na época, o objectivo do tesouro britânico passava por impedir os devedores de ganhar dinheiro, com o objectivo de os endividar até estes serem espoliados e escravizados até ao tutano.
No seu "romance", Dickens satirizou a separação de pessoas com base na falta de interação entre as classes. Enquanto cidadão, contribui- e muito- para acabar com este negócio florescente que girava em torno de prisões como Marshalsea.
200 anos após o nascimento de Dickens, devíamos de lhe prestar o devido tributo, não reeditando [apenas] Little Dorrit entre outros clássicos, mas acabando [de vez] com esta dividocracia.
Leituras complementares:
#1: Livro Little Dorrit em formato digital.
#2: Dickens, o homem que travou Marx por Pedro Correia do blog colectivo Delito de Opinião.
#3: Blogar em tempos de crise por mim.
Faust Von Goethe 2 Abr 12
John Wolf 23 Mar 12
Memorando de entendimento para o empate de ontem.
Ponto um: a claque esteve presente mas não em números expressivos
Ponto dois: a carga policial existiu mas não foi maciça
Ponto três: o árbitro tem sempre culpa
Ponto quatro: houve e não houve simulações
Ponto cinco: houve cartões amarelos, vermelhos e roxos
Ponto seis: houve pelo menos seis pontos na cabeça de um jogador
Ponto sete: haverá mais prolongamentos e substituições
Ponto oito: o resultado é inequívoco
Ponto nove: foi um empate e o resultado não pode ser contestado
Ponto dez: Portugal foi o único perdedor
Ana Firmo Ferreira 23 Mar 12
Depois de o editorial de hoje da Ana Sá Lopes, sinto que não existe muito mais a dizer. Afinal, quais são os critérios para se ser agente da PSP? Alguém me esclarece? Porque pelas atitudes que tomam, parece que se resume a uma questão de massa muscular. O QI certamente ficou de fora dos critérios.
Peço desculpa se estou a dramatizar e a generalizar, mas a situação de ontem revoltou-me, como há muito não me revoltava.
Ora bem, vamos analisar os factos, temos uma patética (mini) greve geral, que foi um autêntico flop. Que no máximo mereceria uns oráculos de telejornal. E o que é que a PSP decide fazer para animar a malta? Dar bastonadas em jornalistas, uma delas da France Press.
Acontece que para a organização e para os arruaceiros que por lá andavam (sim, note-se que não estou a falar de quem se manifestava pacificamente pelos seus direitos, mas dos palermas que lá andavam sem saber bem porquê) esta greve não podia passar despercebida - o que é que se pode então fazer?
- Vamos provocar confusão à la Grécia - porque é tão giro e aparecemos na televisão e no youtube - e provocar desacatos com a Policia.
Estes desacatos levam-nos à intervenção policial - que faria todo o sentido se fosse feita de forma reponsável, de modo a garantir a segurança dos cidadãos, o que não aconteceu de todo. Tratou-se simplesmente de um espetáculo de força bruta, imposição de autoridade estúpida e violência gratuita.
Será que não concebem o prejuizo que causaram a Portugal?
Será que não conseguem perceber que estavam a atacar - é mesmo a palavra - de forma despropositada os manifestantes? Não percebem o conceito de desproporcional?
Será que não entendem que os tipos com camâras são jornalistas? E que estão apenas a fazer o seu trabalho?
Tenham dó...
Posto isto, estou intrigada sobre o nível de inteligência das nossas forças policiais. Não perceberam que estavam a ser provocados e que cairam que nem uns patinhos a dar espectáculo?
Não perceberam que esse espectáculo iria ecoar nos países em redor e prejudicar gravemente a nossa imagem, detruindo todo o trabalho que tem vindo a ser feito, com tanto sacrificio dos Portugueses?
Não consigo conceber qual é o objectivo de destruir a nossa imagem - de país estável e cumpridor, que está a atingir as metas definidas - e transformar a percepção da opinião pública internacional sobre Portugal, como que se tratasse de um país instável e de arruaceiros, tal e qual a Grécia.
Todo o caos e instabilidade que "de repente" assolou o país é provocado por meia dúzia de arruaceiros, forças policias incompetentes (para não dizer mais) e pela intersindical comunista. É simples.
O giro de tudo isto, é o facto de neste momento essas imagens estarem a correr mundo, comparando-nos injustamente à Grécia. Quando na realidade a "grande greve" foi um flop e a maioria dos Portugueses, que continua a apoiar o governo, estava nesse momento nos seus locais de trabalho, a fazer a sua parte para tirar Portugal da crise.
Artur de Oliveira 15 Fev 12
Faust Von Goethe 13 Fev 12
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