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Blogosfera que Pica
Artur de Oliveira 21 Jun 13
Jack Soifer 24 Jan 13
Não precisamos inventar a roda nem engolir o que outros nos impingem.
Há 15 anos a Argentina passou por uma crise pior do que a nossa. Não aceitou as ordens do FMI, declarou moratória, desvalorizou o peso, deixou a banca podre falir, mudou o modelo económico.
O governo voltou a governar.
No auge da reforma, quando o desemprego tocou os 25%, os concelhos deixaram a sociedade civil usar os locais das fábricas abandonadas, para lá voltar o comércio real, i.e, a troca de produtos, usando a moeda do município.
Sem especuladores, a avó vendia lá uma jóia ou móvel que já não precisava e com o Cordobal, a moeda local, comprava alimentos directamente do produtor, como tomates; este pagava então o bidão de diesel da Galp regional.
Desde 2008 faz-se o mesmo num concelho do Nordeste do Brasil, articulado com o micro-crédito para os desempregados. A grande distribuição importa alimentos e produtos nocivos e os cartéis mandam mais que os governos. O consumidor ali tem opção.
Na Argentina caiu a compra de supérfluos, as transnacionais que não aceitaram o novo modelo deixaram o país e no lugar delas vieram milhares de PMEs nacionais, a vender menos caro. Pois é falso que a maior escala leva ao menor preço - depende do saco azul e das off-shores.
A Argentina saiu da recessão em 4 anos; a Dinamarca levou 12 os EUA toda a era Clinton, 8 anos. Em 6 anos ela cresceu 7% a/a e só em 2010 caiu para os 2%. Austrália, Brasil e o Canadá, p.ex, não entraram em crise. Na UE, Polónia e Suécia, também não; nesta o PIB subiu 4,2% e a bolsa 22% em 2010.
Como? Nenhum deles tem o Euro! Hoje vendemos dívida para pagar débitos, os Euros não ficam cá, não criam emprego. Na moratória só pagaremos os juros, e o principal já vencido será pago quando o aumento do nosso PIB superar os 2%. Ao sair do Euro, Irlanda, Áustria, Hungria e Grécia nos seguem. Basta ameaçar e os grandes nos ouvirão. E voltaremos a exportar o melhor da nossa boa terra.
Que tal voltar a plantar (usar) tomates?
Artur de Oliveira 23 Jan 13
O nosso país está a passar por sérias dificuldades, como todos sabemos… mas temos de ser positivos, encarar o desafio e tentar superá-lo e superarmo-nos a nós mesmos em vez de não passarmos de treinadores-de-bancada eternos, e eternamente descontentes e devotados ao “bota-abaixismo” nacional… há muito por onde começar, muitas ideias e medidas que podem, com trabalho e empenho de todos, ajudar Portugal a superar esta crise. Não podemos é deixar que nos iludam com soluções aparentemente fáceis ou milagrosas.
Artur de Oliveira 14 Jan 13
Pergunto-me porque é que o BCE não pode emprestar diretamente aos países endividados em vez de ser obrigado a emprestar aos bancos, que por sua vez emprestam aos estados a juros altíssimos...
Porque é que os estados financiam os bancos em crise e em troca levam juros e prazos altíssimos bem como ingerência na própria política interna? Mais: Porque o BCE não pode emitir moeda?
Estamos perante um jogo viciado, uma crise que aparenta ser fabricada, artificial e contra natura e é caso para dizer: Quando os bancos não têm juízo, o povo é que paga...
Jack Soifer 4 Jan 13
A recessão vai piorar. O pior ano será 2013. Durante 20 anos, demos passos para trás.
Consumir mais do que produzir, sistémica fuga de lucros para offshores, privilégios a grupos corporativos, intransparências, "posso, quero, mando", (in)justiça lenta e inusitada, grandes grupos a não pagar as faturas às PME, são algumas das razões da fuga dos investimentos.
A nossa crise aguda é estrutural, mas só atacam a financeira. Ignoram os alertas de quem quer o melhor para Portugal. No dia em que Passos Coelho aumentou o IVA da restauração, a Suécia baixou-o, após décadas de perder empregos e receita. Há 25 anos, tínhamos 60% de economia paralela, hoje temos 35% (o valor menor divulgado obteve-se por um método ultrapassado). A ciência prova que, quando a população considera taxas e impostos inequitativos, duplica a economia paralela. Demorou-se 25 anos a baixar a fuga ao fisco em 25%, e este poderá subir em 50 dias. A receita vai cair, não subir, como no caso das Scuts!
Vários econometristas já disseram que Portugal precisa de dez anos e uns 160 MM€ para sair da recessão. Por que ignorar isto, como negar despedir 100 mil burocratas, vender ou ceder a empreendedores imóveis públicos mal usados, impor a lei igual para todos?
Resta ao empreendedor produzir para exportar, entrar na economia paralela, emigrar - como já recomendaram - ou tornar-se amigo da corte. A crise é uma oportunidade para mudanças estruturais. Quem as promete e não faz está a aldrabar-nos, como tentaram com o mercado, o que fez os juros de longo prazo subirem, e não cairem. Empreender sim, mas num mundo real!
Artur de Oliveira 4 Jan 13
Parece que quem dever mais de 3500 euros de segurança social pode incorrer em pena de prisão. Ou seja, mais de metade da população que foi obrigada a passar recibos verdes pelas entidades patronais, bem como os trabalhadores por conta própria está em risco de ver o sol aos quadradinhos. Eis mais uma solução brilhante neoliberal para resolver a crise. Não pagam, vão presos, mas ao menos não passam fome, pois nas penitenciárias as refeições são oferecidas pelo Estado... Não se pode negar que não haja uma função social no Estado que querem refundar...
Paulino Brilhante Santos 12 Jul 12
Alguns setores dos ditos “neo-conservadores” alegaram ter conduzido uma verdadeira “revolução conservadora” nos Estados Unidos e no Reino Unido. Remeto de novo para o que acima se disse acerca do método de decisão e de reforma social típico dos conservadores baseado em intervenções sociais limitadas, gradualistas, por tentativa e erro e de natureza pragmática. O exato oposto a ideias de rotura social profunda e irreversível e menos ainda a uma ideia de transferência de poder definitiva e irrevogável que é essencial à definição de revolução.
Os “neo-conservadores” tiveram, porém razão em proclamar que estavam a realizar uma “revolução”. Decerto que tal revolução não poderá ser considerada como conservadora já que, por definição, nenhuma força conservadora age politicamente através de um rotura social deste tipo. Mas efetivamente os ditos “neo-conservadores” e os ditos “neo-liberais” realizaram uma revolução na medida em que lograram uma transferência de poder sem precedentes da esfera económica para a esfera financeira.
A banca, finança, seguros, instituições dos mercados de capitais que sempre tinham sido ao longo de séculos instrumentais face às empresas comerciais, industriais e de serviços dos setores da chamada “economia real” tornaram-se dominantes e passaram a controlar toda as economias à escala planetária graças à desregulação, à globalização e à concentração das instituições da alta finança.
Os executivos da alta finança, da banca, dos seguros e dos mercados de capitais tornaram-se multimilionários a cada ano com a distribuição de opções de compra de ações e de prémios e bónus anuais que cresceram até à casa das dezenas, centenas e no topo até mesmo ao milhar de milhões de dólares anuais. Mesmo a riqueza dos empresários e principais executivos de empresas de outros setores viria a ser obtida mais com a colocação em bolsa das ações das suas sociedades do que com os lucros e dividendos das suas empresas.
Empresas industriais passaram a registar a maior parte dos seus lucros com operações financeiras e de crédito realizadas pelas suas subsidiárias financeiras especializadas, como é o caso notório, entre outros, das empresas automóveis e das grandes produtoras de outros bens de consumo duradouro e semi-duradouro. Toda esta casta de empresários, banqueiros, novos magnatas da “indústria” financeira, executivos bancários, financeiros e dos mercados de capitais iriam rapidamente adquirir uma legitimidade própria na esfera económica enquanto “técnicos” de realizar lucros fabulosos, aparentemente através dos seus talentos, méritos e competências pessoais que careceriam de ser “incentivadas” com elevadas remunerações e reduções de impostos. Isso não obstou, é claro, a que os acionistas destas empresas da alta finança e cidadãos afluentes investidores nos mercados de capitais, desde as tradicionais famílias a novas famílias abastadas, também não tenham lucrado imensamente com esta “revolução conservadora”, ao ponto de cerca de 300 famílias, não mais, controlarem cerca de 54% da riqueza mundial hoje em dia.
Temos, pois, assim traçado o rosto do novo poder que emergiu da “revolução conservadora”: “técnicos” da alta finança que representarão aproximadamente 5% da população mundial servindo uma casta de acionistas que representarão cerca de 1% da população do planeta controlando em conjunto mais de 65% da riqueza mundial.
Os mais desfavorecidos quase desapareceram do mapa da distribuição da riqueza e as classes médias viram os seus rendimentos na melhor das hipóteses estagnarem ao longo destes anos e na pior diminuírem em termos reais, tendo tido que recorrer ao crédito para manterem o seu nível de vida até à crise do crédito de 2007/2008 lhes ter por fim acabado com este último balão de oxigénio.
Hoje, estão a sofrer já reduções nominais dos seus rendimentos atendendo aos “sacrifícios” que “todos” têm que fazer para ultrapassar esta crise e a que se lhe seguiu e ainda está em curso, a “crise das dívidas soberanas” que muito tem enriquecido, contudo, a alta finanças e aqueles que a servem. Nenhuma destas receitas “puramente técnicas” poderia ter sido aplicada e a “revolução conservadora” teria logo soçobrado à nascença se nos aparelhos dos Estados não houvese também “técnicos” a preparar o terreno para que tudo isto tivesse ocorrido.
A desregulação, a globalização, a liberalização das trocas comerciais, o fim das autoridades de defesa da concorrência que permitiu vagas sem precedentes de fusões e cisões lucrativas que desmantelaram e destruíram empresas a eito e que criaram monopólios e oligopólios, as lucrativas concessões de serviços públicos, as parcerias público-privadas, a “domesticação” dos sindicatos, etc., tudo isto exigiu hordas de “técnicos” para aplicação desta vasta agenda “puramente técnica” de “reformas estruturais”, ao longo destes últimos 30 anos.
Foram políticas públicas prosseguidas por governos de todo o mundo mas que foram assessorados por técnicos baseados nas administrações públicas, em organizações internacionais, em instituições financeiras internacionais, institutos de pesquisas e por aí fora.
Artur de Oliveira 7 Jul 12
Supostamente eram as "carinhas larocas" que iam salvar Portugal... O George Clooney das Beiras e o Ken de Massamá... No entanto só nos levaram onde estamos, ao Caos. Eis como as caras da república são dúbias, porque o regime corrompe e leva á ganância e ao engano desde 1910. Quase 103 anos de falsidades, roubos, ditadura e o povo a apanhar por tabela com Chefes de Estado iguais aos macacos que não ouvem, não vêem e nem falam o que devia ser falado. É triste viver num Portugal dominado por uma república que o povo nunca pediu, imposta e governada ao longo da sua história por oligarcas, tiranos, interesseiros e bandidos.
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