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Blogosfera que Pica
Mendo Henriques 1 Dez 12
Hans Christoph Binswanger publicou no Brasil, "Dinheiro e magia" uma crítica da economia moderna. à luz do Fausto de Goethe
A versão de Goethe para a história de Fausto, possui uma segunda parte repleta de economia e política. Era uma época em que os soberanos buscavam a ajuda de astrólogos e alquimistas para resolver problemas de Estado. A história diz que, em vez de recorrer a alquimistas para transformar chumbo em ouro, Fausto percebe que o melhor é buscar economistas com conhecimento em bancos que emitem papel-moeda dotado de algum lastro de natureza imaginária. O resultado acaba sendo o mesmo: criar "ouro artificial". E esse é apenas alguns dos temas analisados pelo autor de Dinheiro e magia,Hans C. Binswanger. O encaixe deste enredo na crise mundial e portuguesa é surpreendente: parte da nossa tragédia reside na tolerância em relação aos custos do progresso, sob a forma de dívida, desigualdade e corrupção.
John Wolf 26 Out 12
Um dos legados da Política encontra-se no seu acervo semântico, nas frases que sintetizam um regime, nos desabafos históricos que passam a fazer parte da posteridade e que são resgatados como alibis de um argumento, numa especie de reciclagem de afirmações sem precedentes. A palavra é a ferramenta de eleição dos políticos, sacada de um estojo que pouco mais carrega, que pouco mais comporta, mas que importa imenso. Seja pela via oral ou na redacção apressada de um decreto-lei, a palavra escolhida com rigor é plena e autosuficiente. A palavra ajuizada não exige extensões ou justificações - leituras alternativas para a amparar. E é disso que se trata. O encosto no sentido literal. A almofada resgatada de um depósito a prazo, de um banco que se encontra longe do jardim, do descanso e do chilrar dos pássaros. Quando o PS se serve da "almofada financeira" para exprimir um desejo, é como se fizesse a cama no sentido negativo que se conhece. Como se pusesse o dentinho cariado debaixo do travesseiro e formulasse o desejo de multiplicação de divisas. A Almofada, genérica ou decorada pela fronha, não deixa de ser a indutora da preguiça. Soa a descanso eterno, a dolce vita. A palavra em causa foi mal escolhida. Foi a almofada que induziu o sonho perverso do esbanjamento. É a almofada que sufoca. É a sorte malfadada de quem já não sabe onde ir buscar qualquer coisa que faz falta, como tudo. Deixem lá estar o dinheirinho quieto no sono profundo das catacumbas do Banco de Portugal. Se lhe deitam a mão será mais um desastre a lamentar. Deixem lá a almofada descansar em paz.
John Wolf 18 Out 12
Faust Von Goethe 2 Jul 12
... façam o teste [da imagem abaixo] e deixem a vossa resposta em comentário:
John Wolf 29 Jun 12
Há escassos anos seria impensável o desmoronamento do Euro, dadas as certezas em torno da divisa e do futuro (risonho) da Europa. Ainda me recordo do dia em que congratulei pessoalmente o então Ministro das Finanças, Prof. António de Sousa Franco, pela introdução da divisa. Achei estranho à época que nem sequer "tiveram" (Quem? o BCE? o Ministério das Finanças? o Banco de Portugal) a gentileza de oferecer ao ministro em funções a saqueta de moedas virgens, o tal kit para "euro-iniciados" e, desse modo, alguém que me é próximo e de outra nacionalidade que não a Portuguesa, decidiu entregar-lhe o invólucro com o conjunto de moedas reluzentes. Passada mais de uma década, e no contexto da efectiva possibilidade de ruína do Euro, o Escudo começa a ser mentalmente resgatado do arquivo económico e financeiro, como um suplente de última hora, um velho conhecido. Pois bem, acho muito importante que se preparem planos de contingência, mas talvez seja uma ideia atirar para a frente, ao invés de regredir e regressar ao passado. O que quero dizer com isto? Estou a pensar alto, por isso perdoem-me os devaneios, a loucura momentânea, mas parece-me que a insanidade afinal não é tão incomum nos dias que correm. Estou a imaginar a possibilidade de agarrar um "verbo" de uso raro nesta freguesia. Um conceito que não deve ser descurado no contexto da actual crise económica, financeira e...cambial. Em inglês o verbo "to peg" tem variadíssimas aplicações, mas se quisermos simplificar a tradução e integrá-lo no quadro desta discussão, o "peg" tem relação com a "pega". Não com a pega de caras, mas talvez com a de coroas. Se o Euro der de frosques ou o mandarem dar uma volta, e uma nova moeda for requerida, não é forçoso que o histórico Escudo regresse com a face lavada. Uma nova divisa poderia nascer "pegada" a uma outra divisa. O Dinar da Jordânia, assim como o Dólar de Hong Kong e mais quinze divisas de outras tantas soberanias, estão efectivamente ligadas cambialmente, e de um modo fixo, ao Dólar Americano. Há que estudar as vantagens e desvantagens de tal opção e começar a pensar num nome para a nova moeda que rompe com os passados da cabeça. O passado do Euro e o passado do Escudo. Aceitam-se sugestões. Dólar-Tostão? Yuan-Reis?
Francisco Cunha Rêgo 30 Mai 12
Li com atenção Carlos Reis Marques, bem como John Wolf e Mendo Henriques, o que me criou interrogações: será que devemos fazer mal, ou bem, a quem não merece? E devemos aceitar alguma coisa de pessoas más?
Sabemos que é muito superficial dizer-se que há ausência de valores. Eles estão aí: basta ir a uma Faculdade de Letras ou de Ciências Sociais e Humanas, e ver o conteúdo dos cursos.
O que tem faltado é uma matriz ética de bem-estar que responda à complexidade dos valores existentes. O dinheiro tomou boa parte desse papel ordenador e valorizador da vida de cada um face ao colectivo.
Sabemos que consumir é uma necessidade diária do Universo. Não é exclusivo apenas do ser humano. Mas nós temos a possibilidade de construir e escolher matrizes para o nosso desenvolvimento como consumidores.
Havendo cada vez mais pessoas a viver ao cimo da Terra, apesar da queda demográfica da Europa, devíamos conseguir pensar não apenas nos problemas da nossa complexidade, mas também da complexidade do resto do mundo. Uma não existe sem a outra.
As relações entre poderes são muito baseadas na força e em alianças. O modelo que ganhou, em 1991, a última grande guerra mundial, quase sem disparar um tiro, permitiu uma era dominada pela finança, agora a ruir mas que se irá transformar mais uma vez. Enquanto aguardamos que os sistemas democráticos se adaptem a novas realidades, em sítios tão diferentes como a China, o Egipto ou cá. E isso só se consegue com a consensualização de uma Ética social, política e económica, que seja transversalmente compreendida e aceite, desde a Constituição até à relação com os vizinhos. Senão, mesmo com tanta tecnologia, acabamos por ter um comportamento mais animalesco e vicioso que não nos permite ver para além das nossas redondezas.
Faust Von Goethe 28 Mai 12
Curioso que depois do [meu] post Crise Canadiana, Sistema Bancário e o Armagedon Económico trocado por miúd@s., o Jornal de Negócios foi mais a fundo e decidiu fazer "a notícia"...
Leitura complementar: Dinheiro como Dívida
Mendo Henriques 20 Mai 12
Em dia de final da Taça de Portugal, há muitas maneiras de olhar a bola. Pessoalmente , prefiro a comparação com as religiões totémicas em que a coletividade tem os seus afectos e o seu culto fixado num dragão, uma águia , um leão ou outro totem. Ou o exemplo da decadência de Bizâncio com as suas equipas de quadrigas com as várias cores. Mas além disso, o futebol é também dinheiro.
Um estudo NBER sobre 14 países europeus revela que os jogadores de futebol tendem a localizar-se em países com taxas de imposto mais baixas. O imposto pode mesmo estar projetado para atrair jogadores estrangeiros. Em Taxation and International Migration of Superstars: Evidence from the European Football Market (NBER Working Paper No. 16545) Henrik Kleven, Camille Landais, e Emmanuel Saez apresentam dois modelos do mercado de jogadores de futebol. Os jogadores de futebol são um segmento muito móvel do mercado de trabalho, e o estudo, fornece um limite superior sobre a resposta de migração para o mercado de trabalho como um todo", concluem os autores.
Em Dezembro de 1995, a chamada "lei Bosman" liberalizou o mercado de jogadores de futebol. A proporção de jogadores estrangeiros subiu dramaticamente e a participação de jogadores nacionais desceu. De 1980 a 2009, os países com baixos impostos tiveram uma melhoria de desempenho do clubes por serem mais capazes de atrair bons jogadores estrangeiros e manter bons jogadores domésticos em casa", eles escrevem.
O estudo também analisa o impacto das reformas fiscais em países específicos. Em 2004, Espanha introduziu a chamada "Lei Beckham" Isso permitiu a não-residentes ser tributados a uma taxa fixa de 24% em vez da taxa progressiva para os residentes, que era de 43%. Após a lei, a Espanha aumentou muito a quota de estrangeiros, enquanto a Itália viu a sua quota diminuir. Da mesma forma, agiram a Dinamarca (em 1992) e Bélgica (2002).
Artur de Oliveira 22 Mar 12
A imagem ilustra como é que se gera dinheiro tendo em conta o exemplo norte-americano, mas na União Europeia o processo é similar.
Faust Von Goethe 6 Fev 12
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