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O Ouriço

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Rendimento gasoso

Mendo Henriques 14 Nov 12

Angela Merkel e Pedro Passos Coelho necessitavam por razões distintas, de mostrar que estão unidos na austeridade: a chanceler alemã, para preparar eleições na próxima Primavera: Passos Coelho para segurar o insegurável orçamento de estado de 2013. Quando começarmos a sentir em Janeiro a quebra de rendimento com retenção na fonte de IRS, sem ver luz ao fundo do túnel, ficaremos ainda mais revoltados. Temos um rendimento bruto. Tínhamos um rendimento líquido. Agora vamos passar ao rendimento gasoso.

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Desconfio quando uma instituição dominada por lobistas diz ser solidária. Os experts da Comissão Europeia não querem perder os seus privilégios e bons salários. Nem que os seus amigos tenham o salário reduzido ou a atual estrutura de poder questionada.

 

Eles lembram-se ou leram o que ocorreu nos EUA com o massacre aos jovens, durante a guerra do Vietname. E como esta revolta acabou por levar ao poder Kennedy que, assassinado, deu origem a um movimento que, pela primeira vez na história de uma democracia, obteve o impeachment de um Presidente, o Nixon.

 

Eles lembram que a rigidez da CCE e dos lóbis que não permitiam inovações técnicas nem sociais trouxe a Revolução Estudantil de 1968, em Paris. A atual situação social, política e económica aponta para que, ainda este ano ou em abril de 2013, os jovens desempregados iniciem uma revolta que focará na atual estrutura de privilégios de alguns bancos estrangeiros, e de algumas megaempresas.

 

Assim, Durão Barroso tirou um coelho da cartola e oferece umas migalhas para mitigar o desastre que assolou a UE e vai piorar em 2013. Ao criar um buffet com trabalhos provisórios e estágios para jovens, até as eleições na Alemanha, espera Barroso poder então ter um outro Chanceler, disposto a ouvir em vez de ordenar, como a Frau FerroStaal agora faz.

 

Não creio que os jovens de hoje deixar-se-ão iludir com as belas palavras do Herr Durão Raposo. Pois ao lado dos jovens encontra-se por toda a parte, não só nas ruas, o raciocínio dos maduros desempregados, dos reformados prejudicados, dos economistas de tanto alertar, já cansados.

 

Quando em mar/10 no Prós Contras alertei que já estávamos em recessão a caminho de uma depressão, que precisávamos sair do euro, chamaram-me de pessimista.

 

Quando antes do acordo do governo português com a Troika escrevi que precisávamos de uns 160MM€ e 8 anos para o reequilíbrio, fui chamado de extremista.

 

Agora até o The Economist deu-me razão. Quando em 2010 insisti no Euro-M, mediterrânico, temporário, uns 20% desfasado do Euro-N (Norte-Europeu), até Grécia, Itália, Espanha e Portugal recuperarem o equilíbrio orçamental e a competitividade, quase perdi dois amigos.

 

Hoje temos estes países a pagar 6 a 9% de juro pelos empréstimos que a Alemanha, França e Holanda pagam 0 a 1%. Não é o mesmo euro, não é a mesma UE? Na prática o nosso euro emprestado já se desvalorizou uns 8% e a situação piora!

 

Quando no início do ano escrevi que o ministro das finanças, Vítor Gaspar,  era otimista quanto a receita fiscal, chamaram-me de pessimista.Não só a equipa dele não considerou todos os fatores cíclicos, mas também esqueceu a economia paralela a crescer; e vai piorar. E um consultor experiente não pode dizer “o que foi que eu disse?”

 

Aprendi cedo: “Errar uma vez é humano, duas vezes é burrice, três é estupidez”. O novo erro da receita fiscal publicado esta semana é o terceiro!

 

Portugal não exportou mais em 2012, como dizem. Saíram 350M€ legalmente, o dobro ilegalmente, em ouro das famílias. É património dilapidado!

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Parabéns Super Mario!

Faust Von Goethe 3 Set 12

 

Há quase 1 ano atrás-pode ler-se em http://idp.somosportugueses.com/site/?p=5023- escrevi o perfil do [ainda] desconhecido Mario Draghi como tentativa de antecipar o que seria o seu mandato à frente do BCE.


Ao fim de quase 1 ano, mantenho ainda a minha convicção de então- de que será Draghi o salvador do euro.

 

Leitura Complementar: Parabéns Sr. Draghi!

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Zona Euro pelo Fio da Navalha-#3

Faust Von Goethe 13 Ago 12

Mecanismos de Ajuda a Países com Dificuldades com a Balança de Pagamentos

por Antonio Maria Borda Cardoso, Aposentado, ex-funcionário da SONAE Indústria (*)

 


CAPÍTULO I : O QUE É O FMI . FORMA DE GOVERNO

O FMI  é uma agência especializada das NAÇÕES UNIDAS , mas tem sua própria CARTA , que regem a estrutura e as finanças. Seus membros são os ESTADOS subscritores e são representados por meio de um sistema de QUOTAS , em geral, com base no seu tamanho relativo na economia global. É uma Organização à escala Mundial e com cerca de 200 membros , trabalhando para promover a cooperação monetária global, assegurar estabilidade financeira, facilitar o comércio internacional, promover elevado nível de emprego e crescimento económico sustentável e reduzir a pobreza no Mundo..... não é , pois um Banco .

Uma da funções do FMI é , pois , EMPRESTAR a países em dificuldade com a Balança de Pagamentos a quem igualmente fornece assistência técnica para ajudar os países a melhorar a sua Balança de Pagamentos e a sus gestão económica , como se verá adiante .

Cada Estado membro tem um Governador e um suplente . O CONSELHO DE GOVERNADORES - Órgão de Topo - delegou a maioria de seus poderes no CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO EXECUTIVO , mas MANTÉM O DIREITO de aprovar os aumentos de quota , as alocações dos SDR ( Special Drawing Rights ou Direitos Especiais de Saque - de que falarei adiante ) , a admissão de novos membros e a retirada obrigatória de membros e as alterações dos estatutos e leis . O Conselho de Administração Executivo superintende o CONSELHO DIRECTIVO DE GESTÃO que por sua vez dá indicações ao STAFF e é apoiado por Técnicos destacados em cada Estado que fornecem apoio técnico , conselhos e vigilância mas são por sua vez vigiados pelo Órgão Executivo . O Conselho Directivo de Gestão é responsável por conduzir a actividade diária do FMI. Ele é composto por 24 Conselheiros, que são nomeados ou eleitos por países ou por grupos de países, e o DIRECTOR GERAL , serve como seu Presidente. O Conselho reúne, normalmente, várias vezes por semana. Ele realiza seu trabalho em grande parte com base nos documentos preparados pelo pessoal e gestão de FMI . Ao todo trabalham no FMI em todo o Mundo cerca de 2.400 pessoas ( 50 % Economistas ) pelo que o seu custo ou FEE é muito baixo .

 

CAPÍTULO II : RECURSOS DO FMI - COMO SE FINANCIA


A maioria dos recursos para empréstimos do FMI são fornecidos pelos países membros, principalmente através de seu PAGAMENTO DE QUOTAS . Após a adesão ao FMI, um país normalmente paga até um quarto de sua quota na forma de moedas estrangeiras amplamente aceites (como o Dólar americano, o Euro, o Yen e a Libra esterlina) ou com os SDR - Direitos de Saque Especiais do próprio FMI . Os três quartos restantes são pagos na moeda do país.


Em 31/12/2012 o conjunto das Quotas ascendia a 301,7 mil milhões de US $ distribuído por 188 Países sendo a quota de cada um , mais ou menos na Proporção do peso que cada País tem na Economia Global .

O FMI também recorre ao Crédito . Em março de 2011, um novo regime expandido e mais flexível para o FMI tomar de empréstimo (NAB) entrou em vigor e foi activado logo de seguida. O NAB (New Arrangements to Borrow ) é um conjunto permanente de linhas de crédito, em que 39 Membros ou suas instituições estão empenhadas em fornecer recursos suplementares ao FMI num total  acordado de SDR 367,50 bilhões (aproximadamente US$ 581 bilhões). Pendente da eficácia do NAB expandida, os países membros já haviam prometido mais de US $300 bilhões .



A 31/11/2011 o FMI detinha cerca de 90,50 milhões de onças de ouro valorizadas em seu balanço em cerca US $ 4,90 biliões com base no custo histórico mas o seu valor real à data rondava US $160 biliões , uma Reserva enorme que reflecte as boas práticas contabilísticas . Os seus activos totais de Balanço , a 31/12/20111 , ascendiam a cerca de US $ 830 biliões , ou seja cerca de 1 TRILIÃO de US $ se contarmos com a Reserva oculta do ouro ..... cerca de metade dos Activos são em CASH . Mas o próprio FMI considerava então apenas como utilizável como compromissos cerca de US $ 400 biliões . Nota : 1 bilião = mil milhões ; 1 Trilião = mil biliões . Mas sua capacidade de se financiar é enorme .... de 2009 para cá aumentou cerca de 50 % .


Os SDR ( Special Drawing Rights = Direitos Especiais de Saque ) : são títulos emitidos pelo FMI que funcionam como um activo de reserva internacional, para complementar as existentes reservas oficiais dos países membros . Os SDR apoiam-se numa composição de 4 moedas : Dólar , Euro , Libra e Yen pelo que tem um valor estável já que é de prever que se uma moeda sobe de valor é provável que tenha sido à custa de uma outra , mantendo-se sensivelmente o valor do pacote . OS SDR NÃO SÃO UMA MOEDA mas sim um DIREITO de junto do FMI obter outra moeda com baixo risco de flutuação e a baixo juro . Titulares de SDR podem ainda obter essas moedas livremente junto de outros Países dada a credibilidade dos SDR . Além de seu papel como um activo de reserva complementar, os SDR servem como unidade de conta do FMI e outras organizações internacionais. Cotação dos SDR a 17/Jul/2012 : 1 SDR = 1,51 Dólar = 1,22 Euros = 0,97 Libras = 118,14 Yen ; taxa de Juro nessa data era de de 0,09 % .... a taxa de juros dos SDR fornece a base para calcular os juros cobrados aos membros e baseia-se na média ponderada das taxas de juro representativas da dívida de curto prazo nos mercados monetários das moedas da cesta SDR . Em seus estatutos, o FMI pode atribuir SDR aos membros na proporção de suas quotas de IMF, proporcionando a cada membro com um activo sem custos...devendo cobrar ou pagar juros conforme a atribuiçao for por escassez ou excesso das respectivas quotas .

CAPÍTULO III : EMPRÉSTIMOS - REFORMAS RECENTES

Um empréstimo do FMI é normalmente fornecido em um "ACORDO", que pode, quando necessário, prever medidas que um país decidiu implementar para resolver seu problema de balança de pagamentos e políticas específicas. O programa econômico subjacente é um arranjo FORMULADO PELO PAÍS em consulta com o FMI e é apresentado ao Conselho de Administração do Fundo em uma "CARTA DE INTENÇÕES". Uma vez que um acordo é aprovado pelo Conselho de Administração, o empréstimo geralmente é liberado em parcelas em fases , na medida como o programa é implementado . Para certos Países pobres estão previstos esquemas especiais e rápidos a custo zero . 

Tivemos em Portugal 2 intervenções do FMI ( 1977 e 1983 ) e é unânime a opinião positiva dos ministros de então em relação a 83 : mas podíamos então desvalorizar a moeda ( o que não acontece hoje ) mas também se usou o pacote fiscal e a subida das taxas de Juro .... tudo medidas feitas pelo governo de então e que o FMI se limitou a aprovar e acompanhar . Em relação a 1983 eram chefes do Governo Mário Soares e Mota Pinto numa coligação PS/PSD e Ramalho Eanes como PR - o que facilitou a implementação do programa " Sem Ondas " e " Low Profile " . 

Recordo que o Empréstimo de 1983 foi de 750 milhões de US $ o equivalente em 2011 , para ter uma ideia do esforço e usando a Tabela de Actualização Monetária , cerca de 50.000 milhões de Euros ..... mas ainda se venderam 100 toneladas de ouro .... e se tivermos em conta que o PIB a preços constantes em 2011 era cerca do dobro de 1983 fácil é de concluir que foi BEM DURO o esforço feito em 1983 . O sucesso da operação deu-nos confiança a nível Internacional .

CAPÍTULO IV : A CRISE GLOBAL

A última crise mundial recente descobriu uma fragilidade nos mercados financeiros avançados que levou à pior crise global desde a grande depressão. De repente, o FMI foi inundado com pedidos de ajuda .

Um Relatório Recente do FMI sobre o enfrentar da crise actual é CRÍTICO quanto ao modo como os responsáveis políticos têm calibrado as condições para apoiar o crescimento a curto prazo e devem implementar mudanças fundamentais para um crescimento saudável, a médio prazo .

A visão do FMI é particularmente significativa porque o fundo está comprometido com a UE para direcionar a ajuda para a Grécia, Irlanda e Portugal, definindo as condições e o progresso dos programas de resgate de auditoria. Dessa visão do FMI fazem parte :

- "A primeira prioridade é uma União de bancos da zona euro", que podia combinar um esquema pan-Europeu de garantia de depósitos bancários e supervisão de banco comum.

- qualquer sindicato bancário tinha que ser apoiado por integração fiscal e "partilha de riscos mais" para evitar um choque em um país de assumirem a toda zona do euro, o FMI, disse.

- A "introdução de uma forma limitada de dívida comum" poderia ser um passo de meio para "fiscal integração e partilha de risco", em referência a alguma forma de obrigações comuns para a zona euro.... SOLIDARIEDADE , em resumo .

- o BCE ainda tem espaço para reduzir as taxas de juros e poderia anunciar um grande programa para comprar títulos no mercado secundário e montar mais operações, garantindo o acesso de bancos para fundos baratos durante vários anos.

- "Um compromisso claro de aceitar o status igual... como é o caso da Espanha" iria aumentar a confiança, referindo-se a um resgate para os bancos espanhóis.

- "factores de rigidez estruturais de longa duração precisam ser abordados para aumentar as perspectivas de crescimento a longo prazo", focando a "competitividade".

- "O euro já está sob enorme pressão e deflação irá causar um enorme problema para países como a Itália .

- O BCE "precisa de se adaptar às novas circunstâncias" caso contrário, ela enfrenta "real perspectiva de ser o mais convencional dos bancos centrais de uma área de moeda com falha".

Capítulo V : Comentário :

Este resumo do que é o FMI - uma Agência das Nações Unidas - a sua forma de Governo e como se financia e financia outros , uma certa visão da crise na Zona Euro serve , a meu ver , como Modelo para a Europa poder fazer para prestar ajuda aos seus membros com Déficit Públicos Elevados e/ou problemas de Balança de Pagamentos , eventualmente sem recurso a criar uma nova Agência , mas sim colaborar mais com o FMI - nomeadamente participando reforçadamente em programas como o NAB ou criando um novo programa de REFORÇO . Penso que uma Escala Mundial tem mais potencial do que uma Escala Europeia . Mas o mais provável que a Europa crie os seus próprios Mecanismos que , a meu ver devem ter em conta e em resumo :

- A experiência do FMI e uma colaboração estreita .
- Ter em conta os factores de Crescimento e Competitividade e não apenas a Austeridade ( necessária mas não suficiente ) .
- A formação de um Sindicato Bancário apoiado numa integração fiscal e "partilha de riscos mais" para evitar um choque em que um País possa afectar toda zona do Euro
- O abandono das Políticas Fundamentalistas de Inflação demasiado baixas que têm implicado contenção de Salários e da Procura com reflexos na Oferta .
- A "introdução de uma forma limitada de Dívida Comum" - o princípio da SOLIDARIEDADE.

António Maria Borda Cardoso(*), Sonae Indústria : 1988/2005
 
Responsabilidades de Administração sucessivamente como :

- Controller 
- Director Geral do Polo Industrial do Norte
- Director Geral Comercial ( Portugal )
- Global Manager ( Wood Veneers & Panels Coating ) : Portugal , Espanha , França , Suíça , Alemanha
- Director Geral de Abastecimentos ( Portugal e Espanha )

Disclaimer:

 

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A velocidade política da Europa

John Wolf 30 Jun 12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso, o Presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi, o Presidente do Conselho Europeu Herman Van Rompuy e o Presidente do Euro-Grupo Jean-Claude Juncker apressam-se para cozinhar uma receita de salvamento da União Económica e Monetária. Em cima da mesa encontram-se os ingredientes necessários à confecção do remédio. A possibilidade de emissão de Eurobonds, o estabelecimento de um Fundo de Garantia Bancária, a prossecução de uma genuína integração fiscal no seio da União Europeia, para além dos fundos de resgate à banca e outros mecanismos centrais ou acessórios de consolidação orçamental na Eurozona. Até aqui tudo bem. Serão grosso modo estes os elementos operativos para superar a crise estrutural. Mas faltará um pequeno detalhe. Um factor que dinamiza tudo o resto. Sem vontade política todas as soluções que se venham a congeminar não sairão do estaleiro e parece que a Europa está disposta a eternizar os desafios, pelo entendimento que faz do sentido da urgência, pela forma como percepciona a noção temporal. Segundo os próprios cozinheiros da resposta europeia, o plano a ser implementado não será quinquenal. Será muito mais pernicioso, intensamente mais nefasto. O plano delineado está a ser pensado para os próximos dez anos, enquanto o que se exige é uma resposta para os próximos dez dias. Com esta noção de velocidade política não chegaremos a bom porto. A desagregação das uniões está ao virar da esquina. Neste caso a infracção cometida não tem a ver com o excesso, mas  com a falta de velocidade. Deparamo-nos com o peso da matriz cultural, a antiguidade, a lentidão da longa história, da tradição. A Europa fiel a si.

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Leituras de Economês #9

Faust Von Goethe 29 Jun 12

 

 

Boas leituras!

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Adeus Euro, Adeus Escudo, Olá $?

John Wolf 29 Jun 12

 

 

Há escassos anos seria impensável o desmoronamento do Euro, dadas as certezas em torno da divisa e do futuro (risonho) da Europa. Ainda me recordo do dia em que congratulei pessoalmente o então Ministro das Finanças, Prof. António de Sousa Franco, pela introdução da divisa. Achei estranho à época que nem sequer "tiveram" (Quem? o BCE? o Ministério das Finanças? o Banco de Portugal) a gentileza de oferecer ao ministro em funções a saqueta de moedas virgens, o tal kit para "euro-iniciados" e, desse modo, alguém que me é próximo e de outra nacionalidade que não a Portuguesa, decidiu entregar-lhe o invólucro com o conjunto de moedas reluzentes. Passada mais de uma década, e no contexto da efectiva possibilidade de ruína do Euro, o Escudo começa a ser mentalmente resgatado do arquivo económico e financeiro, como um suplente de última hora, um velho conhecido. Pois bem, acho muito importante que se preparem planos de contingência, mas talvez seja uma ideia atirar para a frente, ao invés de regredir e regressar ao passado. O que quero dizer com isto? Estou a pensar alto, por isso perdoem-me os devaneios, a loucura momentânea, mas parece-me que a insanidade afinal não é tão incomum nos dias que correm. Estou a imaginar a possibilidade de agarrar um "verbo" de uso raro nesta freguesia. Um conceito que não deve ser descurado no contexto da actual crise económica, financeira e...cambial. Em inglês o verbo "to peg" tem variadíssimas aplicações, mas se quisermos simplificar a tradução e integrá-lo no quadro desta discussão, o "peg" tem relação com a "pega". Não com a pega de caras, mas talvez com a de coroas. Se o Euro der de frosques ou o mandarem dar uma volta, e uma nova moeda for requerida, não é forçoso que o histórico Escudo regresse com a face lavada. Uma nova divisa poderia nascer "pegada" a uma outra divisa. O Dinar da Jordânia, assim como o Dólar de Hong Kong e mais quinze divisas de outras tantas soberanias, estão efectivamente ligadas cambialmente, e de um modo fixo, ao Dólar Americano. Há que estudar as vantagens e desvantagens de tal opção e começar a pensar num nome para a nova moeda que rompe com os passados da cabeça. O passado do Euro e o passado do Escudo. Aceitam-se sugestões. Dólar-Tostão? Yuan-Reis?

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Depois de Espanha e Itália terem garantido a presença na final do Euro 2012, Rajoy e Monti "bloqueiam" pacto para o crescimento [económico].

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Treinador de Bancada do Euro 2012-#5

Faust Von Goethe 17 Jun 12


O Grécia-Rússia de ontem, no qual resultou a qualificação da selecção grega para os 1/4 de final, teve tanto de épico como de imprevisível.

Embora os prognósticos antes do jogo assim como as estatísticas [da primeira parte] apontassem claramente para uma vitória mais que certa da selecção russa, foi Karagounis-já passou pelo Benfica-que desafiou as leis das probabilidades [formalizadas pelo matemático russo Kolmogorov], quando ao minuto 47, marcou à Rússia aproveitando uma perda de bola por parte de Zhirkov.

 

A selecção grega irá muito provavelmente defrontar a selecção alemã. E Fernando Santos, no bulício dos actuais acontecimentos políticos na grécia, arrisca-se a ser promovido herói nacional, não por vir a ganhar o europeu [à semelhança de Otto Rehhagel em 2004] mas caso venha a deitar por terra as aspirações germânicas.

 

E assim se jogará o destino do euro [2012]: nas urnas (dentro de horas), na próxima reunião do eurogrupo (a 21 Junho?) e dentro das linhas (dia 22 Junho). E que ganhe o Fernando Santos, que bem merece!

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As eleições Gregas que se realizam amanhã (hoje) dia 17 de Junho de 2012, não serão determinantes para alterar o curso da inevitabilidade humana. Independentemente de um desfecho extremo que poderá ditar o divórcio da Grécia e do Euro, a premissa básica civilizacional manter-se-á. Há milhares de anos que o conceito de dívida (e ruína) acompanha o homem. A dívida ou o défice precedem a própria criação monetária, o dinheiro que se esvai dos bolsos e que se apropriou dos préstimos humanos, os trocos resultantes da desigualdade e da gula. Numa acepção filosófica, a condição humana é parca à nascença, devedora perante a paternidade, a instância incerta, a crença, a fé, a inteligência ou a seleção natural que molda os protagonistas de acordo com um devir imprevisível, alegadamente racional mas limitado pela instransigência. A literatura ou as artes alimentam-se da dívida de um modo central. A sua razão de ser advém de um sobressalto anterior, que procura projectar-se em artefactos de dissimulação, de anulação. Trata-se da justificação para verter a mensagem subliminar, a narrativa que se vangloria para repor os factos, a contabilidade, mas que desfalece perante um novo crédito intelectual, quem sabe emocional. Um poema nasce na maior parte dos casos de uma situação de desequilíbrio, da necessidade de ajustar algumas contas do espírito. Algo que foi sentido e que não foi cantado ao mundo, mas que transperece como um fantasma eterno. Um cobrador ou a sua sombra. O livro "Debt -the first 5.000 years" de David Graeber (2011, Melville House Publishing) descreve o percurso ético, filosófico, literário e monetário do conceito de dívida. As tradições étnicas e culturais são exploradas de um modo fascinante para revelar a repetição do homem no seu jugo de domínio e submissão. O dinheiro, embora se tenha apropriado da psique da dívida, não detém o exclusivo do perdulário. Não será preciso contar as notas a avulso para identificar o que nos faz falta e a falta que não fazemos, na nossa grandiosidade efémera. E será esse o risco. Não sermos capazes de nos elevar à altura das responsabilidades. 

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