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O Ouriço

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Mendo Henriques 20 Jun 12

 

De Jaime Froufe Andrade, recebi uma história da Guerra de África que ele viveu há mais de 40 anos, em Tete, Moçambique. Procura um  antigo guerrilheiro da Frelimo para lhe dar um abraço e devolver-lhe algo que lhe pertence. Caso quase único, o guerrilheiro (natural de Cuamba, ex-Nova Freixo, Niassa) ficou registado pela máquina fotográfica. Será que alguém poderá ajudar Jaime Andrade a descobrir o paradeiro deste homem? A guerra pode ser desumana mas não desumaniza necessariamente os guerreiros....

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O remédio para a reconstrução da economia europeia de modo a evitar uma futura guerra, passa pela formação de uma “União de Comércio Livre” entre os países europeus, incluindo as suas colónias

 

John Maynard Keynes em “The Economic Consequences of the Peace” (1919) 

 

Os argumentos que irei apresentar são puramente geopolíticos, tomando como referência o facto de últimos 1500 anos, a Europa-em especial o centro da Europa-tem sido um terreno fértil de lutas entre [as superpotências] Rússia, Alemanha, França, Reino Unido e Império Otomano [ao qual já pertenceu a Grécia].

 

 

Ora vejamos: Desde a criação da União Europeia (ex-CEE) o Reino Unido sempre lutou-e continua a lutar- para que não se criasse a Zona Euro. Por sua vez, por dissidências que remontam a II Guerra Mundial, os Alemães mesmo tendo uma moeda forte, viram-se na obrigação de criar uma zona euro-uma espécie de trégua aos aliados.
Por seu turno, os Franceses tiraram partido da fragilidade da moral Alemã-após a queda do Muro de Berlim- para abarcarem no projecto para criação da zona euro, na qual eles se iriam assumir como [os verdadeiros] líderes.
Suponhamos que-o pior dos casos- na eminência do default grego e de um pedido de ajuda externa por parte de Espanha, a Alemanha criasse uma nova zona euro de modo a ter total controlo na condução da política monetária através do Deustsche Bank Bundesbank-a zona euro 1 da figura-impondo condições mais restritivas que as actuais condições.
Nessa altura, Áustria, Bélgica, Estónia, França, Finlândia, Holanda e Luxemburgo e iriam pedir para aderir, de modo a evitarem a exposição aos PIIGS-E seriam todos automaticamente aceites com a excepção de França que apresentava um défice estrutural muito elevado. Irlanda, na eminência de ficar isolada em termos geopolíticos, iria pedir ao Reino Unido para a sua zona monetária, adoptando a libra.
França seria então "empurrada" para a zona euro 2 mas esta, pelo voz do [recém-eleito] presidente François Hollande, iria contestar a existência da zona euro 2 porque, seria por um lado uma demonstração de fraqueza perante a Alemanha e por outro lado, França precisaria dos PIIGS dentro da Zona Euro como contra-peso político para afrontar a Alemanha para evitar-em caso de eventuais resgates financeiros.
Em concreto, ficando na zona euro 2, teria que fazer o papel actual da Alemanha e resgatar a Grécia (3º empréstimo para fazer face ao default desordenado) Portugal, Itália e Espanha.
Na eminência de se poder continuar a financiar nos mercados, Portugal, Espanha e Itália iriam propor a França a emissão de eurobonds na zona euro 2. Esta ao recusar literalmente tal proposta, decidiria adoptar a sua própria moeda, conduzindo os restantes países a fazer o mesmo-Portugal, Espanha e Itália sem qualquer força política seriam forçados a voltar também às suas antigas moedas, induzindo mais defaults.
O preço a pagar por estar na zona euro 2 seriam taxas de juro altíssimas que teriam de pagar para se financiar nos mercados. Como consequência, o discurso da "falta de legitimidade democrática" iria-se tornar cada mais coercivo dentro (contextualize-se com a situação actual que se vive na Grécia).
 
E agora perguntam vocês:
O que pior nos poderia acontecer se a zona euro 1 entrasse em rota de colisão com a zona euro 2?
Seria a Alemanha voltar-se mais para Leste e Russia-com a admissão de países como Letónia, Lituania, República Checa, República Eslovaca, Suécia, Dinamarca, Polónia e Hungria na zona euro 1-ao par que França aliar-se ao Reino Unido e voltar-se para os Estados Unidos e China, o que em termos geopolíticos seria declarar o fim do projecto europeu, aquele que durante mais de 50 anos assegurou um clima de prosperidade e paz no velho continente. 

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Um general que comunica!

Mendo Henriques 24 Mar 12

Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas da Holanda. Um chefe militar que defende os seus homens e que explica para que servem as Forças Armadas de países que não estão em guerra.



 

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Ironias à Krugman IX

Faust Von Goethe 29 Fev 12

Em Agosto 2011, semanas após os Estados Unidos terem evitado entrar em default, Paul Krugman em comentário à CNN defendeu que a melhor forma de resolver a crise mundial passaria pelo anúncio de uma invasão do planeta terra por aliens:
O raciocínio apresentado por Krugman não deixa de ser curioso, pois se fizermos uma associação com os gastos do governo americano durante a 2ª Guerra Mundial, facilmente perceberemos que foi a hiperinflação induzida com a entrada na 2ª Grande Guerra (i.e. uma política expansionista com a finalidade de produzir material bélico)  que permitiu tirar a economia americana da recessão.
Por Portugal foi mais a hiperdeflacção-resumindo, as barras de ouro dos nazi's-que nos permitiu regressar aos mercados anos após a bancarrota de 1892. 
O que teria acontecido às nossas barras de ouro se os Estados Unidos tivessem perdido a guerra?

 

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Em terras da Madeira de Azevinho

Francisco Cunha Rêgo 31 Jan 12

O nosso caro Nelson Faustino refere que Hollywood se modificou com a Guerra Fria. Bom, a Guerra Fria mudou muito a cultura em geral, com escolas e correntes em competição, da pintura à escrita e ao cinema, apoiadas pelos dois Blocos. A Europa foi palco disso mesmo. Neste sentido, até aos anos 80 acho que ninguém sabia quem iria ganhar a guerra, mas ia-se advinhando. Perseguições aos cineastas houve em ambos os Blocos, não só na América. Quanto ao conflito no cinema, recordo John Le Carré, que mostra a Guerra Fria com o livro 'O espião que veio do frio', o qual deu um filme com Richard Burton, e mostra depois um aspecto do final da Guerra no livro 'A Casa da Rússia', que deu um filme com Sean Connery e Michelle Pfeiffer. Hoje para além de Hollywood, há a Nollywood, na Nigéria, a Bollywood na Índia, a florescente China que teve em Hong Kong o seu viveiro, o Egipto para o Médio Oriente, e a Indonésia que se está a expandir. Apesar de líder nas receitas e na distribuição, Hollywood já não está em primeiro lugar como produtora de filmes. No entanto tem ao seu dispor a melhor tecnologia e know-how da industria, até pelo financiamento que soube atrair e pelas parcerias que soube ir fazendo, por exemplo com o MIT.

Mas as guerras mudam sempre alguma coisa e Hollywood já tinha mudado durante a II Guerra Mundial. Nessa altura foram feitos muitos filmes em apoio ao esforço de guerra dos aliados, e em especial dos EUA. Por curiosidade, lembro que em diversos filmes de guerra naval as pessoas saiam do cinema mais calmas. Uma perplexidade mais tarde explicada pela psicologia: o mar tem um forte poder calmante.

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Influência da Guerra Fria em Hollywood

Faust Von Goethe 29 Jan 12

Voltando ao ping-pong de com o meu colega de escrita, Francisco Cunha Rêgo, vem mesmo a propósito o que Gustavo Serrate escreveu recentemente no Blog Obvious:

 

"

A Guerra Fria afetou a indústria cinematográfica americana de forma brutal. Foi um período de intensas perseguições a talentos ligados ao pensamento comunista, mas também foi marcado por extrema criatividade. Das cinzas brotava o Cinema Noir, outro tipo de cinema em ascensão retratava o medo da catástrofe nuclear através de metáforas ou mensagens diretas. Após este período o cinema nunca foi o mesmo.

"

 

Em jeito de rodapé, deixo-vos com um filme dessa época (versão completa): O Beijo Fatal (1955), escrito por Mickey Spillane e A.I. Bezzerides e realizado por Robert Aldrich

 


 

Tenham uma óptima semana!

 

Leiam o resto em: http://lounge.obviousmag.org/ponto_cego/2012/01/como-a-guerra-fria-transformou-hollywood.html#ixzz1knRO3vUl

 

 

 

 

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Ah, a moral!

Artur de Oliveira 16 Jan 12

 

 

 

 

Ah, a palavra «moral»! Sempre que aparece, penso nos crimes que foram cometidos em seu nome. As confusões que este termo engendrou abarcam quase toda a história das perseguições movidas pelo homem ao seu semelhante. Para além do facto de não existir apenas uma moral, mas muitas, é evidente que em todos os países, seja qual for a moral dominante, há uma moral para o tempo de paz e uma moral para a guerra. Em tempo de guerra tudo é permitido, tudo é perdoado. Ou seja, tudo o que de abominável e infame o lado vencedor praticou. Os vencidos, que servem sempre de bode expiatório, «não têm moral».
Pensar-se-á que, se realmente glorificássemos a vida e não a morte, se déssemos valor à criação e não à destruição, se acreditássemos na fecundidade e não na impotência, a tarefa suprema em que nos empenharíamos seria a da eliminação da guerra. Pensar-se-á que, fartos de carnificina, os homens se voltariam contra os assassinos, ou seja, os homens que planeiam a guerra, os homens que decidem das modalidades da arte da guerra, os homens que dirigem a indústria de material de guerra, material que hoje se tornou indescrivelmente diabólico. Digo «assassinos», porque em última análise esses homens não são outra coisa. A sangue-frio, anos antes de estalar qualquer conflito, preparam-se para obrigar os outros a obedecer-lhes; enumeram mentalmente todas as formas concebíveis de horror e destruição, e dedicam-se à tarefa calmamente, deliberadamente, implacavelmente, esperando apenas pelo momento certo para levarem à prática os seus planos. 
(...) Confrontados com uma nova guerra - porque uma guerra engendra sempre outras - não poderemos esperar que estas «vítimas» se mostrem caridosas e magnânimas. Tendo sofrido contra a sua vontade, exigirão inevitavelmente que os seus filhos e filhas paguem o mesmo tributo... Portanto, o que eu digo é que, se esta escravidão de sacrifício e vingança não é imoral, se não é a forma mais absoluta da imoralidade, então esta palavra não tem sentido. Não estamos a ser destruídos e corrompidos pelos escritos pornográficos ou obscenos; estamos a ser destruídos e condenados, em todos os sentidos, pela guerra e pelo planeamento da guerra. 

Henry Miller, in "O Mundo do Sexo"

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Canibalismo

John Wolf 11 Jan 12

Assistimos ao despontar de uma nova era. Um festim de tira-teimas e ver se te avias. A derradeira montra das setas atiradas ao lado. O cúmulo da falsa tolerância. A viagem de um comboio sem maquinista. A expressão máxima do sistema de castas (de castings!) que morde o calcanhar de um Aquiles coxo. Meus senhores, e minhas senhoras, o espectáculo já começou. E é um circulo de feras que rodopia, enquanto se morde a cauda destapada e à vista de todos. A estreia de um exibicionista vulgar embandeirado num arco irrisório. Está aberta a estação. Abriu oficialmente a época de caça, de canibalismo desenfreado, irracional, sem utilidade aparente. A consanguinidade cultivada sem vergonha na escala do poder, no partidarismo, na cultura, nas artes, nas amizades convenientes, nas falsas amizades, comprada com pilim sujo, vendida por divisa igual, tinha de dar nisto. No descalabro, uma salganhada poupada para este momento auspicioso que reabilita velhas guerras, dissabores e enteadas. Toca a bater a torto e a direito, que assim se chega ao sagrado, à flagelação pelos altos e baixos da fé. Oremos sem dor. O que nos resta agora no novelo de desperdícios. A dignidade, já não sei. Ainda a missa vai no adro. Ainda a mossa é pequena. Venha de lá o seguinte. Façam girar a tômbola, e às escuras com um foco intencional levantem do chão uma nova inquisição. Vida de cão. Talvez seja preferível.

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