O Ouriço © 2012 - 2015 | Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Blogosfera que Pica
Faust Von Goethe 29 Mai 12
Na notícia do Público a respeito do Bankia e das yields da dívida espanhola, pode ler-se o seguinte:
A tranquilidade que Rajoy procurou imprimir na sua mensagem sobre a sustentabilidade da banca, num momento crítico da situação espanhola, quando a quarta maior entidade financeira deverá receber uma injecção de capital de 19 mil milhões de euros (montante que o El Mundo considerou “astronómico”) não foi suficiente para evitar um mau dia nas negociações na bolsa de Madrid.
Comentário: O montante a ser injectado no Bankia é superior ao que a troika nos emprestou para recapitalizar a banca portuguesa-12 mil milhões de euros. Referimo-nos apenas a um dos bancos. Não sabemos ainda qual o estado de saúde de bancos com fortes ligações a Portugal como o Santander .
O mesmo jornal noticiava ontem que a injecção de capital que o Estado vai realizar no banco será feita, não através de dinheiro fresco, mas através de títulos de dívida pública. Mariano Rajoy sublinhou, depois de uma reunião do Comité Executivo do Partido Popular, que “não é a primeira vez” que é injectado dinheiro público numa entidade financeira em Espanha, numa referência às injecções anteriores feitas através do Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) durante o Governo socialista anterior.
Comentário: Ao invés de contrair dívida pública espanhola (ronda os 70% PIB) para financiar a banca espanhola, Rajoy deveria antes criar um "Bad Bank" para isolar todos os activos tóxicos do sector imobiliário dos restantes produtos financeiros à semelhança do que vem a ser feito no Japão.
Com esta solução, as empresas [espanholas] teriam de modificar a sua forma de financiamento junto à banca (aqui o estado poderia contrair dívida pública até aos 80%-85% do PIB com o objectivo de criar linhas de microcrédito especiais para as PME's) e grande parte das famílias com poupanças teriam de isolar o seu dinheiro, transferindo parte deste para poupanças aforro.
Adenda: A única desvantagem que vejo de momento nesta solução [que apresentei] é a elevada dependência dos aforradores.
Leitura complementar: In Japan’s Stagnant Decade, Cautionary Tales for America a.k.a Hiroko Tabuchi (2009)
Faust Von Goethe 8 Abr 12
No vídeo abaixo, Richard Wilkinson explica que as assimetrias sociais em países desenvolvidos, não resultam da pobreza, mas das desigualdades de rendimento.
Para estas desigualdades, contribuem factores como mortalidade, conflitos infantis, abandono escolar, a iletracia, a baixa esperança de vida, adição a drogas e obesidade e desconfiança.
Curioso de verificar que, em todos estes factores supramencionados, Portugal encontra-se no extremo oposto a países como Japão e Suécia.
Faust Von Goethe 28 Fev 12
Há dois tipos de crise: A crise cambial e a crise das dívidas soberanas.
Uma crise cambial pode ser facilmente gerível pelos bancos centrais (p.e. o FED nos Estados Unidos ou o BCE na zona euro); uma crise da dívida soberana apenas pode ser gerida, contrapondo com crescimento económico e nunca com austeridade. E porquê?
Porque o ímpeto em programas austeridade conduz a que a crise da dívida soberana se transforme numa crise cambial. Neste caso, pouco mais pode ser feito para recuperar a plena fé e o crédito do(s) governo(s) [da zona euro] e dos mercados financeiros. O recíproco não é necessariamente válido.
Esta é uma entre várias razões porque países como Japão (dívida soberana 200% PIB) não tenham perdido a credibilidade dos mercados ao contrário de grécia (160% PIB) e restantes periféricos (dívida soberana 105%-120% PIB) já tenham perdido a confiança dos mercados.
O mesmo poderá acontecer em França e Bélgica, mesmo tendo dívidas soberanas abaixo dos 100% do PIB.
Restam dúvidas [da lição de Krugman]? Ou será que vos tenho que explicar adicionalmente que o que Krugman disse em nada tem a ver com teorias económicas?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.