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O Ouriço

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Gaspar de Bancada.

Faust Von Goethe 1 Jul 13

Vítor Gaspar, numa decisão corajosa e lúcida [do ponto de vista institucional], acelerou a queda do Governo. Fez bem, até porque deita por terra todas as teorias de conspiração colocadas nos media por uma certa franja do CDS/PP, aquela que está com um pé fora e outro dentro da coligação. A promoção de Maria Luís Albuquerque de secretária de estado do tesouro para ministra das finanças assim como a promoção de Paulo Portas de ministro da oposição a nº 2 do governo deu azo a um feito histórico na democracia portuguesa- a "remodelação na hora". Evitou-se assim uma remodelação governamental mais profunda ao encontro dos caprichos popularuchos do CDS/PP. Já assim o tinha sido a quando da remodelação de Relvas pela dupla Guedes-Maduro. 

 

A escolha de Maria Luís Albuquerque para tutelar a pasta das finanças parte de uma necessidade mas também de uma oportunidade. Porque o ministério das finanças tem a possibilidade de continuar a fazer tudo o que os próprios desalinhados dentro do governo se opõem. Veja-se a foto de hoje onde Maria Luís Albuquerque aparece sorridente ao lado de Pedro Lomba. Agora tome a iniciativa de adicionar à mesma foto os secretários de estado Carlos Moedas, Paulo Núncio e Helder Rosalino. O que mudará com a saída de Gaspar? Com a excepção dos briefings diários não irá mudar nada, absolutamente nada! Sem a teimosia de Gaspar a tutelar o conselho de ministros, deixou de existir a partir de hoje [no Largo do Caldas] bodes espiatórios para que não se prossiga com a reforma do estado, reforma essa defendida ideologicamente pelas franjas do PSD que [ainda] apoiam o governo de Passos Coelho.

 

A necessidade abrupta de se iniciar a reforma do estado não vem de agora nem de à meses atrás. Já vem do início do programa de ajustamento quando Portugal, ao negociar o acordo com a troika se voluntariou para avançar com a reforma do estado. O mercado de trabalho, a convergência do fundo de pensões, a mobilidade da função pública e os despedimentos colectivos. 

 

Portugal é hoje um país infinitamente menos poderoso e mais pobre do que aquando da tomada de posse de Vítor Gaspar. Depende ainda dos juros baixos que a troika lhe cobra, os "ratings" da república ainda estão perto do "lixo", está sem investimento e potencial de crescimento para lá das exportações-que vêm a cair. Mais: a pressão da troika sobre o governo está a contribuir para a erosão da concertação social. O que o país ganhará com isto? Mais investimento estrangeiro? A confiança dos mercados?  

 

Hoje foi o primeiro dia de Portugal sem Gaspar. Notou-se: O país paralisou. As redes sociais ripostaram sobre o assunto. Agora vamos aos juros da dívida: continuam a descer, mesmo após a demissão de Gaspar.

 

 

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Efeito Ronaldo na Economia

Faust Von Goethe 22 Jun 12

Juros de Portugal a 10 anos caem abaixo dos 10%.

 Moral da história: O futebol é a economia através de outros meios. AhAhAh :)) 

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Há previsões felizes mas...

Faust Von Goethe 21 Abr 12

Logo desde início, quando comecei a escrever neste blogue, que a principal preocupação dos meus colegas de escrita, em especial do meu caro amigo João Jardine, eram as yields da dívida Portuguesa.

 

Na altura-em Janeiro-em vésperas da cimeira Europeia de 31 Janeiro, tive a oportunidade de lhe transmitir em surdina, assim como escrever no meu post mais longo e um dos mais sarcásticos de sempre, que Espanha e Itália estavam muito pior que Portugal em si.

 

A notícia de hoje do Expresso (alguns meses depois) veio confirmar a minha previsão. No entanto, fica a questão: "Se Espanha e Itália estão bem pior que Portugal, porque nós pedimos ajuda externa e os outros (ainda) não?"

 

Nos próximos tempos, o leitor irá começar a consciencializar-se de que a opção "resgate financeiro", que nos irá tentar ser vendida a partir de meados de Maio, irá por à tona todos os nossos problemas estruturais que, não são apenas nossos e muito menos de agora. Basta ler nas entrelinhas os últimos números da execução orçamental.

 

Os próximos tempos avizinham-se interessantes do ponto de vista geopolítico. Será importante que, em caso extremo, não se hostilize os partidos da oposição- nem o PS e muito menos CDU e BE, que decidiram por ideário ideológico, não assinar o memorando de entendimento.

 

A democracia está em xeque e criar fissões, neste momento, é de todo dispensável.

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Do artigo de hoje da revista Sábado entitulado "Dívida do Estado custa 21 mil euros a cada português" podem ler-se os seguintes trechos de texto:

 A maior fatia do endividamento do Estado corresponde à Administração Central: no final de Janeiro deste ano, segundo o IGCP, a dívida directa ascendia a 180 756 milhões de euros, dos quais 40 mil milhões são créditos da troika internacional.

(...)

 

ENCARGOS PAGAVAM SAÚDE

A despesa com os juros da dívida directa do Estado (apenas Administração Central) ultrapassou em 2011 os seis mil milhões de euros. Tamanho encargo não só representa um aumento de 21,5% em relação ao ano anterior como 80% do orçamento do Ministério da Saúde para este ano.

O muito elevado nível dos encargos com os juros da dívida pública revela como o excessivo endividamento do Estado está a consumir os recursos de Portugal.

Por exemplo, se a despesa com os juros da dívida directa do Estado caísse para metade do valor pago em 2011, os três mil milhões de euros que sobravam permitiriam pagar as dívidas do sector da Saúde aos seis fornecedores.

 

Ora vejamos:

  • Os créditos da troika (40 mil milhões) representam 22,13% da dívida directa;
  • Dos 21 mil milhões atribuídos pelo QREN, faltam ainda gastar 12,8 mil milhões, o que representam em termos percentuais, 32% dos créditos da troika.

Sendo estes fundos tutelados a partir de agora pelo ministério das finanças (notícia RTP informação por volta das 8:00), será que os fundos do QREN vão ser usados para aquilo que o leitor e eu estamos a pensar neste momento?

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Krugman's de Bancada.

Faust Von Goethe 1 Fev 12

 

 

 

Com as notícias que vieram à baila na última semana, tenho de admitir que é uma tentação falar de Paul Krugman. 

Eu também estive para o fazer quando ele escreveu o seu controverso artigo Nobody Understands Debt a 1 Janeiro 2012 no New York Times, mas achei que não devia, primeiro porque não sou economista, depois porque sou preguiçoso e não me dei ao trabalho de procurar dados estatísticos para fazer uma análise exploratória das teorias de Krugman.

De qualquer modo e tomando como mote a recentes declarações de Poul Thomsen aos salários da Grécia, gostaria de fazer algumas observações gerais para que o leitor contextualize antes/depois de ler as entradas de:

Primeiro, é preciso atender a que grande parte dos periféricos e em especial Portugal quando tinham as suas próprias moedas optaram pela desvalorização cambial para fazer face à inflacção dos salários e custos do trabalho. No caso de Portugal, os subsídios europeus que recebemos antes de adoptarmos a moeda única nunca foram utilizados para tornar a nossa economia mais competitiva;
Com a entrada em vigor do euro, os tratados de adesão impediram a continuação da desvalorização cambial, razão pela qual temos verificado deficits desde 1999;
Na impossibilidade de não se proceder a desvalorização cambial, o actual programa da TROIKA propõe uma desvalorização fiscal (a questão da TSU) para aumentar a competitividade com a finalidade evitar as reduções salariais, os custos de trabalho como forma promover o crescimento económico;
Com a entrada em vigor do tratado de Lisboa, deu-se livre arbítrio à circulação de capitais em deterimento de uma economia baseada na produção, o fluxo de capitais implicou que a economia fosse essencialmente baseada nos juros (taxativamente falando, economia baseada no aluguer de dinheiro), o que pressupõe que tem de haver um crescimento contínuo para contrabalançar.
Façamos então alguns cálculos simples para exemplificar a questão do crescimento: Se produzíssemos 100 e crescessemos a 10%, no segundo ano produziríamos 110. No quinto ano já produziríamos 146 e aumentávamos para 161; ao fim de oito anos duplicaríamos a produção e ao fim de um quarto de século produziríamos dez vezes mais. Ou seja, ao fim de um quarto de século aumentávamos num só ano mais do que aquilo que produzimos agora, ou seja, teríamos um crescimento exponencial.
A este ritmo, mesmo reduzindo o crescimento em metade, imagino que todos os países europeus se teriam de transformar-se em China's : Países com excesso de lixo e intoxicados de gases poluentes.  
Tanto no nosso programa de ajustamento como nas teorias de Krugman, supõe-se que o cenário é inflaccionista, o que também me parece também ser uma suposição completamente errada pois o cenário mundial actual é deflaccionista. (razões: corrida ao ouro, petróleo, matérias primas, ...)
Conclusão: Ao se continuar a apostar numa economia baseada em juros (altos), dentro de algum tempo alguém vai ter de pagar a "conta do restaurante" na zona euro para que não se corra o risco de se ter de fechar para balanço. Sabendo que os clientes são os PIIGS e o restaurante o BCE, deixo ao cuidado do leitor adivinhar quem vai ter de pagar a conta.

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