O Ouriço © 2012 - 2015 | Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Blogosfera que Pica
Jack Soifer 19 Out 12
Os ciclos repetem-se! As crises e as revoltas também. E as inverdades pelos governantes, são então mais frequentes, em todo o mundo.
O Primeiro-Ministro veio à TV dizer que as greves dos portos estão a afetar as exportações. Não sei de onde ele tirou esta frase. Mesmo as estatísticas falhas do INE indicam-nos esses valores. Baseado nos dados dos anos e meses anteriores, ajustados para o crescimento médio normal e para a sazonalidade, fui ver quais são as exportações que saem pelos portos em greve, não a tonelagem, mas o valor. Investiguei ainda as importações pelos mesmos portos. Indaguei das transportadoras o que acontece com as cargas que deveriam sair e fui saber de que forma isto se reflete nas futuras encomendas dos clientes. Muito trabalho, mas é assim que se desmistifica a meia-verdade.
PASMEM: O valor de todas as exportações por dia de outubro que saem pelos portos é apenas de 24milhões. NÃO AS PERDEMOS! Elas são diferidas no tempo, pois vão principalmente para portos distantes, p.ex. nos PALOP e EUA, onde o atraso de uns dias, na estimativa de 30 a 40 para chegar à loja ou fábrica, pouco importa.
As exportações just-in-time, que poderiam afetar o cliente já vão há anos por TIR. As pouquíssimas que iriam por barco e poderiam afetar o cliente são na greve re-encaminhadas para outros portos próximos.
As importações, estas sim, afetam o nosso abastecimento de… carros, bebidas importadas, alimentos importados, que concorrem com a nossa produção rural. Mas o grande lucro está nos que intermediam essas transações, e isto está a afetar o fluxo para as offshores, que é um tabu, pois afeta os maiores interesses da mais alta política na UE.
O microcusto adicional da espera dos navios nestes portos em nada afeta as nossas exportações! Não perdemos 24milhões por dia com a greve. Perdemos 34 milhões por dia com a saída dos lucros para as offshores. Não é ilegal, mas não será imoral? Se os funcionários deste setor da banca fizerem greve, aí sim, senhor ministro, Frankfurt, Paris e Londres põem-no na rua.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.