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O Ouriço

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Segue o link para o conto "Amolador" que integra o livro "A Reforma do Palhaço e Sete Contos" (edições Cosmos, 2011)

 

AMOLADOR

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Capítulo integral do livro Portugal Traduzido.

 

A Economia da Excelência. 

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Leituras em tempos de Crise

Faust Von Goethe 15 Set 12

 

Se há clássico de literatura que se encaixa que nem uma luva na actual crise das dívidas soberanas que emerge na europa e, em geral, no mundo desenvolvido, esse clássico é Little Dorrit de Charles Dickens.

 

O enredo deste "romance" gira em torno das deficiências do governo e da crise de valores da sociedade de então, em plena revolução industrial.

A inspiração para este romance foi Marshalsea, uma das mais conhecidas das prisões inglesas para devedores, onde o seu próprio pai esteve preso por não ter pago uma pequena dívida.

 

Naquela época, prisões como Marshalsea eram propriedade privada. Os custos destas eram suportados pelos presos que, por seu turno estavam impedidos de trabalhar. A isso se juntavam os juros das dívidas. O tempo de prisão assim como os juros da dívida dependiam essencialmente do capricho dos credores.

 

Na época, o objectivo do tesouro britânico passava por impedir os devedores de ganhar dinheiro, com o objectivo de os endividar até estes serem espoliados e escravizados até ao tutano.

 

No seu "romance", Dickens satirizou a separação de pessoas com base na falta de interação entre as classes. Enquanto cidadão, contribui- e muito- para acabar com este negócio florescente que girava em torno de prisões como Marshalsea.

 

200 anos após o nascimento de Dickens, devíamos de lhe prestar o devido tributo, não reeditando [apenas] Little Dorrit entre outros clássicos, mas acabando [de vez] com esta dividocracia.

 

 

Leituras complementares:


#1: Livro Little Dorrit em formato digital

#2Dickens, o homem que travou Marx por Pedro Correia do blog colectivo Delito de Opinião.

#3: Blogar em tempos de crise por mim.

 

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Dívida: Os primeiros 5000 anos

Faust Von Goethe 14 Ago 12

 

Numa entrevista recente à cadeia de televisão Bloomberg TV - que merece ser vista, revista e partilhada a partir desta hiperligação- David Graeber reflectiu sobre questões bem actuais como "Qual é a verdadeira natureza do dinheiro?", "Porque a dívida é considerada como uma questão moral?" e "Será que nós vivemos verdadeiramente numa democracia?".

 

David Graeber, antropólogo [e activista político], foi um dos co-fundadores do Occupy Movement e autor no livro Debt: The First 5,000 Years. É também conhecido por ter cunhado o slogan We Are the 99%.

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As eleições Gregas que se realizam amanhã (hoje) dia 17 de Junho de 2012, não serão determinantes para alterar o curso da inevitabilidade humana. Independentemente de um desfecho extremo que poderá ditar o divórcio da Grécia e do Euro, a premissa básica civilizacional manter-se-á. Há milhares de anos que o conceito de dívida (e ruína) acompanha o homem. A dívida ou o défice precedem a própria criação monetária, o dinheiro que se esvai dos bolsos e que se apropriou dos préstimos humanos, os trocos resultantes da desigualdade e da gula. Numa acepção filosófica, a condição humana é parca à nascença, devedora perante a paternidade, a instância incerta, a crença, a fé, a inteligência ou a seleção natural que molda os protagonistas de acordo com um devir imprevisível, alegadamente racional mas limitado pela instransigência. A literatura ou as artes alimentam-se da dívida de um modo central. A sua razão de ser advém de um sobressalto anterior, que procura projectar-se em artefactos de dissimulação, de anulação. Trata-se da justificação para verter a mensagem subliminar, a narrativa que se vangloria para repor os factos, a contabilidade, mas que desfalece perante um novo crédito intelectual, quem sabe emocional. Um poema nasce na maior parte dos casos de uma situação de desequilíbrio, da necessidade de ajustar algumas contas do espírito. Algo que foi sentido e que não foi cantado ao mundo, mas que transperece como um fantasma eterno. Um cobrador ou a sua sombra. O livro "Debt -the first 5.000 years" de David Graeber (2011, Melville House Publishing) descreve o percurso ético, filosófico, literário e monetário do conceito de dívida. As tradições étnicas e culturais são exploradas de um modo fascinante para revelar a repetição do homem no seu jugo de domínio e submissão. O dinheiro, embora se tenha apropriado da psique da dívida, não detém o exclusivo do perdulário. Não será preciso contar as notas a avulso para identificar o que nos faz falta e a falta que não fazemos, na nossa grandiosidade efémera. E será esse o risco. Não sermos capazes de nos elevar à altura das responsabilidades. 

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pingos, bingos e filantropia

John Wolf 4 Mai 12

 

A filantropia poder‐se‐á traduzir na tomada de consciência sobre a contínua pobreza da humanidade. Esse estado de alma acompanha o enfoque dinâmico da geração de riqueza. Ou seja, a cada patamar de criação de valor corresponderá um processo de reequilíbrio ou reposicionamento, para que não assistamos a um esvaziamento do sentido de realização dos nossos objectivos. A missão consiste em devolver ou retribuir uma parte do nosso sucesso à sociedade que nos ofereceu a oportunidade para florescer ou ser bem sucedido. A prática do ideal de filantropia não depende da quantidade de riqueza previamente gerada, nem se esgota na dimensão de transmissão financeira ou material. Estará intimamente associada à ideia de igualdade de oportunidades e à assunção de que qualquer indivíduo pode desenvolver o seu maior potencial.

 

Subjacente à ideia de filantropia encontramos o reconhecimento de virtudes humanas no ‘ser humano desconhecido’, realizado de forma abstracta. O primeiro acto de ‘imparcialização’ a realizar em Portugal, consistirá em neutralizar os efeitos perniciosos que se manifestam na definição da condição social do indivíduo e que se associam ao nome de família, ao título académico, ao grau de riqueza ou à aparência física. Enquanto uma sociedade alicerçar a sua percepção, valoração ou classificação do indivíduo, na matriz de indicadores sociais que transcendem o mérito directo, objectivo e comensurável, estará a trair o ideal de filantropia. As relações interpessoais terão de se afastar de juízos baseados em estereótipos, que atribuem rótulos de identificação e estratificação social aos indivíduos em função do apelido, grau académico, grau de riqueza ou aparência física. Esta noção de filantropia aproxima‐se de uma expressão de inteligência social, que observa movimentos colectivos e não privilegia as assinaturas individuais. As assimetrias humanas ou sociais não serão, nesta medida, auto‐impostas ou decididas racionalmente, mas sim fruto de uma casualidade caótica que estabelece hierarquias que posteriormente são aproveitadas negativamente por uma faceta da natureza humana oportunista e pouco generosa.

 

A expressão ‘farinha do mesmo saco’, convertida numa expressão de índole positiva, poderia servir para ilustrar um fenómeno de nivelação social, através do qual todos os indivíduos se filiam na mesma ‘matéria existencial’ e fazem parte do mesmo grande desígnio colectivo. As tentativas de afastamento ou desresponsabilização social manifesta‐se na forma como certos indivíduos ou grupos de indivíduos reclamam para si atributos de distinção ou privilégio, e afirmam não fazer parte dos fenómenos colectivos ou tendências gerais. Esta atitude de autoproclamação é na sua essência uma expressão de antifilantropia. A filantropia, na sua concretização mais plena, representa um fenómeno de compensação pelos défices do Estado e das sociedades no seu todo, que se apresentam incapazes de implementar processos de justiça social ou económica e que não cumprem objectivos de disseminação e igualdade culturais. Caberá aos indivíduos procurar a independência em relação a comportamentos de paternidade do Estado e contribuir para a construção directa da sociedade em que se inserem.

 

O Estado e os governos pautam o seu comportamento pela apropriação do fenómeno social, na medida em que procuram repetir as condições específicas das relações interpessoais transformando‐as em processos de massas ou de propaganda. O Estado nunca poderá ambicionar constituir‐se enquanto entidade filantrópica, porque ao reconhecer os atributos inerentes a esse estatuto confessa o seu falhanço na gestão normal dos negócios de governação. a filantropia começa por ser uma manifestação do extraordinário, um apêndice do superavit para gradualmente vir a tornar‐se prática comum. Os sucessivos governos em ‘cadeia’ são reféns do seu estado de endividamento. A actividade filantrópica desenvolvida por uma sociedade e os seus membros materializa uma condição leiga (não política), e reflecte o seu grau de desenvolvimento e entendimento do conceito de progresso ou modernidade.

 

Ao contrário do que possa parecer à partida, a concessão de oportunidades à sociedade ou aos seus membros, por via do processo filantrópico, não representa uma forma de delapidação a fundo perdido da riqueza acumulada. O retorno do investimento filantrópico será mensurável nas sucessivas gerações, que beneficiam de um acréscimo de oportunidades na prossecução dos seus objectivos existenciais, materiais ou não. Poderemos desenvolver o conceito de filantropia, alargando o seu âmbito para incluir um conceito que designamos por microfilantropia, na medida em que não dependerá de uma grande fortuna financeira enquanto sustento da sua realização. Cada indivíduo, tem a obrigação moral, enquanto membro de uma democracia, de participar num processo de redistribuição de oportunidades, mas convém ressalvar que não se deve confundir a concessão de ajuda com a concessão de privilégios.

 

A cunha, prática quotidiana do tecido social e profissional nacional contribui para a destruição dos fundamentos filantrópicos. as facilidades atribuídas a familiares, conhecidos, amigos ou membros de um mesmo círculo, encerram em si uma distorção contraproducente. Este tipo de prática inscreve‐se no domínio da troca de favores, através do qual aquele que supostamente empresta o seu apoio, esperará num momento seguinte uma acção de retribuição. Estes mecanismos de desvio comportamental resultam numa sociedade onde reina a promiscuidade e a corrupção, por mais condescendentes que queiramos ser. Enquanto dador ou na qualidade de receptor de favores, faremos sempre parte de um sistema patológico.

 

Ao retratarmos a realidade nacional, verificamos que a principal fundação dedicada à causa filantrópica, tem de facto uma origem exógena à cultura ou economia locais. a Fundação Calouste Gulbenkian preenche os requisitos de um importante paradigma. A ideia de que a universalidade dos princípios em causa deve prevalecer sobre qualquer interpretação baseada no nacionalismo. Também deveremos distinguir as acções de mecenato realizadas por grandes empresas dos mais distintos sectores, através das quais são dissimuladas acções de marketing com propósitos puramente económicos. estaremos nestes casos na presença de agentes que encontram nas subvenções à arte ou à cultura uma forma de reduzirem os seus encargos fiscais.

 

Os princípios que sustentam a filantropia materializam‐se em transferências unívocas, através das quais quem é compensado de forma exclusiva é a sociedade — construção não apropriável pela vontade de alguns. A filantropia nasce com a pobreza material, e realiza‐se com a riqueza existencial de cada um de nós. Afortunados ou não.

 

(secção publicada no livro Portugal Traduzido, edições Cosmos, 2008)

 

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As férias dos livros

John Wolf 28 Abr 12

 

 

 

A propósito da 82ª edição da feira dos livros que se realiza no plano inclinado do Parque Eduardo VII, aproveito para partilhar esta minha impressão, que não será a primeira e quase de certeza que não será a derradeira. Enquanto a festa editorial se faz em torno das vendas promocionais de livros e o convívio de leitores e autores, sob os auspícios da sombrinha de esplanada, o país enfrenta um drama incontornável, uma dança distante da lambada ou das lombadas de tomos imprescindíveis. Enquanto a celebração ocorre numa espécie de território utópico de primazia cultural, pergunto onde se encontra o quotidiano do livro? Os livros parecem ter ido de férias durante os doze meses do ano. Não avisto leitores no metro, nos autocarros da Carris, nos comboios regionais ou nos rápidos, nos jardins estrelados que oferecem tapetes esplendorosos, nas pastelarias que se repetem em cada rua e na paragem efémera do tempo acelerado pela compressa laboral. E por esta razão o país irá enfrentar ainda maiores dificuldades para se reinventar na senda da recuperação económica. A matriz cultural é a malha a partir da qual se podem coser as linhas de recuperação, seja económica seja social. Enquanto os agentes culturais não entenderem este fenómeno de massas obrigatório, através do qual a leitura emerge do beco sem saída, não vale a pena inscrever grandes dedicatórias nas primeiras páginas da novela.

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Tendo como mote os últimos posts de Rui Rangel e John Wolf, sugiro uma leitura do livro de João Miguel Almeida entre Salazar e Teotónio Pereira, o mentor do Corperativismo durante o Estado Novo.

 

Ao lerem o livro, irão descobrir, entre outras coisas, porque Salazar tinha uma propensão para passar dias a fio encerrado em casa, quando se encontrava deprimido, porque se manteve tanto tempo no poder, e porque Teotónio Pereira esteve quase para lhe suceder e porque tal não chegou a acontecer, para desagrado de Salazar.

 

Considero a leitura deste livro essencial e imprescindível para desmistificar algumas ideias pré-concebidas sobre a personagem de Salazar e o Estado Novo.

 

 

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O Rei que se F*#?&

Faust Von Goethe 16 Abr 12

Ao seguir António Pinho Vargas, encontrei uma citação vil do escritor brasileiro Rubem Fonseca sobre o nosso fado, só para não dizer um palavrão bem pior: 

"minha ascendência é longa, começa na batalha de Alcácer-Quibir, travada em 4 de agosto de 1578. Foi nessa batalha que D.Sebastião, o nosso rei, quer dizer, o rei dos meus bisas e tataras, desapareceu e Portugal se fodeu."

Rubem Fonseca in O seminarista, 2009: 26.

 

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Quadro clínico desfavorável?

John Wolf 13 Mar 12

Já sabiamos que o Cavaco não era grande espingarda a oralizar-se, um palrante mais fónico que estéreo, próximo da madeira hirta, a tábua especada à espera de um desbaste, um acabamento para remover lenhos. E os anos de estágio pouco serviram para amenizar a falta de jeito. Não fomos agraciados com o toque sublime que distingue os estadistas dos políticos de algibeira - a capacidade de pensar antes de abrir a boca. A arte de dizer sem falar. Infelizmente para nós, o seu défice não é percepcionado por si, a noção de que a capacidade cognitiva não se adquire na sucessão de mandatos. Os inteligentes reflectem continuamente sobre o seu estatuto peuril e concluem sobre a sua insuficiência. Ele não o é, não o fez e quase de certeza que não o fará. Como se não bastasse a onda curta da emissão, resolveu manchar as folhas com os mesmos recalcamentos perniciosos, o ditado gasto condenado à mesma consanguinidade de ideias. Prefácios que não servem os livros nem a elevação ética, a pré-condição para o desenvolvimento económico. E na procura de razões para o agravamento, o entorpecimento do posto presidencial, apenas posso encontrar explicação na condição sanitária. O estado de saúde do presidente da república deve ser tido em conta, por se tratar de um facto político passível de afundar ainda mais um país que procura a saída hábil do engano. Levanto a questão de saber se, para além dos outros tabus políticos guardados a sete chaves, existe um de força maior relativo a um quadro clínico debilitante?

 

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