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O Ouriço

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A Inglaterra sai do Brexit

Mendo Henriques 13 Ago 18

O Brexit nunca foi inevitável, como cada vez é mais evidente.
De acordo com sondagem, dos 632 distritos eleitorais no Reino Unido, ...341 têm agora uma maioria absoluta do FICAR, quando eram 229 em 2016..
O eleitorado britânico está a mudar de opinião após verificar que iria pagar em qualidade de vida e em independência a saída da União Europeia. Os britânicos não são eunucos que se deixam arrastar pelas vozes da má classe política.

Os britânicos têm a queixar-se de uma classe política que, por motivos diferentes, nunca lhes explicou as consequências do Brexit: o nacionalismo requentado de Nigel Farage, o oportunismo de Boris Johnson e Michael Gove, as trapalhadas globalistas de Cameron; as trapalhadas marxistas de Jeremy Corbin: e a ambição destruidora da senhora May combinaram-se para enganar os britânicos que agora querem fugir do pesadelo de isolamento em que a sr. May os colocou

Após dois anos de negociações que estão num impasse, a única saída será reverter o Brexit em novo referendo ou em voto do Parlamento. Apesar de tudo, os britânicos são uma casa da democracia.

Foto de Mendo Henriques.Foto de Mendo Henriques.

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O mundo e a teoria política do Bolinha

Mendo Henriques 22 Abr 16

Será que vivemos dentro de uma tira de banda desenhada?

 

O mundo político desembocou no nível da banda desenhada. Os EUA têm no Donald Trump  um personagem típico da Marvel. Na Inglaterra, como se não bastasse o país já estar dividido, temos um governo conservador com uma perna de cada lado do Brexit.

Em França, tem um presidente que só faz gaffes, tendo por oposição a Miss França da Frente Nacional  com contas no Panamá. Em Espanha, após cinco meses de impasse pós-eleitoral,  vão para eleições  que deverão repetir o resultado.

No Brasil, vão substituir uma presidente que permitiu a corrupção por um um vice-presidente que é corrupto. No Banco Central Europeu, um pateta da Goldman Sachs enterra o que resta do projecto europeu em toneladas de notas de euro. No Médio Oriente, temos doidos à solta que baste.

O sistema financeiro internacional é uma verdadeira anedota, ou não fosse feito para enriquecer 1% da população  mundial a expensas dos restantes 99%. A Coreia do Norte vai para o quinto ensaio nuclear; e há lá coisa mais surreal do que eliminar a humanidade como quem apaga um desenho com borracha?

É aqui que entra a teoria política do Bolinha, que muito li em miúdo na versão brasileira de John Stanley. Ele é aquele garoto gordinho que preside ao Clube dos Meninos de que fazem parte o Carequinha, o Juca e o  Zeca. O clube tem como principal lema “Menina não entra”. Já diz muito.

O Bolinha é um caso psicanalítico: deseja ser apreciado, mas nunca pelo que ele é, e busca aprovação tentando ser outro, fugindo às origens. Mas, é claro, nunca consegue. Essa total inautenticidade faz dele uma boa imagem do Europeu atual, chorão, comilão e rezingão.

O seu inimigo principal é a “Turma da zona norte”, uma mistura de garotos talibãs, Daesh e sauditas que se entretém a dar pancada, e que em vez de dinheiro e petróleo, têm músculo e muita força, pelo que sovam a turma do Bolinha, caso a Luluzinha não aparecer.

E depois vem a teoria da conspiração. No mundo das percepções políticas, como no nível da BD. Entra o Bolinha detective a procurar coisas desaparecidas da casa da Luluzinha. Antes de começar a investigação, disfarçado de Aranha – “O Aranha ataca novamente” – declara solenemente que a culpa é do “seu Jorge”, o pai de Luluzinha.

Fantástico. Ter já a resposta antes do inquérito. E não é que, invariavelmente o culpado é o “seu Jorge”, embora por outros motivos do que as congeminações malucas do Bolinha, sobretudo interessado em atacar o frigorífico da casa?

A Luluzinha. Inteligente e teimosa. A classe feminina emergente, criada por uma mulher. Muito mais esperta que o amigo Bolinha e a sua turma. Mas ela gosta do Bolinha.

clube do bolinhaQuando não está a brincar ou a lutar com os garotos, Luluzinha toma chá e conta histórias à Aninhas e ao Alvinho. São histórias cheias de moral em que ela é a heroína, a “pobre menininha”. Sem dúvida que a Luluzinha é a América, que chega na hora certa para salvar o Bolinha.

Nas estórias, ela tem que ganhar duramente a vida, apesar das bruxas. Como é muito esperta, vence a dupla debruxas Alcéia e sua sobrinha Meméia que se quer aproveitar da “Pobre menininha” mas que não são assim tão espertas, tipo presidente da Rússia e presidente da China.

E a “Pobre Menininha” ganha sempre no final. O problema é que o Alvinho nunca entende a moral da história. E é preciso recomeçar a Guerra Fria.

Não esquecer o Plínio, o George Soros da série, que se considera bom demais para andar com a turma do Bolinha, apesar de estar sempre no meio. Às vezes, namora a Glória, outras vezes a Luluzinha e em ambos os casos torna-se inimigo do Bolinha que também gosta de ambas.A vida é dura nas revistas de BD.

O mundo visto pelo Bolinha é como a espiral recessiva do prof. Cavaco. Quanto mais o Bolinha se sente ameaçado por falsos amigos, inimigos, pais e autoridades, pior fica. E quanto pior fica, mais inimigos pressente.

É um anti-herói – como o Charlie Brown de Schulz ou o “Pica-Pau” também de John Stanley. Simpatizar com ele é fácil. Mas o Bolinha é o seu pior inimigo, e o ego excessivo é a sua perdição. Como nos políticos.

Eu sou um admirador da BD, da escola franco-belga, da Dell, da Marvel e até comprei pela primeira vez a Visão, só para ter o suplemento gratuito. Mas cada macaco no seu galho.

Num mundo que desceu ao patamar da banda desenhada, são poucos os estadistas e personalidades que trazem consigo a gravidade da vida; são poucos os que lutam a contra aquelas coisas com que não se brinca – a morte, a exclusão, a miséria, a violência, a corrupção.

São muito poucos. Esses não cabem nas tiras de BD nem para eles serve a teoria política do Bolinha. Mas afinal, quem lhes presta atenção?

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Cidadania em ação

Artur de Oliveira 19 Jun 13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No próximo sábado, 22 de Junho a PASC, Plataforma Activa da Sociedade Civil, organiza, em Cascais, um Fórum de Cidadania.

Por parte do IDP, Instituto da Democracia Portuguesa, estarão presentes Mendo Henriques e João Palmeiro, da Direção, e Paulo Morais, do Conselho de Prospetiva.

 

Programa
Cascais, 22 de Junho, Hotel Baía
10.30 - ABERTURA - Isabel Magalhães, Maria Perpétua Rocha, António Teixeira Lopes -
11.00 - ECONOMIA
Moderador: Luis Antunes - Lisbon MBA

Oradores:Renato Epifânio - MIL ( Países Lusófonos / Diáspora )

F Ribeiro e Castro - F E M ( Economia do Mar )
G Morais Sarmento - Médico ( Saúde )
Linda Pereira - Promoção de Portugal / Turismo
12.00 - DEBATE
13.00 - Almoço Livre
14.30 - SOLIDARIEDADE / VOLUNTARIADO
Moderador: João Palmeiro 

Oradores: Raquel Varela - ( Segurança Social )
Paula Policarpo - ( Abraço / Zero Desperdício )
15.30 - DEBATE
16.00 - ÉTICA E TRANSPARÊNCIA NO PODER LOCAL
Moderador: Mendo Henriques 
Oradores: Carlos Sousa
Carlos Botelheiro Moreno
Paulo Teixeira de Morais
17.00 - DEBATE
18.00 - ENCERRAMENTO - Jorge Marques, Isabel Magalhães

 

Fonte aqui

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Economia vs Economistas

Artur de Oliveira 26 Mar 13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"A economia é demasiado importante para ser deixada aos economistas"


Olá, Consciência!, p.291

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Sobre Filosofia Aplicada

Artur de Oliveira 16 Jan 13

Além das conferências de especialistas, entre os quais o nossos colegas de blog Prof. Mendo Henriques e Joaquim Pinto, o público terá a ocasião de debater as experiências fascinantes em curso de consultoria filosófica e filosofia para crianças que estão a atingir um público cada vez mais vasto. O evento será dia 5 de Fevereiro na Universidade Católica, Biblioteca, 1º piso com duração entre as 09H15- 17H30

 

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"André Gorz - “Adeus ao Proletariado”

Reedição 2011, um livro a reler, sobretudo o capítulo final (IV)

 

O que é “Adeus ao Proletariado”? (1) O livro começa mostrando que a noção de proletariado marxista e sua missão histórica não partiu da observação da classe trabalhadora, mas resultou de uma "condensação das três dominantes do pensamento ocidental, no momento da burguesia heróica - cristianismo, hegelianismo e cientificismo". Hegel concebeu a história como a progressão dialética do Espírito, que se torna consciente e toma posse do mundo.

"A filosofia de Hegel vem da teologia cristã  (2): A história é escatologia (3), isto é, fim dos tempos, mas o reinado de Deus virá através da mediação de homens históricos ainda que não entendam o significado do que fazem.'' Isto quanto a Hegel.

Para Marx, como na dialética do senhor e do escravo, ao libertar-se, o proletariado liberta a burguesia. Mas o significado do proletariado, depende  da mediação do próprio Marx, intérprete dessa missão escatológica.

Groz de acordo com a escola crítica dos valores não aceita o mito de que graças o proletariado, o reino do ser humano será cumprido.

"O desenvolvimento do capitalismo produziu uma classe operária que não é capaz de dominar os meios de produção e cujos interesses não coincidem com a racionalidade consciente socialista. (...) A superação do capitalismo, só pode vir de camadas que representam a dissolução de todas as classes, incluindo a classe trabalhadora.''

Enquanto prevalece a racionalidade capitalista que vê o aumento da produção como um fim em si mesmo, a classe operária continua dependente da lógica produtivista transmitida pelo Estado. Os partidos que a dizem representar são homólogos em estrutura à estrutura do Estado que querem derrubar; apenas o reproduzem.

A tomada do poder pela classe trabalhadora é a tomada da classe trabalhadora pelo poder do Estado.

Os únicos que não reproduzem esta lógica são os que estão á margem do processo de produção: os precários, "a não-classe dos proletários pós-industriais" potencialmente o novo sujeito histórico da sociedade moderna

'Esta não-classe, ao contrário da classe trabalhadora, não é produzida pelo capitalismo; é produzida pela crise capitalista e as novas relações sociais de produção capitalista. (...) Esta classe inclui todas as pessoas que são expulsas do processo de produção pela abolição do trabalho, ou subempregados nas suas capacidades pela industrialização ( automação e informatização) do trabalho intelectual. A não-classe inclui todo o excedente de produção social que estão desempregados virtuais, permanentes, temporários, totais ou parciais. É o produto da decomposição da sociedade com base no trabalho: a dignidade, valor, utilidade social, e desejo de trabalhar. Estende-se a quase todas as camadas da sociedade.''

Esta massa é maioria. Somente ela pode trazer um projeto de transformação social que vai ser "comunista", como definido por Marx, porque prefigura a abolição do trabalho assalariado.

Mas para este novo proletariado ser o portador de um futuro político, tem de viver. O trabalho não é abolido: permanece submetido à necessidade.

Há duas esferas na vida social: a heteronomia, que inclui o trabalho socialmente necessário e  a autonomia em com a livre atividade, individual ou coletiva. O aumento gradual da esfera da autonomia não irá remover a esfera da heteronomia, mas é preciso regular esta para repartir de forma equitativa entre todos o trabalho socialmente necessário.

Esta é uma tarefa política que pertence ao Estado. "A separação entre a necessidade e a autonomia (4) é uma condição de expansão máxima desta. "A política é o lugar de tensão entre a autonomia e os requisitos técnicos. O Estado "Bom" é necessariamente um mal menor e a atribuição de um rendimento social garantido para todos é uma das suas tarefas.

Estas são as principais teses de “Adeus ao proletariado”, que abandona a ideia de um desenvolvimento positivo inerente ao processo de produção. O socialismo é um projeto de liberdade humana; não faz parte da lógica das coisas.

"De que precisamos? O que queremos? Que nos falta para comunicar com os outros de modo mais fraterno? "Estas são as perguntas a que a economia política não sabe responder. É a partir deles que as políticas devem traçar objetivos.

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Dinheiro e magia

Mendo Henriques 1 Dez 12

Binswanger

Hans Christoph Binswanger publicou no Brasil, "Dinheiro e magia" uma crítica da economia moderna. à luz do Fausto de Goethe

A versão de Goethe para a história de Fausto, possui  uma segunda parte repleta de economia e política. Era uma época em que os soberanos buscavam a ajuda de astrólogos e alquimistas para resolver problemas de Estado. A história diz que, em vez de recorrer a alquimistas para transformar chumbo em ouro, Fausto percebe que o melhor é buscar economistas com conhecimento em bancos que emitem papel-moeda dotado de algum lastro de natureza imaginária. O resultado acaba sendo o mesmo: criar "ouro artificial". E esse é apenas alguns dos temas analisados pelo autor de Dinheiro e magia,Hans C. Binswanger. O encaixe deste enredo na crise mundial e portuguesa é surpreendente: parte da nossa tragédia reside na tolerância em relação aos custos do progresso, sob a forma de dívida, desigualdade e corrupção.

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Rendimento gasoso

Mendo Henriques 14 Nov 12

Angela Merkel e Pedro Passos Coelho necessitavam por razões distintas, de mostrar que estão unidos na austeridade: a chanceler alemã, para preparar eleições na próxima Primavera: Passos Coelho para segurar o insegurável orçamento de estado de 2013. Quando começarmos a sentir em Janeiro a quebra de rendimento com retenção na fonte de IRS, sem ver luz ao fundo do túnel, ficaremos ainda mais revoltados. Temos um rendimento bruto. Tínhamos um rendimento líquido. Agora vamos passar ao rendimento gasoso.

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Atritos de Outono /Inverno

Mendo Henriques 14 Nov 12

O impulso do 15 de Setembro não se deve desgastar em atritos de Outono /Inverno. Por isso estou a trabalhar - e contribuir à minha maneira para que isto se resolva lá para a Primavera. Não faço Greve mas estou solidário com quem a faz. Comprendo as causas mas não me revejo na oportunidade, no enquadramento político e social. Uma greve assim provoca desgaste, mas nada muda. Uma luta de atrito nunca é ganha pela parte mais fraca. As coisas só mudarão mesmo por um impulso da sociedade civil provocado por um ambiente emocional agitado pela comoção geral. Por uma faísca.

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Obrigado e desculpe!

Mendo Henriques 4 Nov 12

 

Porque estamos sempre a dizer obrigado e desculpe? Tentei dar uma primeira resposta num artigo deste livro que José Barrientos publicou em Madrid

 

A semântica do “obrigado e desculpe” é muito reveladora. Estamos sempre a dar graças e a agradecer, a pedir desculpa e a reconhecer uma dívida, em todas as línguas. ‘Gracias’ e ‘Perdón’ em espanhol.‘Thank you’ e ‘I am sorry’ em inglês. ‘Merci’ e ‘Pardon’ em francês. ‘Danke’ e ‘Entschuldigung’ ou ‘Es tut mir leid’ em alemão. Estas expressões exprimem os atos de reconhecimento pelos quais estamos "obrigados" ou em dívida para com os outros.

 

Desde a mais profunda gratidão até à banalidade polida, os atos de reconhecimento começam por ter um caráter gratuito em que se exprime a relação inicial da sociedade entre nós e os outros. Só depois começam a funcionar como um reforço psicológico, ou uma obrigação sociológica de etiqueta, de boas maneiras, rituais que aprofundam a relação em sociedade. Estamos ainda na fase do agradecimento "em que não há palavras para o exprimir" nem "há dinheiro que o pague".

 

Finalmente, intervém a autoridade que institui a obrigação de agradecer. É o caso dos pais que obrigam os filhos ainda crianças a agradecer presentes, retirando o valor ético ao ato mas incutindo-lhes moralidade. A autoridade acaba por adquirir valor jurídico com as dívidas para com os outros, que "não podem deixar de ser pagas" e que o direito codifica e sanciona. E quando os estados, com o aparelho de poder, tomam conta do caso, formalizam-se as dívidas soberanas que nunca se resolvem por si, mas exigem um regresso às origens da sociedade que não se formou para criar dívidas mas para trocar bens e relações.

 

Esta ligação entre ética e economia é para aprofundar e agradeço sugestões: Lá está: mais um "obrigado".

 

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