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Blogosfera que Pica
Mendo Henriques 29 Jun 12
Queridos Estados:
Reparei esta manhã de 29, que estiveram muito entretidos até de madrugada, a preparar um documento em financês que acalmará por 24 horas os mercados financeiros e completamente insatisfatório para todas as pessoas saudáveis sem paciência para os donos das finanças.
Eu até acho o desenlace divertido porque os dois queridos estados que bateram o pé no Conselho - Itália e Espanha - são as duas nações que se vão bater com o pé no Domingo naquele campeonato de onde o querido Portugal ja saiu. Eu como revoltado, já tinha expresso o que pensava do assunto. E, ao sairmos do campeonato, felizmente voltámos à realidade, e até saímos de uma forma que nós conhecemos porque aquilo de perder ao não marcar penalidades é assunto bem nosso conhecido por causa do dr. Isaltino Oeiras ( ele chama-se mais ou menos assim) e da dr.ª Fátima Felgueiras ( essa acho que é mesmo).
Isto de a Europa ser uma querida associação de estados exige tratamento igual para todos. Mas não. Os queridos estados estão muito viciados pela doutrina do velho Hobbes. Digo velho porque viveu até aos 90 anos, protegido pelo Deus que trata dos borrachos, das crianças e dos ateus. Ele é muito conhecido por um livrinho de seiscentas páginas chamado Leviatã em que as últimas duzentas são a dizer mal da Igreja Católica como o reino das trevas porque era um anglicano fanático.
Mas o que conta aqui, queridos estados, é que no capítulo 13 do The Elements of Law o tal de Hobbes diz que sendo todos os homens iguais, a luta é inevitável porque estão em competição e desconfiam uns dos outros. Alguns “têm prazer em contemplar o seu próprio poder nos actos de conquista, que levam mais longe do que a segurança permite.” E esses “gloriam-se” do seu poder; a sua alegria consiste em comparar-se com outros homens, e nada mais desejam do que a sua própria eminência".
Ora, queridos estados, era aqui que eu queria chegar. Quando se perde a tranquilidade de ânimo, a criatura cria a imagem da sua própria omnipotência, querendo ultrapassar todos os outros, de modo a não cair na ansiedade. Afinal, o querido Hobbes criou um ranking: disse que a vida humana pode ser comparada a uma corrida. “Mas nesta corrida não temos outro objectivo, nenhum outro prémio, que não seja ser o primeiro.”“ Ser constantemente ultrapassado é miséria. Ultrapassar constantemente o seguinte, é felicidade. E esquecer a corrida, é morrer. " E isto parece-me um mau conselho, para pessoas e para estados. [1]
Assim não vamos lá,
Ass.
Querido Revoltado
[1] Thomas Hobbes, The Elements of Law, Natural and Politic, ed. Ferdinand Toennies (Cambridge: Cambridge University Press, 1928), pt. I, cap. 9, sec. 21.
Mendo Henriques 25 Jun 12
Queridos estados europeus:
Enquanto a maior parte dos bloguistas estão entretidos com aquele coisa da bola ao pé para os lados da Europa tenebrosa, escrevo-vos hoje sobre a qualidade das oposições na Europa.
Perante as desconsoladoras repetições dos comentadores políticos neste tema, vejo-me obrigado a citar um rapaz do séc. XVII, Paul de Gondi (1613-1679) coadjutor, e depois Arcebispo de Paris e Cardeal de Retz. Dizia assim o querido Retz : “Acredito firmemente que são necessárias maiores qualidades para ser um bom chefe de partido do que para ser um bom imperador”.
Ele achava que tinha essas qualidades. Pois achava ! Mas não tinha ! Contudo, a sua teoria da conspiração assenta na criação de poder político através da imaginação. O poder do Parlamento, diz o ardiloso cardeal, assenta na imaginação,: “Eles podem fazer o que acreditam que podem fazer”. Contudo, queridos estados europeus, Retz também dizia que a imaginação não trabalha por si própria! Ai isso não! Requer esforço e há um longo caminho a percorrer “ desde a veleidade à vontade, da vontade à resolução, da resolução à escolha de meios, da escolha de meios à sua aplicação”.
Sucede que as nossas oposições não parecem conhecer estas verdades do cardeal de Retz. Dizem umas coisas. Têm umas veleidades. Votam resoluções. Mas não escolhem os meios de ação nem muito menos as aplicam.... Com estas queridas oposições , como é que os governos hão-de ser bons? Ninguém os espicaça, ninguém os comove, ninguém so confronta... E por isso, queridos estados, rezem para ter boas oposições, porque assim não vamos lá!
Querido Revoltado
Mendo Henriques 1 Jun 12
Queridos Estado europeus
Hoje queria escrever-vos sobre aquele pequeno grande princípio que diz: "Não há impostos, sem representação". Até rima em inglês "No taxation without representation" mas parece que foi pela primeira vez inventado na revolução de Nápoles, pelo famoso Masaniello contra o império espanhol em 1647.
Foi uma boa década, de facto. Andava tudo a fazer res publica embora o camarada Oliver Cromwell em Inglaterra acabasse por dissolver o Parlamento. Os Países Baixos também já andavam como república a fazer a vida negra ao império espanhol. Em 7 de Junho, a Catalunha revoltou-se e andou às turras até aos Tratados dos Pirenéus. Em 1 de Dezembro tivemos a nossa gloriosa, que depois deram em chamar restauração mas que conforme o querido assento de 1641 foi a justa Aclamação, uma das nossas Magnas Cartas que devia ser conhecida desde a escola pois diz que o "poder está no povo que o delega nos reis e o tira ao tiranos".
E, Queridos Estados, o princípio continua a ser verdadeiro. Essas emissões de dinheiro por crédito que o vosso imperial BCE concede de mão beijada aos bancos privados europeus, ao lhes emprestar a 1% o que eles vos reemprestam a 5%, é um caso típco de impostos sem representação. E além disso é um tiro nos pés da vossa desregulada economia. Vai ter de acabar, meu queridos, porque o forró dos juros já foi longe demais para os queridos emprestadores prestamistas. Por isso junto uma ilustração antiga em que um rapaz chamado Vasconcelos caiu de uma janela abaixo, mas não inadvertidamente, porque era o tomador de empréstimos para o império espanhol. E os nosso representantes acharam por bem defenestrá-lo.
Acontece, queridos estados, quando os povos se zangam
Assino, com os meus cumprimentos
Querido Revoltado
Mendo Henriques 29 Mai 12
Queridos estados europeus:
Receio que algumas almas – duvido que excessivamente ricas - se tenham assustado com a nossa proposta de tributar a riqueza, e usaram o estafado e falso argumento de que isso provocaria a evasão de capitais. Será interessante pensar porque as fortunas gregas já têm algo como 380 mil milhões de euros fora da Grécia. Sair mais é dificil. O problema é ir lá buscar
Essas interessantes almas. aparentemente, não sabem nem sonham - queridos estado europeus - que a maior causa da evasão fiscal internacional não é a mudança da residência e do local de trabalho de pessoas, nem a transferência legal e física de sedes de empresas, mas sim a desregulação das transações financeiras e o anonimato das mesmas nas últimas três décadas. É isso que tem vindo a permitir que os titulares de rendimentos de capital atirem para outros países as suas fortunas, na forma de títulos e valores mobiliários, ações ou partes sociais de sociedades de gestão de participações sociais, SGPS, vulgo sociedades holding.
Sobre esses queridos especuladores é necessário criar um imposto sobre as transações financeiras do tipo do “Imposto Tobin” . Mas não é só com a finalidade de atingir os rendimentos e ganhos de capitais que possam escapam à tributação naciona, nãol. É para distorcer a economia de casino que nos desgoverna...com fórmulas neo conservadoras ou neo liberais
Dizem-me que o imposto Toibin funciona como mecanismo estabilizador dos mercados financeiros em termos de transações de natureza especulativa, de transações “a descoberto”, a curtíssimo e a curto prazo, transações do tipo de “arbitragem” e transações monetárias e cambiais e sobre títulos de dívida soberana. Seria bom que os queridos céticos vissem o programa Comissão Executiva da ETV onde Paulino Brilhante Santos aludiu a isto. E não se esqueçam ler aqui as ultimas novidades do Nelson e as novidades do John sobre o tema.
Mendo Henriques 29 Mai 12
Queridos Estados ocidentais:
À medida que conhecemos os contornos da grande recessão, desde 2008, não posso deixar de vos escrever para dizer que os remédios encontrados são cada vez mais desastrosos. Tudo o que vocês têm feito é socializar as perdas e privatizar os lucros. E nós até podemos conhecer soluções alternativas mas elas são ignoradas pelos vossos políticos que não conseguem ser estadistas. E são desprezadas pelas queridas empresas que contrataram agências de comunicação para enxamear os jornais com pseudo-notícias e que até levam o conselho de redação do Público a demitir-se porque o dono da empresa deve ter sido cutucado pelo ministro da erva pesada.
As soluções até nos dizem que é preciso taxar a riqueza, onde quer que ela se localize. Porque o lucro é um dividendo social. E os queridos empresários a sério, desses que não vendem mercearias, e bens que não podemos deixar de comprar, tal como água, gasolina, gás, e eletricidade mas que aplicam patentes e realmente incorporam conhecimento nos seus produtos, são cada vez menos. E são cada vez mais os pseudo empresários que só são ricos e colocam o dinheiro onde querem sem que a desejável taxa Tobin vá atrás deles. E depois dizem que não há dinheiro. Há sim, mas está nas mãozinhas papudas dos que não querem nem sabem redistribuir.
E, queridos estados europeus, de que vale ter um Banco Central que empresta a 1% aos bancos privados para estes emprestarem a 5% aos Estados? Não era muito melhor revogar o artº 123 do Tratado de Lisboa e desde logo permitir que o Banco Central vos empreste a vós, em vez de andarem a pedinchar as bancos privados que armaram esta crise de dívida sobre dívida que tornou a nossa sociedade doente?
Que diabo, queridos estados ocidentais....!... Ainda vamos ter que inventar uma nova forma de res publica.... porque a vossa.... pfff.
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