O Ouriço © 2012 - 2015 | Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Blogosfera que Pica
Faust Von Goethe 12 Jan 13
Suponhamos que somos gerentes de um estabelecimento comercial que tem uma dívida de 43800 euros aos vários fornecedores. Descontando as despesas que temos mensalmente com os nossos funcionários, assumamos que o lucro anual ronda os 36500 euros.
Como estamos empenhados em cumprir com os nossos compromissos, de forma a garantir que os nossos fornecedores nos continuem a fornecer, decidimos pagar parte da dívida anexada aos lucros diários, dando uma média de 100 euros de lucro/dia para abater aos 120 euros/dia em dívida. Isto é, a dívida que temos com os nossos fornecedores é cerca de 120% do lucro que produzimos, isto é, mesmo cumprindo com os fornecedores, ficamos com 7300 euros de dívida a juntar à dívida que vamos pagar durante o próximo ano.
Assumindo que no próximo ano, os nossos lucros se manterão constantes, teremos de abater uma dívida de 51100 euros (43800 deste ano + 7300 euros em dívida do ano transacto) face aos 36500 euros de lucro, teremos de pagar aos nossos fornecedores não 120 euros/dia mas 140 euros/dia. Em termos percentuais, a dívida que temos com os nossos fornecedores passará dos 120% para os 140%-40 euros/dia de dívida acumulada.
Para evitar esta espiral de dívida, uma solução que nós, gerentes, faríamos passaria ou por despedir pelo menos um funcionário, ou por reduzir o salário a todos os funcionários do estabelecimento.
E se agora tentássemos transladar a realidade deste [nosso] estabelecimento comercial para a realidade portuguesa, cuja dívida ronda os 120% da riqueza produzida a.k.a PIB? Funcionaria?
Pelos vistos não, pois esta tem sido a política a que os nossos credores nos obrigam desde que aterraram na Portela em Maio 2011.
John Wolf 5 Nov 12
Passos Coelho quer refundar. Barack Obama deseja fundar. A poucas horas das eleições presidenciais Norte-Americanas, penso sobre o que distingue um político de um estadista. Penso sobre o que constitui uma visão duradoura fundada na ideia de justiça e equidade. Penso no oposto também. Naquilo que coloca o cidadão em risco, que o exclui, que o antagoniza - o agoniza. Conhecidos que são os desequilíbrios do paradigma Americano, Obama procura mais um mandato para avançar as grandes causas jamais pensadas pela matriz política e cultural dos Estados Unidos. A referência a Socialismo nos EUA tem uma conotação ácida, proibida. Faz soar o alarme de "economias de direcção central", faz arrepiar os corredores académicos de Chicago e relembra fitas que alertavam para a chegada dos Russos. No entanto, não conheço país mais socialista do que os Estados Unidos. Mas quando uso o conceito socialista de um modo tão livre, rogo a vossa flexibilidade conceptual. Refiro-me a uma outra variante, porventura uma estirpe mais importante que a centralidade política. Arrisco uma nova definição para facilitar a sua aceitação. Se tivesse de travar-me de razões com um compatriota Americano, apresentaria a coisa de um modo suave. Utilizaria uma expressão suave, uma versão ideologicamente light, diet. Seria uma doutrina fundada na livre associação de cidadãos em prol de projectos comunitários. A sociedade civil em todo o seu esplendor. A ironia a que assistimos tem a ver com essa inversão de papéis ideológicos e programáticos. Enquanto que em Portugal o Estado Social está a ser desmontado, nos EUA Barack Obama procura plantar as primeiras sementes de um Estado tendencialmente Social. Um país que definitivamente se coloca ao serviço de todos cidadãos. O Obamacare será uma parte apenas de um corpo de intervenção maior. Uma visão que universaliza os princípios subjacentes à própria independência do país, os valores que levaram ao rompimento com a paternidade colonialista. Neste momento de convulsão, não serve de conforto nem conserto para os males Portugueses, as soluções que venham a ser escolhidas pelos Americanos. Mas para que não restem dúvidas. Há quem procure defender o que outros querem enjeitar.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.