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Blogosfera que Pica
John Wolf 22 Mai 12
O debate em torno da hipotética saída da Grécia do Euro e adopção do Drachma parece ser uma solução extrema assente no conceito de oito ou oitenta, de tudo ou nada, num retumbante sim ou não. Contudo, existe um meio termo, uma solução de equilíbrio que talvez possa ser avançada. Proponho que se estude a possibilidade de efectivar uma moeda de duas faces. Na mesma nota impressa teriamos uma frente e um verso distintos. Uma frente Euro e, no verso da moeda, a divisa nacional (Drachma, Escudos, Pesetas, Liras) Esta solução híbrida permitiria distinguir a cara ou a coroa conforme a circunstância económica e financeira. Em efeito, circularia uma solução monetária híbrida. Nas transacções internas a "face" nacional seria a utilizada e nas trocas internacionais a "outra face" europeia. A ideia que partilho aqui carece de fundamentação técnica, mas o conceito básico fica aqui exposto para ulteriores desenvolvimentos. A moeda resultante deste cruzamento poderia assumir uma vocação transitória, até que as condições de sustentabilidade económica e financeira fossem reassumidas. Nesse interregno de cuidados intensivos monetários assumiríamos com naturalidade um "Drachmeuro" ou um "Escudeuro".
John Wolf 14 Mai 12
O conceito de soberania desdobra-se em várias noções ancoradas na ideia de independência, estabilidade política, identidade cultural, um território com fronteiras estáveis e, a capacidade de defender o espaço política e económico de ameaças ou intrusões. Numa abordagem prática e, em conformidade com os factos históricos, a soberania será sempre um conceito com uma geometria variável. Nesse sentido, nenhum Estado é "absolutamente" soberano. Há dias mais soberanos do que outros. Há estádios mais ou menos intensos de expressão de soberania, mas a sua presença psicológica e material é irrefutável. As "Espanhas" andam aí para anexar os direitos, liberdades, garantias e, levar numa expressão Quixotiana ou não, uma parte da alma Lusa. Em abono da verdade e, em condições políticas e económicas normais, qualquer país encontra-se em situação de latência, de carência corrente, de precariedade perante o desequilíbrio dos pratos da balança. Antes das troikas e baldroicas, temos de resgatar da memória eventos históricos que escalpelizaram uma parte "dessa" soberania. À laia de curiosidade, o desastre de D. Sebastião em Alcácer-Quibir, a perda de independência entre 1580 e 1640, a subtracção de Olivença, o Ultimato Britânico de 1890, as Guerras Coloniais e a perda do império ultramarino e a anterior visita do FMI às estâncias nacionais. Mas o que pretendo sublinhar com este encadeado que parece prender as ideias num paradoxo? Muito bem. Mesmo em tempos de paz económica e política, haverá sempre um défice social que coloca o indíviduo uma situação de dependência perante a soberania dos Estados. O problema a que assistimos, com a desagregação da união política na Europa, tem a ver com a ideia de refundação de soberania e porventura o restauro da noção clássica de Estado-nação soberano. Aconteça o que acontecer à Grécia e aos senhores que se seguem, os cidadãos de cada país têm a perfeita consciência de quem querem que mande em sua casa. O estado da nação é um conceito perfeitamente entendido. O povo prefere ser soberano mas pouco, do que ser subalternizado por forças externas, e em nome de um bem que por vezes resulta em males maiores. Grécia foi o primeiro e, ironicamente, voltará a ser o primeiro.
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