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Blogosfera que Pica
Faust Von Goethe 22 Jun 13
Uma campanha em vídeo da Johnny Walker de há dois anos lançava o slogan "O gigante acordou!" (via-se o Pão de Açúcar e outros rochedos próximos tomar forma humana, levantar-se e começar a andar). No passado mês de Abril a mesma Johnny Walker lançou um novo slogan publicitário, dizendo que faltava dar "o próximo passo"... Exactamente na mesma altura (Abril), o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, declarava que "A América Latina é o nosso pátio das traseiras... temos que aproximar-nos dela de maneira mais vigorosa". Antes, logo a seguir à morte de Hugo Chavez (o dirigente latino-americano que mais claramente desafiava em público a hegemonia dos EUA), o Presidente Obama afirmou que os EUA se devem "reposicionar" na América Latina e "pôr as coisas no seu lugar" (sic). Dois meses depois, a partir de um pretexto quase insignificante (se comparado com outras situações bem mais graves antes ocorridas), acontecem manifestações massivas em todo o Brasil... Por quê exactamente agora e não antes, quando todas as denúncias e reivindicações dos manifestantes tinham exactamente o mesmo valor que têm agora? Por que razão o movimento (já apelidado de revolucionário) é tão falho de imaginação, ao ponto de se aproveitar para uso próprio do slogan ("o gigante acordou!") de uma 'inocente' marca de whisky? Para se equiparar às manifestações da 'Primavera árabe' só falta agora conferir uma cor à revolução...
Entretanto, o entusiasmo legítimo e a entrega generosa dos manifestantes de boa fé (entre os quais saúdo a maioria dos meus amigos brasileiros!) já estão a ser desvirtuados por acções de violência e de vandalismo de grupos anónimos, que aderem igualmente às manifestações e levam a uma resposta mais musculada da polícia (que mete todos no mesmo saco) e dão azo à possibilidade de movimentações golpistas e anti-democráticas, já denunciadas de vários quadrantes.
Quando se trata de "pôr as coisas no seu lugar" no "pátio das traseiras", que país representa o maior desafio ao poder hegemónico dos EUA? O Brasil, claro, sobretudo desde a sua adesão ao bloco constituído pela Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS).
Remember Salvador Allende!...
Faust Von Goethe 1 Out 12
Faust Von Goethe 23 Set 12
Faust Von Goethe 15 Set 12
Se há clássico de literatura que se encaixa que nem uma luva na actual crise das dívidas soberanas que emerge na europa e, em geral, no mundo desenvolvido, esse clássico é Little Dorrit de Charles Dickens.
O enredo deste "romance" gira em torno das deficiências do governo e da crise de valores da sociedade de então, em plena revolução industrial.
A inspiração para este romance foi Marshalsea, uma das mais conhecidas das prisões inglesas para devedores, onde o seu próprio pai esteve preso por não ter pago uma pequena dívida.
Naquela época, prisões como Marshalsea eram propriedade privada. Os custos destas eram suportados pelos presos que, por seu turno estavam impedidos de trabalhar. A isso se juntavam os juros das dívidas. O tempo de prisão assim como os juros da dívida dependiam essencialmente do capricho dos credores.
Na época, o objectivo do tesouro britânico passava por impedir os devedores de ganhar dinheiro, com o objectivo de os endividar até estes serem espoliados e escravizados até ao tutano.
No seu "romance", Dickens satirizou a separação de pessoas com base na falta de interação entre as classes. Enquanto cidadão, contribui- e muito- para acabar com este negócio florescente que girava em torno de prisões como Marshalsea.
200 anos após o nascimento de Dickens, devíamos de lhe prestar o devido tributo, não reeditando [apenas] Little Dorrit entre outros clássicos, mas acabando [de vez] com esta dividocracia.
Leituras complementares:
#1: Livro Little Dorrit em formato digital.
#2: Dickens, o homem que travou Marx por Pedro Correia do blog colectivo Delito de Opinião.
#3: Blogar em tempos de crise por mim.
Faust Von Goethe 13 Set 12
Somos explorados no trabalho, e não só
Também somos o lixo
Lixo na tê-vê, quem lá está e quem vê
Lixo no jornal, voz do seu capital
Estamos entregues aos bichos
E o lixo produz mais lixo
E o tempo a passar
E eu a cantar
Eu também faço parte do lixo
Há quem viva bem do nosso mal-viver
Nós somos lixo
Somos só lixo
Já não há gente, há só lixo
Dispensável, descartável, reciclável
E agora parem um minuto p'ra pensar
Há que humanizar a humanidade, e não só
Há que varrer o lixo
O do Capital, que é o lixo global
O lixo do Estado, que é o seu braço armado
O mundo é de quem manda
E o resto é propaganda
Tudo é publicidade
Mas a liberdade
É escolher entre ser ou estar
Tens a boca cheia de palavras lindas
P'ra ti sou lixo
Somos só lixo
Nós não somos gente, somos lixo
Dispensável, descartável, reciclável
Mas vou parar mais um minuto p'ra pensar
Vamos a casa ao fim do dia
Só p'ra regenerar a mais-valia
Ganhar forças, fazer filhos
Cada um no seu caixote
E amanhã tomar o bote
Para o paraíso dos cadilhos
Quem é o lixo
Eles são o lixo do corpo e da alma
Como é que se pode ter calma
P'ra varrer este monturo
Dos escombros do futuro
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